Preconceitos excluem meninas e mulheres de temas financeiros, alertam pesquisadoras

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Meninas e mulheres têm menos acesso aos temas ligados às finanças. Essa é uma avaliação de psicólogas e pesquisadoras da Universidade de Brasília (UnB). Entre elas, a professora Carla Antloga, que avalia existir uma exclusão histórica de direitos básicos, segregação do mercado de trabalho e dependência econômica.

Foto: Wikipedia Commons

A professora argumenta que as mulheres são rebaixadas a “fúteis” e “interesseiras” ao demonstrarem atenção sobre dinheiro. A docente explica que apesar das dificuldades, as mulheres aprenderam a lidar com dinheiro sozinhas desde muito tempo.

“Quando entregamos dinheiro nas mãos das mulheres, elas são mais hábeis. Elas pensam em beneficiar a sociedade, incluindo um grupo grande de pessoas”, pondera a professora.

A psicóloga Karoline Giló, mestranda e pesquisadora do tema, contextualiza que lidar com dinheiro vai além de números. Está ligado às emoções, histórias e significados. Segundo ela, o viés psicológico influencia diretamente na forma como as pessoas se relacionam com o dinheiro, sendo também uma das causas de sofrimento emocional e comprometimento da saúde mental.

Uma das informações é que se percebe um número inferior de financiamentos e linhas de crédito quando comparadas a homens.

A professora destaca o caso do FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste), concedido pelo Banco do Brasil, que aprovou no ano passado uma diferença de quase 50% a mais nas linhas de crédito para homens do que para mulheres.

Letramento

O letramento financeiro para meninas e mulheres acontece mais tarde pela falta de acesso. A professora Carla Antloga se posiciona a favor da capacitação do mundo financeiro nas escolas, inclusive ensinando como pagar o imposto de renda nas salas de aula.

Mesa foi mediada pela professoa Valéria Mori, do Ceub. Pesquisa foi apresentada por pesquisadoras da UnB. Foto: Victória Souza

Custo Invisível

Um dos contextos dessa exclusão também é histórico. Mulheres adquiriram seus primeiros direitos trabalhistas no Brasil após a confecção da Constituição de 1934, passando a não exercer apenas atividades domésticas.

Com o advento da Consolidação das Leis Trabalhistas em 1943, passaram a ter livre acesso ao mercado de trabalho e finalmente em 1988 garantiram seu direito à isonomia, ou seja, igualdade perante a lei. Ainda assim, mulheres não possuem equidade no trabalho, a professora Carla explica que mulheres obrigatoriamente precisam gastar dinheiro para trabalhar, diferentemente no caso dos homens.

“Mulheres são prejudicadas sistematicamente”, ressaltou a professora. 

*Levantamento de dados realizado pela reportagem.

Além disso, existe uma lógica perversa de consumo imposta às mulheres.

“Mulheres não se dão ao luxo de não passar maquiagem antes de chegarem ao trabalho. Não podem decidir se usam sutiã ou não quando se vestirem para o serviço. Não é escolha, é obrigacão”, destacou a professora.

Por Júlia Harlley e Victória Souza

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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