
A autônoma Vera Maria Carvalho, 31 anos, que mora em Taguatinga, formada em relações internacionais e em direito, teve a ideia de vender cocadas gourmet para pagar taxas de concursos quando ainda trabalhava no Ministério de Comunicações e Transporte. Vera precisou fazer um curso profissionalizante para ter noções de como se inovar no empreendedorismo. “Fiz alguns cursos no Dulcina (de Moraes), dentre eles de como empreender. Lá, aprendi a traçar os objetivos, realizar a contabilidade e margem de lucro”, disse a autônoma.
Ela faz parte do perfil que pesquisas do Serviço Brasileiro de Apoio Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) constataram: cerca de 40% das mulheres autônomas têm menos de 34 anos. As áreas de restaurante, serviços domésticos e salões de beleza são as mais concorridas pelas empreendedoras. Diante da crise econômica Vera Maria passou a vender as cocadas como fonte principal da renda. “Em agosto de 2017, houve corte de funcionários. Após ser demitida, passei a investir cada vez mais no mercado empreendedor”, afirma Vera.
Para a estudante, as maiores dificuldades enfrentadas neste percurso são os impostos e a crise econômica. “Diante desta realidade é preciso inovar no produto, manter a qualidade, e deixar acessível para o consumidor”, afirma a empreendedora. Ela ainda acrescenta que a jornada dupla de trabalho é preciso “Ter disciplina e organização para dar conta de tudo”.
Vera prepara as cocadas gourmet nos sabores de frutas para vender nas feiras Clube do rocha, 113 norte e Afro empreendedorismo. Segundo pesquisa do Sebrae, 48% das mulheres se tornam empreendedoras por necessidade. Enquanto para homens essa porcentagem cai para 37%. No ano de 2014, o empreendedorismo feminino ganhou mais oportunidade, mas em 2015, a situação mudou e mais da metade das mulheres que começaram a empreender o fizeram por necessidade. A crise foi pontapé inicial para que o ingresso das mulheres no mercado empreendedor ficasse mais forte, pois essa opção se tornou complemento da renda familiar.
Saúde mental
A psicóloga comportamental Lia Clerot explica que pessoas multitarefas podem sofrer de deficit cognitivo, ou seja, tem menor capacidade de selecionar informações, falta de atenção e dificuldade no gerenciamento de memória. “A pressão pessoal tende a aumentar consideravelmente, levando ao esgotamento físico, estresse, insônia, surgimento de doenças psicossomáticas e transtornos psicológicos”, explicou Lia.
Para a especialista, a multitarefa passa a ter efeitos negativos quando mulher começa a exigir de si mesma a perfeição e nesse momento é preciso entender que ninguém consegue abraçar o mundo. “O campo profissional, a competitividade é alta, ela busca se superar o tempo inteiro. Já na vida pessoal, pode acarretar o sentimento de culpa por não estar disponível como ela gostaria”, afirma a especialista.
Por Beatriz Souza