Disponível na Netflix, a minissérie com cinco episódios reconstitui o incêndio que matou 242 jovens e feriu outros 636 em Santa Maria (RS). A partir do momento da tragédia, a trama acompanha o luto e a busca incessante por justiça das famílias.
Assista ao trailer:
Para que não se repita
“Todo dia a mesma noite” é baseada em um livro da jornalista Daniela Arbex, autora de “Holocausto brasileiro” e “Cova 312”. Assim como a obra, a minissérie explora a vida dos que foram afetados pela tragédia: pais de vítimas, feridos e culpados.
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Os destaques de atuação ficam com Bianca Byington (Ana), Paulo Gorgulho (Ricardo) e Thelmo Fernandes (Pedro). De acordo com as especificidades de seus personagens, eles conseguem transmitir ao espectador desde a terrível dor de perder um filho até a indignação pela falta de justiça.
Além dos veteranos, quem brilha em seu papel é Paola Antonini (Grazi), escritora e digital influencer que estreia como atriz na minissérie. Porém, o tempo de tela de Grazi foi muito pouco, a história dela poderia ser mais aprofundada. Isso porque a personagem é essencial para reduzir o caráter mórbido da obra e trazer esperança ao espectador.
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Considere antes de assistir
Definitivamente, não é uma série para todo mundo. Principalmente nos dois primeiros episódios, as imagens são fortes, intensas e muito emocionantes. É preciso estar disposto a derramar lágrimas do início ao fim.
Detalhes técnicos
Com direção geral de Julia Rezende, direção de Carol Minêm e roteiro de Gustavo Lipsztein, todos os episódios são bem amarrados e coerentes, mas, o último acabou ficando inferior aos demais e repetitivo.
Porém, a produção da Netflix merece elogios. Muitas séries documentais acabam suprimindo a emoção para manter a fidelidade aos fatos. Isso não acontece em “Todo dia a mesma noite”, pois, ao apresentá-la como ficcional inspirada em uma história real, atores e roteiristas têm mais liberdade na construção da trama.
Apesar da emoção estar em primeiro plano, a obra não deixa de ser informativa. Quem assiste pode conhecer a história por uma perspectiva bem diferente daquela vista nos jornais na época.
Relembre a tragédia
Em 27 de janeiro de 2013, a pacata cidade de Santa Maria se tornou palco de uma das maiores tragédias que o Brasil já viu. Foram 242 mortos e 636 feridos, a maioria deles jovens entre 18 e 20 anos, que curtiam um show na principal boate da cidade, a Kiss.
O incêndio começou por fogos de artifício impróprios para ambientes fechados, que colocaram fogo em uma espuma proibida de ser utilizada em boates no teto. Com a combustão, a espuma liberou um gás tóxico, que afeta a oxigenação do sangue de quem o inala, levando a óbito.
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Além da irresponsabilidade do vocalista da banda, que acendeu os fogos, o dono, os bombeiros e a prefeitura também têm parcela de culpa. A boate estava superlotada, não tinha extintores de incêndio que funcionassem, saídas de emergência e nem deveria estar aberta.
10 anos depois da tragédia, ainda há impunidade. Com a visibilidade que a superprodução da Netflix proporcionará, será que finalmente a tão aguardada justiça será feita?
Ficha técnica
Elenco: Paola Antonini, Thelmo Fernandes, Débora Lamm, Paulo Gorgulho, Bianca Byington, Nicolas Vargas, Leonardo Medeiros, Laila Zaid, Bel Kowarick, Raquel Karro, Erom Cordeiro, Flávio Bauraqui;
Roteiro: Gustavo Lipsztein;
Direção: Julia Rezende e Carol Minêm;
Gênero: Drama, Séries baseadas em livros;
Classificação indicativa: 16 anos;
Origem: Brasil;
Distribuição: Netflix.
Por Maria Tereza Castro
Supervisão: Luiz Claudio Ferreira