O brasileiro terá que encarar uma nova notícia negativa para o bolso. Neste ano, o valor do reajuste no preço de mais de 19 mil medicamentos ultrapassou os 12%. Pela primeira vez nesta década, o aumento é maior do que a inflação medida. Com a autorização do Ministério da Saúde, a indústria e o comércio farmacêutico já começaram a aplicar o reajuste, e a diferença deve começar a ser notada pelo consumidor nos próximos meses.
No início do mês de março, a Interfarma, empresa que representa a indústria de inovações em saúde no Brasil, divulgou uma estimativa desse valor para 2016. A entidade sem fins lucrativos foi procurada para conceder informação sobre o embasamento utilizado para estipular o valor, mas não houve resposta.
O Ministério da Saúde, em nota, destacou que a resolução define o possível valor máximo de aumento, e que a indústria farmacêutica tem autonomia para regular preços inclusive para usar um percentual menor do que o divulgado. Além disso, o ministério apontou alguns dos critérios técnicos que são levados em consideração para calcular o índice. “Questões como concorrência ou políticas da própria empresa, podem levar os valores para baixo. A produtividade da indústria, a variação de custos dos insumos e a concorrência dentro do setor, além da inflação do período.”
O aposentado Hilton Silva, 80 anos, conta que gasta, por mês, R$ 800 com medicamentos e cerca de R$ 3 mil com o plano de saúde dele e da esposa. O aposentado disse que, com o reajuste, seu gasto mensal com remédios deve chegar aos mil Reais mensais. “Se eu tivesse que contar somente com a minha aposentadoria do Exército, eu não teria como viver sem a ajuda dos meus filhos, porque além dos gastos com saúde, ainda tem todos outros impostos e contas para pagar”, relatou.
Estratégias
O economista Adriano Lopes explicou que é possível colocar em prática estratégias diante do reajuste. “Idoso ou não, o consumidor deve primeiramente se informar se existe medicamento genérico ou se há somente o medicamento de referência para o seu caso específico. Se houver genérico, essa é sempre a melhor opção. Para a população idosa, o ideal é que estejam sempre acompanhados de alguém de confiança no momento de comprar os medicamentos e em consultas médicas. Isso ajuda a evitar que informações erradas sejam passadas e que o idoso acabe pagando mais caro do que deveria.”
O contexto desse aumento, segundo o especialista, é que fatores internos de maior influência para esse cenário de aumento se concentram na elevação do preço da energia elétrica, que, em relação ao ano anterior, subiu praticamente 50%. “Grande parte das distribuidoras de energia elétrica têm seus reajustes anuais depois do mês de março, que é o período de reajuste dos medicamentos. Assim, o setor farmacêutico, de março de 2015 até março de 2016, pagou muito mais caro pela energia e não pôde repassar esse custo para o consumidor”, explicou.
Segundo o economista, é importante ressaltar o fator externo que afetou consideravelmente o estágio econômico do Brasil, que foi a elevação do dólar que teve seu ponto crítico depois de março de 2015. Adriano mencionou ainda que os aposentados e idosos em geral são os que mais sofrem com o reajuste, pois além de fazerem parte da população que mais consome remédios, também tendem a ter mais dificuldade para acessar informações sobre os produtos do que os mais jovens.
Por Lívia Bruno