A ortodontista Vanessa Porto, que atende em Brasília há 10 anos, explica que teve que aumentar o valor cobrado em implantes em 9,56% de acordo com a Tabela de Valores Referenciais para Procedimentos Odontológicos de 2016, de acordo com índice atualizado pelo INPC-IBGE. Segundo ela informa, o que explica também o aumento é que os produtos dos principais serviços da área são importados e os materiais são reajustados pelo dólar. Os serviços dentários, aliás, tornaram-se um dos principais vilões do aumento da inflação, segundo pesquisa da Companhia de Planejamento do Distrito Federal.
A inflação registrada em Brasília durante o mês de julho desse ano teve um aumento de 0,28%. De acordo com a ortodontista ouvida pela reportagem, dentistas novos no mercado não conseguem cobrar esse valor, fazendo parte e uma realidade diferente. “Ficamos muitas vezes sem pacientes que não aceitam pagar esses valores e que sempre vão em busca do mais barato”, afirma.
Queda de clientes
Outro profissional, Marco Túlio Santos tem um consultório há 25 anos em um grande shopping de Brasília, local onde se concentram muitos profissionais do ramo. Ele conta que ainda mantém os preços da Tabela de setembro de 2016 e prevê aumento a partir do próximo mês, quando o Conselho Federal de Odontologia deve entregar a tabela de 2017 atualizada. Marco Túlio conta também que teve uma queda no número de clientes atendidos por ele, principalmente em 2015 e 2016, e que em 2017 teve uma pequena recuperação, mas que ainda sente a crise.
O Conselho Regional de Odontologia do Distrito Federal – CRO-DF, por meio de sua assessoria de Imprensa, informou que “estranhou” esses números, e que os dados não refletem a realidade da maioria da categoria. Segundo o Conselho, a maioria dos profissionais tem passado por “grande queda” no número de atendimentos, inclusive com dentistas fechando seus consultórios e outros optando por concursos públicos.
Por Saulo Branquinho
Foto: Agência Brasil (capa) e Arquivo pessoal do dentista