Pode não parecer, mas “O Pai das Fake News”, novo livro de Paulo Nascimento, é um livro ficcional. A história apresenta Benny T. S., um “marqueteiro” político que precisa fazer um candidato sem carisma ganhar a presidência.
Benny é um mago das campanhas políticas, porém sua estratégia é disseminar o que se chama de “pós-verdade”. Além de lidar com os conflitos de ética, ele também terá que lidar com a mediocridade da equipe pessoal, família e os apoiadores do candidato.

“O ambiente onde se passa a história é de uma Fake News, não fosse a absoluta semelhança com um ‘certo país’”’ que criou e disseminou uma onda de contrainformação ao longo da última campanha para Presidência. A história é a jornada desse profissional, genial, mas de caráter duvidoso, criando essa campanha e sua relação com a vida real”, afirma o escritor.
Inspiração para “O pai das fake news”
As fake news tomaram uma proporção de contexto global que influenciam em decisões importantes e de grande impacto. Essas notícias falsas interferem no destino de regiões e de países como a eleição do Trump, o Brexit e a pandemia de covid-19.
“Apesar de parecer que é um livro inspirado no Brasil dos últimos anos, na verdade, a inspiração vem do contexto global. Estes fatos mudaram o destino de países e foram muito calcadas no uso de fake news”, explica Paulo Nascimento.
Multiartista
Cineasta, diretor, roteirista e escritor, Paulo Nascimento é um profissional do audiovisual e da literatura.

Paulo Nascimento começou a carreira através da publicidade e da televisão. Um dos seus primeiros trabalhos foi na direção da série “A hora do louva-a-deus” (1996) que foi transmitida em Cuba e Portugal.
O diretor já foi premiado com três kikito, no prêmio internacional do Festival de Cinema Brasileiro em Toronto no Canadá, entre outros.
Confira abaixo trechos da entrevista
Agência Ceub – O livro faz uma crítica a propagação de fake News atual?
Paulo Nascimento – O livro é uma forma de mostrar, de maneira romanceada, o quanto as Fake News tomaram conta da nossa vida.
Agência Ceub – No prefácio, você diz que pode ser ou não verdade a história. Ela foi baseada em alguma grande fake news?
Paulo Nascimento – “O Pai das Fake News” utiliza essa terrível prática de disseminação de informações que claramente não são reais para construir uma narrativa em que a falsa mentira serve para revelar a verdade.
É uma forma de confrontar o público com aquilo que ele vê no seu dia a dia. A rede social, com as pessoas sempre felizes, em fotos retocadas por filtros, já são uma fake news “natural”. Desta forma, tudo que é narrado no livro deixa a dúvida sobre ser ou não verdade, mas o leitor vai montando seu próprio juízo.
Agência Ceub – O personagem Benny T.S deixa claro que é um mentiroso e que ele utiliza a fake news como um mecanismo de marketing.
Tem uma frase na introdução que eu particularmente achei bem forte “as pessoas buscam pós verdades muito mais do que verdades”. Para você como jornalista e escritor, qual a melhor forma de lidar com a ignorância da sociedade?
Paulo Nascimento – Eu tenho dito sempre que esse livro não tem o compromisso de uma pesquisa, de uma tese, de algo aprofundado na realidade.
Foi e será uma ficção, porém, a realidade é que se aproxima da ficção que escrevi. Sou um contador de histórias e esse livro é um entretenimento.
Se, (assim espero) as pessoas despertarem a curiosidade sobre a veracidade das notícias que recebem toda hora e, a partir daí, buscarem comparar, ver fontes, já terá valido a pena o livro.
A dura realidade é que as pessoas realmente se sentem mais confortáveis com notícias que tem toda característica de serem falsas, mas dizem o que a pessoa queria ouvir, do que confrontar com a realidade.
Agência Ceub – O que você tem a dizer para os seus leitores? Qual o melhor momento para iniciar essa leitura com duras verdades?
Paulo Nascimento – O livro narra a história de Benny e suas aventuras no país imaginário, criando fake news para eleger o candidato que o contratou, mas tudo de uma forma fácil de ler, engatando uma ação na outra, com reviravoltas de folhetim.
Enfim, minha intenção foi tratar de um tema sério como as fake news, mas de uma maneira que proporcione uma leitura em um final de semana, uma viagem, ou “aquela leitura” antes de dormir.
As duras verdades estão entremeadas em situações cotidianas descritas na narrativa. O leitor pode ler de forma “suave” apesar do tema não ser. Entreter e informar. Esse é o propósito de “O pai das fake news”.
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Por Danyelle Silva
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira