Pesquisador da desigualdade social, o economista e sociólogo Marcelo Medeiros, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), disse, numa palestra em Brasília, que o problema principal de arrecadação tributária no Brasil não é a sonegação fiscal e sim a elisão (manobras jurídicas e isenções). Ele explica que o país tem prejuízo com subsídios fiscais. “Para quem tem poder de lobby, muito mais eficiente do que esconder dinheiro e correr o risco de ser preso é você gastar dinheiro para convencer o congresso a fazer leis, e assim diminuir tributos”.
Para o sociólogo o problema da desigualdade social no Brasil é complicado de se resolver e terá de ter diversas medidas em áreas distintas nas instâncias do governo. “O problema da desigualdade não terá uma solução simples em uma abordagem única, ou seja, só educação ou mudança na lei tributária, mas pensar em um sistema como um todo”.
Histórico
Segundo o especialista, a desigualdade social deixou de crescer e se mantém estável no século 21. Ele se baseia nos dados recebidos há dois anos sobre declaração de renda e pesquisas científicas. “Esses números são importantes porque os dados do imposto de renda medem muito melhor o que acontece no topo da distribuição de renda”.
Após coleta dos dados da receita, a desigualdade se mostrou maior do que imaginava o economista. Ele explica que a concentração dos recursos dos mais ricos chega a um terço de toda a riqueza do país. Ainda assim, ele esclarece que os mais pobres passaram a ter um rendimento maior nas últimas décadas. “O aumento sistemático do salário mínimo teve uma contribuição importante para a economia e o crescimento da renda dos mais pobres”.