Do NBB a NBA: saiba as dificuldades de crescer no esporte

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Veja a trajetória de Cristiano Felício e Gui Santos, que chegaram a um lugar muito almejado, na NBA

Enquanto Steve Nash, atleta Phoenix Suns, recebia o título de melhor jogador na temporada de 2005 na NBA, Cristiano Felício, com 13 anos, percorria 10 km a pé para treinar no ginásio de sua cidade natal, em Minas Gerais.

Esse, foi o passo inicial feito pelo jogador brasileiro para chegar até a maior liga de basquete do mundo. Conheça a história do ex-pivô do Chicago Bulls e de Gui Santos, ex-ala do Golden State Warriors.

“Tudo valeu e está valendo a pena”, expressa Cristiano à Agência de Notícias CEUB. O atleta, que fez parte da equipe do Chicago Bulls até 2018, teve na persistência o meio para alcançar o sonho de ganhar a vida com uma bola laranja na mão.

Seguiu com ânsia de ser profissional no basquete. Mas foi somente em 2009 que a primeira chance foi dada a ele através do time 123 Minas.

Esforçado, Cristiano queria cada vez mais. Embora recebesse ajuda do Minas Tênis Clube, que arcava com alimentação e moradia, não pôde entrar na Universidade de Oregon. “Seria a melhor trajetória para acessar a NBA”, revela o atleta.

Quando foi estudar nos EUA com bolsa, precisava passar pela NCAA (Campeonato Americano). Contudo, a diretoria encontrou problemas e o declararam inelegível para jogar. Dessa forma, retornou ao Brasil com a cabeça baixa, porém não com a vontade de desistir. A perspectiva de ingresso na maior liga do mundo voltou a ser realidade quando foi jogar no Flamengo, quando se destacou e teve mais visibilidade.

“Para vencer em qualquer profissão é preciso muita determinação, muito sacrifício e muita vontade. Mesmo com essa péssima notícia que recebi (não poder fazer parte de Oregon), sempre dei o máximo de mim, o meu melhor. No esporte, não há atalhos, você precisa querer vencer. Você não pode querer apenas ser mais um, precisa se dedicar e se empenhar para ser o melhor possível. E foi assim que pensei diariamente em que cheguei para treinar”, lembra o pivô.

O orgulho de sua trajetória veio do trabalho árduo e da ausência. Várias vezes Cristiano teve que iniciar a sua vida em lugares diferentes, de novo e de novo. “O sonho virou realidade a partir do meu sacrifício e do sacrifício e do suor da minha mãe. Saí da minha cidade para seguir o meu objetivo. Tive que renunciar a muita coisa, datas importantes, momentos em família. Era uma aspiração não só minha, mas também dos meus familiares e amigos. E consegui. Nós conseguimos”, fala emocionado.

“Nem todos vão chegar à seleção brasileira ou na NBA, mas isso não pode diminuir a vontade e o empenho para ser o melhor possível”.

Felício

Com isso, diz que nunca quis olhar muito longe na carreira. Um passo de cada vez, comenta. “A NBA passou a ser, sim, uma missão depois que virei profissional e foram seis anos maravilhosos vestindo a camisa do Chicago Bulls. Hoje, sigo ótimo com a camisa da seleção brasileira”, comemora.

Outro que saiu do Brasil para evoluir na modalidade foi Gui Santos. Natural de Brasília, teve influência de seu pai (Deivisson Santos). Assim como ele, também praticava basquete. Porém, nunca jogou nos Estados Unidos, mas com experiência, sempre acreditou que o trabalho multidisciplinar realizado pelo Minas Tênis Clube seria ideal para o desenvolvimento esportivo de Gui. Dessa maneira, seu primogênito entrou na equipe com 15 anos.

Agora com apenas 20 anos, foi draftado pelo Golden State Warriors no início do ano. Apesar de ter ido para o time de base um pouco antes da temporada regular da NBA começar, em outubro, o atleta aproveitou a oportunidade que lhe foi dada.

“Muitas pessoas no Brasil têm o sonho de chegar aonde eu cheguei, não faria nada de diferente”, frisa o ala brasileiro. Ele ainda diz que se sentiu muito bem na Summer League e focou em não se cobrar muito. “Esse primeiro passo na minha carreira foi ótimo. Seguirei trabalhando. Gostei de jogar mais com o James Wiseman. Engraçado (…) eu o via na televisão e agora eu que estou na televisão”, destaca.

O berço

Um dos caminhos para dar o primeiro passo no basquete vivendo no Brasil é pelos núcleos de apoio — que acolhem jovens com baixa renda familiar. O único time que fornece em Brasília é o Cerrado Basquete. João Victor Alves, de 16 anos, diz que Cristiano e Gui tiveram ligação direta com a anseio de vencer.

“Antes, eu não tinha essa vontade de ir muito longe, mas depois me deu mais esperanças e motivação. Se eles podem, eu também posso. Quando você realmente ama aquilo que faz e se dedica ao máximo, nada é impossível”, exprime.

Ele lembra que começou na rua. “Conheci o basquete quando morava no Gama. Eu era muito desinformado então não sabia sobre o Cerrado, nem sobre as escolinhas de basquete. Agora que sei, cogito melhorar a cada dia e chegar ao profissional”, alega.

Foto: arquivo pessoal

“Algum dia eu quero jogar pelo menos 10% do que eles jogam”, projeta Daniel Coutinho, também de 15 anos, que conheceu o esporte vendo um jogo em 2016 com o seu irmão. Praticar mesmo, começou depois. “’Startei` de verdade em 2012, quando uma amiga me ligou e apresentou algumas pessoas que iriam começar a jogar basquete depois das férias”, relembra.

Ele ainda volta em suas memórias e reconheceu o ala Gui Santos como um grande ídolo. “Fiquei acordado até tarde no draft desse ano só para saber em qual posição o Gui Santos seria draftado”, fala.

Daniel ressalta também a trajetória de Cristiano Felício. Ele brinca sobre a altura do pivô de 2m11: “Cristiano Felício é na minha opinião um dos melhores pivôs do Brasil. Confesso que eu queria ser alto que nem ele, mas nem tudo na vida é como a gente quer”.

Por Monique Del Rosso
Fotos: Arquivos pessoais dos jogadores

Supervisão de Vivaldo de Sousa

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