Presentear a pessoa amada é um gesto singelo, mas é importante tomar cuidado para que os gastos do 12 de junho não repercutirem o ano inteiro.
Uma pesquisa realizada pelo Serasa entre os dias 17 e 21 de maio do ano passado apontou que três em cada 10 entrevistados já se endividaram por conta do parceiro em algum momento de sua vida.
O levantamento, que ouviu 1732 pessoas, mostra que o boom no varejo em datas comemorativas também é acompanhado de uma cultura expressiva de endividamento.
Comércio
O professor Judson da Cruz Gurgel, 45, da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) associa datas comemorativas, como dia dos namorados, com aumento da demanda nos setores do comércio, serviços e atividades culturais.

Ele destaca que esses períodos costumam apresentar maior dinamismo econômico, impulsionando as vendas e até gerando crescimento nos empregos temporários.
Uma outra pesquisa do Serasa ilustra essa crescente econômica: durante a semana do dias dos namorados a entidade apontou alta de 3,1% na atividade do comércio, em relação ao mesmo período de 2023.
Crédito parcelado
“Mas é importante que esse movimento venha acompanhado de responsabilidade financeira por parte do consumidor” , destaca o pesquisador.
O especialista explica que, na data comemorativa, os apaixonados acabam registrando um aumento visível nas taxas de endividamento. De acordo com o professor, muitos consumidores recorrem ao crédito parcelado, ao cartão ou até ao cheque especial para presentear, viajar ou celebrar.
E. conforme Judson explica, embora esse comportamento dos consumidores impulsione o comércio, ele também pode comprometer a saúde financeira das famílias, especialmente quando o gasto extrapola a renda disponível.
Em um cenário de juros altos, essa dívida se torna mais cara e difícil de controlar.
No cartão…
A comerciária Emanuelle Campos, 22, conta que já esteve em um relacionamento que prejudicava suas finanças: “Eu sempre comprava vários presentes para ele (ex-namorado), no dia dos namorados eu fazia um caixa bem legal, com camiseta, chocolate, coisas memoráveis”. O problema é que ela não ganhava nada do amado.
“Como a gente vivia sempre junto, eu presenteava ele com várias coisas, porque eu gosto, é minha linguagem de amor eu acho”, lembra Emanuelle.
A atendente conta que já presenteou seu ex-namorado até com um celular, mas não chegou a se endividar, já que não tinha cartão de crédito na época.
“Acabava gastando todo meu dinheiro com o relacionamento”.
O professor Judson Gurgel explica que a reação nacional ao problema do endividamento é historicamente reativa, com campanhas pontuais de renegociação promovidas por bancos ou órgãos como o Serasa.
Mas defende que a solução ideal para o problema do endividamento sazonal seria uma elaboração de política nacional, por meio do avanço da educação financeira da população.
“Incluindo esse tema nas escolas e promovendo ações permanentes de orientação ao consumo consciente. A longo prazo, isso é mais eficaz do que medidas emergenciais.” explica o pesquisador em administração.
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Por Artur Maldaner
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira