O mundo digital está cada vez mais presente na vida dos brasileiros, seja com as redes sociais, notícias, entretenimento ou até mesmo o mundo financeiro. O Drex, a versão digital do real, será emitido pelo Banco Central e implementado para o uso de toda a população.

Contudo, as questões do potencial de adaptação e impacto na sociedade ainda são importantes de serem discutidas. Essa inovação, que integra ainda mais a economia digital, traz vantagens e desafios que precisam ser analisados.
Saiba o que é o drex
A moeda não tem data de lançamento definida e ainda está em desenvolvimento. De acordo com o Departamento de Atendimento Institucional do Banco Central, a iniciativa está em fase de pesquisa e desenvolvimento: “A iniciativa Drex acaba de encerrar a Fase I do Piloto Drex, focada no trilema privacidade, componibilidade e distribuição, e terá seu relatório publicado em breve”. Também de acordo com informações do BC, o acesso ao Drex será feito por aplicativos de homebanking ou aplicativo similar, oferecido por instituições autorizadas a operar no sistema financeiro nacional.
Segundo o BC por meio da Lei da acesso a informação, atualmente a iniciativa está na Fase II do Piloto Drex: “A fase atual seguirá até junho de 2025, quando será avaliada a maturidade dos casos-uso em desenvolvimento.”
Modernização
A introdução da moeda promete modernizar o sistema financeiro brasileiro. Por ser uma moeda oficial, ele pode facilitar pagamentos instantâneos, reduzir custos de transações e aumentar a segurança nas operações. Além disso, essa tecnologia pode ajudar a combater a irregularidade e promover maior transparência no fluxo de dinheiro, diminuindo a evasão fiscal.
Para empresas e consumidores, a transição para o Drex pode significar menor dependência de intermediários, favorecendo a democratização do acesso a serviços bancários.
O economista e educador financeiro Gean Duarte ressalta que o Drex tem um potencial enorme para transformar a vida financeira dos brasileiros: “Vai ser mais fácil pagar, investir e até comprar bens como imóveis e carros. Mas, para isso dar certo, precisamos de uma boa dose de educação financeira e regras claras”.
De acordo com o economista e conselheiro da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais do Brasil (APIMEC) Ricardo Coimbra, a tendência é que a longo prazo o Drex venha pra substituir o papel-moeda na totalidade: “A tendência é que isso ocorra de forma quase que totalitária ao longo dos próximos anos. No entanto, ainda tem uma certa resistência das pessoas que não têm segurança com as operações através do Smartphone, e também das pessoas com mais idade que tem uma certa dificuldade na utilização desses recursos”.
O Drex foi criado exatamente para que os bancos centrais do mundo tenham autonomia e controlem a liquidez monetária (conversão de um bem em dinheiro), ou seja, utilizar a política monetária de forma eficiente não é descontrolando o papel moeda e agora controlando, completa Ricardo.
O Pix e o Drex são soluções digitais criadas pelo Banco Central, porém têm funções e características diferentes. O Pix é um meio de pagamento, enquanto o Drex é uma versão digital do real. O Drex será emitido e controlado pelo BC, e funcionará de maneira distinta do Pix. A expectativa é que o Drex aumente a inclusão financeira e reduza os custos de crédito.
De acordo com o economista Ricardo Coimbra, “As operações via pix, acabam sendo apenas uma transição. A ideia de você ter as moedas digitais dos bancos centrais é exatamente para que elas consigam manter o controle da moeda com autoridade.”
Quais os desafios?
Outro ponto crítico é a questão da privacidade. Embora o Banco Central afirme em seu site e em entrevistas que o Drex será seguro e protegerá os dados dos usuários, alguns especialistas temem que o uso de uma moeda digital controlada pelo governo possa levar a um monitoramento excessivo das transações financeiras, comprometendo a liberdade individual.
Gean Duarte defende a segurança e privacidade dos usuários como prioridade: “Temos que ficar de olho na segurança e na privacidade. Mesmo com toda a tecnologia, é importante garantir que os dados dos usuários sejam protegidos e usados de forma responsável”.
Algumas pessoas opinam que com segurança o Drex pode ser uma mudança positiva na vida dos consumidores. Filipe Tenório, de 20 anos é estudante e acredita que se tiver um sistema de segurança eficiente, o Drex pode ser um recurso útil: “ Se tiver um sistema de segurança por volta dele para que outras pessoas não tenham acesso a minha conta e meus dados bancários, então sim, eu confiaria se o dinheiro físico fosse substituído por completo pelos métodos digitais”.
Mesmo com todos os pontos positivos e a facilidade de usar os métodos de pagamento digitais, tem pessoas que ainda se preocupam com a possibilidade da descontinuidade do papel moeda nas transações gerais como diz a gerente Ana Carolina Alves “ Se o dinheiro físico for substituído por completo pelos métodos digitais, eu acredito que afetaria o nosso dia a dia. Principalmente porque tudo é ligado a internet, então imagine que você queira passar o cartão na loja e não tem a internet, ou ela para de funcionar, ou acontece um problema com a máquina assim ficamos sem conseguir pagar”
Mesmo com essas evoluções nas formas de pagamento, durante o evento Blockchain Rio 2024 o presidente do BC Roberto Campos Neto declarou que a digitalização do real não tem como objetivo acabar com o papel moeda mas sim ter uma “eficiência maior” a redução dos custos com o real digital, além de juntar pagamento e contrato em uma mesma rede digitalizada para maior segurança.
Por Tariq Dimmerseel e Lucas Maia
Supervisão de Vivaldo de Sousa