A Biblioteca Demonstrativa de Brasília “Maria da Conceição Moreira Salles” (BDB), com acervo de 60 mil livros completou dois anos desde que foi fechada em 2014. O acesso continua bloqueado para realização de reparos. O espaço público foi acionado pela Defesa Civil um ano atrás por risco de desabamento e problemas no sistema de água. O Governo do Distrito Federal anunciou que reformas iriam acontecer três meses após o caso, mas a demora tem deixado impacientes seus antigos frequentadores, diz Marcos Linhares, presidente da Associação de Escritores do DF. Ele explicou que a mudança de gestões governamentais e contratos das construtoras contratadas para o projeto atrasou o começo dos reparos, mas fica preocupado com o fato de que obras nem começaram ainda.
Em abril desse ano o então diretor do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca do Ministério da Cultura (DLLLB), Volnei Canônica, prometeu que obras seriam finalizadas e local seria reaberto ainda no segundo semestre desse ano, projeto que será realizado pela empresa “CONTENGE Engenharia e Locações Ltda.”, em caráter emergencial. Volnei recentemente saiu do cargo para tomar posse como secretário executivo do MinC. O Ministério informou que o prazo da obra é de 120 dias, portanto, a previsão para o segundo semestre é mantida.
O Ministério também reforçou que a Biblioteca Demonstrativa Maria da Conceição Moreira Salles não é mais de responsabilidade da Fundação Biblioteca Nacional, mas da Diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB), que está dentro da estrutura do Ministério da Cultura, subordinada à Secretaria Executiva.
Público
A biblioteca, que funcionou até 2014 desde 1970 no mesmo endereço, era o lar não apenas para um acervo de livros mas também um espaço para comunicação social e projetos culturais. Shows, palestras, aulas de reforço e até reuniões da associação de escritores, como Marcos Linhares lembra, faziam parte da biblioteca. Entres eles existiam o Grupo de Atualização da Mulher que era o palco de discussões sobre feminismo e modernidade e o “Projeto Plantão de Dúvidas”, que trazia professores voluntários para dar aula para estudantes.
Além das atividades e eventos culturais a BDB também era um local para estudantes de concursos e vestibulares aproveitar do local para estudar. “Era um lugar quieto, bem na frente de casa, sinto até arrependimento de não ter aproveitado no Ensino Médio, só comecei a frequentar quando comecei estudar para vestibular mas logo foi interditada. É simplesmente ridículo.” reclama Léticia Chagas, de 24 anos, que antes da biblioteca ser interditada estava estudando para o vestibular da Universidade de Brasília.
A administração do local era feita pela Fundação Biblioteca Nacional vinculada com o Ministério da Cultura, mas de acordo a Mario Mandelli, Presidente da Sociedade dos Amigos da Biblioteca Demonstrativa, o FBN não era de grande ajuda. A BDB estava sendo mantida graças a doações e arrecadações da Sociedade dos Amigos e de seus frequentadores. Hoje, o local é responsabilidade do DLLLB, que está dentro da estrutura do Ministério da Cultura.
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Por Matheus Augusto