A musicista e rabequeira Maísa Arantes é uma das atrações de um show na Casa do Cantador, na Ceilândia, neste sábado (27).
A apresentação inaugura a segunda edição do Festival Diversidades, que tem programação prevista até 19 de agosto.
A Casa do Cantador tem ainda a presença do sanfoneiro Luizão do Forró e do versátil cantor de pop, reggae e rock Sérgio Pereira.
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Juventude no forró
No ano passado, Maísa Arantes, de 34 anos, chegou como finalista do prestigiado Brasília Independente. Um projeto de música autoral promovido pela Globo Brasília. Ela é cantora e compositora formada em música pela UnB.
Além de demonstrar habilidade com o pífano e o oboé, Maísa Arantes é reconhecida como um dos principais nomes da nova geração de rabequeiros.
Ela dedica-se à pesquisa dos ritmos da cultura popular, música brasileira e forró pé-de-serra. Fortemente influenciada pelo renomado mestre Zé do Pífano e pela banda Mestre Ambrósio.
Em antecipação ao emocionante encontro musical, Maísa Arantes conta sobre sua carreira e sua expectativa para o show em Ceilândia. Compartilhando sua gratidão por fazer parte do Encontro Musical – Festival Diversidades em um espaço como a Casa do Cantador.
“Lá conta uma história muito bonita junto com os forrozeiros da Ceilândia, muitos estão desde a construção. Embora eles ostentem esse movimento há muitos anos, sou uma rabequeira da nova geração”, disse a musicista.
Mesmo trabalhando com forró há mais de 17 anos, ela é considerada nova no meio. “Com isso posso fazer essa ponte entre a velha guarda e essa nova geração“, afirma.
A cantora também destacou a importância de eventos como esse na promoção da diversidade musical e na valorização dos talentos locais.
“Promover a cultura popular que representa as tradições é, sem dúvida, muito importante, pois aposta na renovação desta por meio dos jovens e, assim, faz a ponte com a modernidade”, ressaltou Maísa.
Artista independente
Maísa Arantes se abre para dizer como é difícil para artistas como ela, independentes, conseguirem exatamente exercer seu trabalho. “Temos que acreditar muito, mesmo caindo”, afirma ela.
“A própria profissão de músico é marginalizada, por exemplo, não tem direito a aposentadoria e muito menos planos de saúde. É muito arriscado e se não for um professor de música ou algo do gênero, fica difícil.”
Cantora, Maísa Arantes
Por não possuem contratos, por serem seus próprios produtores e gestores, precisam buscar contatos e relações para conseguirem fazer suas apresentações.
Músicos lutam também com leis como Lei Distrital 4092, Lei do Silêncio, que acaba prejudicando e impedindo de apresentarem em muitos locais.
A cantora complementa que mesmo que exista um fundo que pode auxiliar artistas independentes, muitos não conseguem elaborar um projeto e encaminhar para ser aprovado. Deste modo, eles precisam lutar cada dia mais por conta própria.
“Se investissem pelo menos 1% do que investem nos sertanejos na cultura popular, daria uma ajuda tremenda. Isso é falta de incentivo mesmo”, desabafa.
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Sua apresentação
A participação de Maísa Arantes no evento trará como diferenciais os instrumentos tradicionais como a própria Rabeca e o Pife (flauta de bambu) como instrumentos principais, ao som de músicas autorias e as tradicionais mais antigas, segundo a artista, sua presença como mulher será um grande destaque.
“Eu sou compositora e tenho um parceiro na banda, o Marcelo, que também é compositor. A gente toca muito nosso repertório autoral, renovando a cena do forró pé-de-serra e trazendo um olhar mais jovem. Acho que é uma das coisas principais é a experimentação e as composições.”
A cantora promete tocar músicas de artistas como Luiz Gonzaga, Gonzaguinha, Dominguinhos, Marinês e outros tantos para matar a saudade. Ao transmitir suas músicas, seu objetivo é transmitir muito sentimento e significado.
“Cada música acaba sendo de um jeito, no entanto, dessa forma, a gente tem muito esse caráter reflexivo. Que leva a alguma conexão sobre a vida e sobre as relações com o lugar que a gente vive, sobre sentimentos. Então, tem tudo disso do próprio contexto do forró, muita letra que fala sobre ele próprio”, assegura Maísa.
Mais sobre o evento
O Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC) realiza o projeto, buscando incentivar e apoiar eventos culturais de qualidade.
Abertura do festival acontecerá no sábado, dia 27 de maio. A partir das 20 horas, na Casa do Cantador, localizada na QNN 32, Área Especial, em Ceilândia Sul.
O evento tem entrada franca e é livre para todas as idades.
Por Ana Beatriz Cabral
Fotos: Divulgação
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira