“Explicar a pluralidade da transgeneridade e da travestilidade. Explicar o que é aquele outro que não é a gente. Explicar como funciona a organização do mundo para que corpos como os nossos sejam excluídos”. Essa é a ideia do e-book “Nós, Trans – Escrevivências de Resistência”, nas palavras da premiada escritora e organizadora Maria Léo Araruna.
O livro foi lançado em fevereiro com a proposta de trazer vivências, experiências, sensações e relatos de pessoas trans, por elas, para elas e para o mundo. “Eu acredito que as pessoas trans carecem de linguagem, para que elas possam falar por elas mesmas. Dentro dos espaços culturais a gente consegue produzir algumas linguagens que podem transmitir mensagens que são importantes pra gente enquanto pessoas trans”, defende Maria Léo, que é travesti e estuda Direito da Universidade de Brasília.
Segundo Maria Léo, ainda há a ideia de que as pessoas trans são poucas e que elas estão escondidas. “A gente é uma multidão, a gente é plural e a gente existe de diversas formas”, afirma. Para ela, o impasse é que a “única representatividade das pessoas trans é aquela forma que aparece na mídia, feita por homens cisgênero e de forma caricata”, aponta. Ela ganhou o concurso da TransLiterária com o texto “Roxo: a história da minha travestilidade” e faz parte da coletiva LGBT Corpolítica, que ocupa as periferias do Distrito Federal para realizar atividades culturais e rodas de conversa.
Por Larissa Galli