Inspirado na cultura do Hip-Hop, Sarau do Rock ocupa pátio da UnB para revigorar o cenário autoral do DF

Quinzenalmente, e sempre às terças-feiras, o pátio da Universidade de Brasília (UnB) se transforma em um ponto de encontro de estudantes, músicos e artistas que se reúnem para fomentar a cultura do rock autoral na capital da República.
Idealizado pelo artista e professor de inglês José Pereira Silva, conhecido como Zecky, o Sarau do Rock tem como proposta fortalecer bandas locais e promover uma conexão maior entre os apreciadores do bom e velho rock’n’roll.
Do hip-hop ao rock
Nascido e criado no Recanto das Emas, Zecky é vocalista da banda Projeto de Lei. O projeto por ele encabeçado traz para a UnB uma novidade que renova a tradição do sarau, mais vinculado à música erudita. Inspirado na cultura hip-hop, reconhecido por sua união e pelo contato direto entre público e artistas, o projeto busca levar esse mesmo espírito para o universo do rock.
A ideia surgiu durante uma conversa em um evento na loja Scratch, localizada na 307 Norte. Foi ali, em um espaço voltado para a cultura hip-hop, que nasceu a proposta de criar algo que incentivasse maior interação entre as pessoas, proporcionando um ambiente em que o público se sinta à vontade para se expressar, tocar e fortalecer a cena cultural do rock em Brasília.
“Essa é a ideia do Sarau do Rock: ser um local de comunhão dos artistas, onde eles se sintam à vontade para trocar ideias e, assim, fortalecer a cultura local”, explica o idealizador.

Apesar de Brasília ser conhecida como a capital do rock, a cena local esbarra na dificuldade de projeção e na falta de espaços acolhedores. E foi justamente por perceber isso que o Zecky criou o sarau, já que sente que o público e os próprios músicos enfrentam um cenário pouco receptivo.
“Muitas pessoas aqui em Brasília têm a sensação de que o rock é meio frio, que não é tão receptivo, que não existe uma acessibilidade para as bandas, para os artistas. Eu gostaria de construir algo significativo e fortalecer a cena cultural do rock autoral no Distrito Federal.”
Furando a bolha
Para Zecky, o formato do sarau representa um ponto de conexão que falta no rock. Segundo ele, os fãs vivem em uma espécie de “bolha”, onde cada um consome o conteúdo de forma isolada e acaba deixando de lado a união que a música pode gerar.
Uma das inspirações para o Sarau do Rock veio após uma participação no “Sarau de Quarta”, projeto cultural realizado semanalmente em Ceilândia, onde artistas, poetas, músicos e MCs têm liberdade para expressar sua arte. Depois da sua participação no evento, surgiu a ideia de levar essa mesma conexão para o ambiente do rock’n’roll.
“ali me veio essa chama de querer fazer algo no rock que conecta as pessoas…de não sentir essa união que eu vejo, por exemplo, no movimento hip hop, com o qual eu estou tentando aprender bastante também”.

E a prova de que o sarau gera essa conexão entre as pessoas, independentemente do gênero musical, veio no dia 14 de outubro, quando um dos artistas começou a tocar reggae e atraiu a curiosidade de dois rastas que caminhavam pelo pátio da UnB.
Esse é o maior objetivo do Zecky com o Sarau do Rock: proporcionar um ambiente onde todos se sintam vivos e conectados, fazendo do palco um espaço de liberdade artística.
“O seu palco é qualquer lugar, inclusive o chão da universidade. A ideia é que a gente faça do espaço que a gente tem o nosso próprio palco. Isso é o Sarau do Rock”, conta
Por Rodrigo Fontão
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira


