Encuca: “pesquisas sobre pandemia e tecnologias ganharam força”, diz professora

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Pesquisas sobre pandemia e a respeito sobre novas tecnologias ganharam força, segundo avalia a professora Fernanda Vinhaes, que é assessora de pós-graduação e pesquisa do Centro Universitário de Brasília (Ceub).

A amostragem que ela utiliza é a apresentação do Encuca, a principal mostra de trabalhos científicos da instituição, e um dos maiores eventos do Centro-Oeste . Fernanda Vinhaes enfatiza que os resultados são de todas as áreas de conhecimento, e incluem projetos de iniciação científica, além de pesquisas de pós-graduação.

Confira abaixo a entrevista

  • O que é o EnCUCA?

Fernanda VinhaesO EnCUCA é o evento que reúne o quinto Simpósio Internacional de Pesquisa e o vigésimo Encontro de Iniciação Científica do CEUB. Há 20 anos já realizamos esse evento com o compromisso de devolver a comunidade acadêmica e a sociedade de maneira geral os resultados das nossas pesquisas de iniciação científica

E nos últimos cinco anos o evento se tornou um simpósio internacional, resultado do reconhecimento, do investimento em pesquisas que o CEUB vem fazendo. Não só na iniciação científica, mas também na pós-graduação lato e stricto sensu, nos nossos cursos de mestrado e doutorado, como também das publicações acadêmicas que essas pesquisas conseguiram apresentar tanto em periódicos nacionais, como internacionais.

Então, o EnCUCA se tornou um grande evento como reconhecimento da nossa instituição e dos nossos pesquisadores, e tornou-se um fórum de debates, um fortalecimento para que nossos grupos de pesquisa estabilizem novas redes de contato e novas redes de pesquisa. Tão relevantes e tão importantes para qualquer pesquisador, de qualquer nível, tanto para alunos da iniciação científica como para os nossos professores e nossos alunos da pós-graduação também.

  • O que caracteriza essa 5ª edição?

Professora Fernanda VinhaesEssa quinta edição trouxe um novo desafio ao evento. O EnCUCA tem a proposta de apresentar resultados de pesquisas de forma diferenciada. Nós gostaríamos que todos os alunos ou comunidade científica do CEUB percebessem que debater resultados de pesquisa podem acontecer de formas diferentes, mais descontraídas, mais interativas.

Há dois anos, em razão da pandemia, a gente vem realizando o evento 100% online e essa quinta edição traz o retorno presencial, mas também com o grande conhecimento que foi adquirido durante a pandemia e com alguns eventos ainda acontecendo de forma remota.

Com o grande desafio de trazer a pesquisa, aproximar o aluno dessa vida acadêmica, da presencialidade ao campus, talvez fosse esse o diferencial da quinta edição. Além é claro de debatermos sempre pesquisas inovadoras, trazer resultados que talvez hoje estivessem mais distantes da nossa comunidade, que estejam sendo desenvolvidos de pesquisas fora do país, e trazer para mais próximo do nosso alunado. Para que ele se torne mais familiarizado com esses temas, com o que vem sendo feito e discutido em termos de pesquisa não só no Brasil, na nossa região, mas no mundo de forma geral.

  • Quais temas ganharam mais força nesses anos?

Professora Fernanda Vinhaes – Uma das preocupações foi buscar temas relevantes em todas as áreas de conhecimento, mas algo que eu posso compartilhar com vocês que tem se tornado bem evidente, talvez até mesmo em razão da pandemia, uma área que tem surgido com muita força, tanto na pesquisa quanto em outras atividades é a tecnologia. As exatas, a ciência da computação, a tecnologia da informação. Eu acho que todas as outras áreas foram obrigadas a buscar um pouco de recursos tecnológicos para se manterem produzindo durante a pandemia.

E talvez esse foi o grande impulsionador, o agente que tenha mais motivado pessoas a procurarem essa área. A gente tem percebido que estão surgindo várias tecnologias e estão sendo usadas em todas as áreas de conhecimento, direito, medicina, engenharia, não só aquelas que são essencialmente das exatas, mas todas as outras.

  • Quais são os impactos da pandemia? 

Fernanda Vinhaes – Nós ainda estamos vivendo isso. Eu diria que a pandemia de fato ainda não acabou, principalmente para quem vem trabalhando com pesquisa. Duas áreas foram muito comprometidas, as pesquisas que eram desenvolvidas nos meios educacionais e escolas, e as pesquisas que tinham como previsão de contato com pessoas, pacientes, hospitais ou clínicas. Essas pesquisas precisam ser readaptadas.

Nenhuma pesquisa no CEUB foi cancelada ou deixou de ser realizada, mas, nesses últimos dois anos, precisamos viver o que a ciência nos impõe em alguns momentos, a própria metodologia científica nos ensina isso. É reestruturar para nos adaptar a nossa realidade atual, então sem dúvida essas duas áreas foram extremamente comprometidas. 

Eu acredito que para o próximo ano a gente perceba uma normalização dessas propostas de pesquisa e o que a gente de fato vai conseguir voltar a fazer dentro de determinados campos. Mas esse desafio trouxe também vários ganhos em termos de conhecimento, nós fomos obrigados, em um prazo muito curto, a aprender a fazer pesquisa de forma diferente, e esse ganho de conhecimento ninguém questiona a relevância dele. 

Então, vieram algumas contribuições que deverão se manter, mas ainda estamos nessa fase de readaptação; os primeiros 12 meses foram de impacto e o que eu faço, vou reaprender e estudar os meus métodos científicos. Agora estamos entrando em uma fase um pouco mais calma de análise de dados, de apresentação de resultados, de comparação de métodos que talvez se estabeleçam como usuais no futuro.

Mas, sem dúvida, os campos de educação e saúde foram as principais áreas que comprometeram o desenvolvimento de pesquisas e que necessitaram de reestruturação para que fossem continuadas.

  • Qual a importância da pesquisa para a sociedade e para os estudantes?

Fernanda Vinhaes – Eu acho que uma das vivências que a pesquisa nos traz é exatamente essa, a necessidade de trabalharmos com o que temos disponível. A metodologia científica é uma ciência que nos ensina muito, mas além disso, fazer pesquisa quer dizer normalmente se questionar. É se colocar em uma posição de: como tratar, coletar e gerar um dado que seja mais acessível ou relevante para a comunidade com quem eu tenho compromisso de retorno?

Eu costumo dizer que a vivência no mundo acadêmico com a pesquisa te muda profissionalmente, porque ela te obriga a estudar determinados métodos científicos e posicionamentos que se eu não estivesse fazendo pesquisa, eu não seria obrigada a estudar. Mas ela também te modifica de forma humana, pessoal. 

Como lidar em situações de conflito de: pois é, agora você não tem mais esse campo de coleta, como que a gente vai ainda tornar essa pesquisa relevante? O dado estatístico e o método de análise precisam ser repensados, então, todo esse questionamento geralmente torna o indivíduo, dentro de uma sociedade, mais questionador. E essa é a transformação.

Acho que é isso que o CEUB tanto fala de uma educação transformadora, por meio da pesquisa, do ensino e da extensão; e eu acredito que a pesquisa vem de fato sendo esse agente modificador do aluno, tanto na formação profissional quanto na humana.

  • Como essa experiência ajuda os alunos que não querem seguir no meio acadêmico?

Um ponto importantíssimo! A gente sempre relaciona pesquisa, iniciação científica, com vida acadêmica, um provável mestrado e doutorado no futuro. A gente sabe sim que esse é o caminho da vida acadêmica, a iniciação científica é um facilitador para quem pensa seguir essa carreira. Mas não é um dado obrigatório, não é algo que a gente imagina sempre sendo um requisito. 

A iniciação científica pode ser pensada exatamente como esse agente transformador, amadurecedor, gerador de senso crítico. Uma das coisas que mais buscamos na iniciação científica é afastar o nosso aluno do senso comum e do que a mídia coloca. Nós de fato contribuímos para que esse aluno se torne um questionador, e que as informações e os dados científicos sejam utilizados de forma adequada dentro da sua atuação profissional, seja ela qual for. Que a gente simplesmente não replique o que a mídia coloca, mas que a gente saiba inclusive que fontes buscar, confiáveis, que mereçam ser replicadas.

Então esses já são ganhos para esse profissional, extremamente relevantes, modificadores do indivíduo.

  • A partir da tua experiência, que conselho você daria aos estudantes?

Professora Fernanda Vinhaes – Acho que se eu pudesse dar conselhos, eu recomendaria que todos os alunos buscassem desde o início da sua graduação um planejamento, que é importante em todas as áreas da nossa vida, mas um planejamento acadêmico é muito relevante. 

Que a gente começasse a perceber dentro aqui da nossa vivência no campus universitário o que que eu tenho de propostas e de ofertas, de programas e ações que talvez eu pudesse me engajar e que permitissem de alguma forma no futuro uma possibilidade de atuação no meu mundo profissional de forma diferenciada.

A iniciação científica é uma delas, mas para isso eu preciso conhecer o campus, o que o CEUB pode me oferecer e, sem dúvida alguma, participando de várias atividades, eu vou chegar lá no final da minha graduação com mais maturidade, com mais domínio de conhecimento até para tomar decisões mais assertivas. 

Claro que a gente pode errar e claro que a gente pode começar novos caminhos, mas eu acho que se a gente começar a trabalhar desde cedo com a alunada e o alunado mais engajado e procurando essas opções, a gente tem uma chance de ir no futuro tomar medidas mais assertivas.

Então busquem as informações, procurem a assessoria de pós-graduação e pesquisa, busquem saber e conhecer os programas, não só a iniciação científica, mas talvez outros programas que a universidade oferece para que de fato você construa o seu histórico, o seu currículo acadêmico com muita propriedade, com muita maturidade e isso fará a diferença no seu futuro profissional. 

Não tenho a menor dúvida em comentar isso com você, porque eu também fui uma aluna de iniciação científica, eu acho que toda a minha vida acadêmica é consequência daquilo que eu comecei a viver na iniciação científica também na graduação.

Por Juliana Weizel
Imagem: Vagner Moreira

Edição de imagem: Dener Leon
Supervisão: Luiz Claudio Ferreira

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