Projeto “Circo Social” no DF ensina mais do que técnicas no picadeiro

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“Eu quero convidar todos vocês a se deitar confortavelmente e fechar os olhos”. A orientação é da professora  Adriana Drummond, de 41 anos, dentro do ginásio do Instituto Federal de Brasília (IFB), no Gama. É segunda-feira à noite, por volta das 19h30, e o grupo que a escuta, composto por jovens e adultos de 20 a 40 anos, obedece aos comandos e escuta o que a mulher tem a dizer. Acompanho tudo ao fundo, sentada no chão.

As palavras vão esmiuçando os sentimentos de quem se interessou pela arte.“Deixem o corpo pesar sobre o chão e se conectem com alguma marca, alguma cicatriz no corpo de vocês que conte alguma história”. 

Ela entende que as cicatrizes carregam emoções e memórias de quando foram marcadas. “Às vezes, quando as tocamos, olhamos ou mesmo só lembramos da existência [das dores], nós atravessamos um portal que nos leva para aquele momento de novo, com a enxurrada de emoções que estão presas nesse lugar.”

A dinâmica acontece após uma série de aquecimentos físicos que iniciam as aulas do projeto Intervenções de Circo Social — iniciativa que utiliza arte circense como ferramenta para promover intervenções artísticas e educativas em todo o Distrito Federal, com foco no desenvolvimento humano e social. Adriana, que também dá aulas de química no IFB, é uma das professoras que compõem o corpo docente do Intervenções.

“O Circo Social não é uma aula de circo comum, como temos na Asa Sul ou em outros locais. Nosso objetivo não é profissionalizante. Usamos o circo como uma ferramenta para que as pessoas trabalhem questões de desenvolvimento humano, autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. É uma ferramenta propícia para isso”, explica Juliana Batista, de 41 anos, idealizadora do projeto.

Itinerante

As oficinas e espetáculos da iniciativa rodam a capital desde 2013, e já passaram por regiões como Paranoá, Planaltina, Gama e Guará. Apesar disso, o programa nasceu um ano antes, em 2012, quando a idealizadora, Juliana Batista, 41 anos, e o parceiro, Leandro Bastos, resolveram levar o Circo Social para mais de 10 países: Marrocos, África do Sul, Moçambique, Zimbábue, Zâmbia, Botsuana, Índia, Nepal, Tailândia, Laos, Camboja e Indonésia.

Com mais de uma década de projeto na capital federal, o Intervenções segue cumprindo o objetivo para além do trabalho físico. As rodas de conversa — como a descrita no início da matéria — são uma das ferramentas usadas para que o ‘circo’ alcance o ‘social’. É o momento em que grande parte dos alunos se abrem. É o momento em que a arte vira ferramenta para trabalhar as questões sociais.

“Nosso objetivo é usar essa ferramenta artística para um público que não tem acesso, porque o circo é uma atividade elitista. As atividades artísticas no Brasil, de uma forma geral, são elitizadas. No Plano Piloto, é caro. É 300, 400 reais por mês”.

Isso seria inacessível para famílias que  vivem de salário mínimo, ou que não têm renda, ou que vivem com apoio de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. 

“Ela não vai ter dinheiro para terapia, o Sus [Sistema Único de Saúde] tem fila. Essa pessoa não vai ter um espaço para fazer aula de arte, de pintura, de teatro. Então, o que a gente quer é buscar esse público, dar esse espaço para eles, dar o palco, dar o lugar e escutar. ”, relata Juliana.

“Espaço de cura”

O Intervenções de Circo Social se torna um espaço de cura — não só dos educandos, mas das próprias coordenadoras e professoras do projeto. “A gente também se envolve nas atividades. Também estamos naquele espaço de troca, de vínculo, fazendo anotações, se percebendo. A gente sente as mudanças acontecendo dentro da gente”, conta Adriana.

As anotações que a professora cita são aquelas feitas nos cadernos distribuídos aos alunos na primeira aula do ano. Usados quase como diários, os educandos são diariamente convidados a documentar a experiência que o Circo Social se torna. 

Julia Baroni, 40 anos, massagista e arquiteta de formação, que também vira professora circense no ginásio do IFB, explica que os escritos são feitos de três formas: “o primeiro uso é mais subjetivo, escrevemos sobre sentimentos, frustrações e emoções. Documentamos acontecimentos, não necessariamente físicos, mas emocionais. O segundo uso é voltado para os treinos físicos, de desenvolvimento corporal. Já o terceiro serve para anotarmos as dinâmicas que fazemos [como a que refletiu sobre as cicatrizes].”

Seguindo uma abordagem mais terapêutica, as mulheres à frente do Intervenções trabalham com objetivos mensais e semanais, normalmente praticados durante as rodas de conversa. 

Na noite em que presenciei um desses momentos, Adriana Drummond perguntava aos alunos quais marcas do corpo de cada contam histórias. O propósito era levá-los a reconhecer o corpo em que habitam, enxergar a origem de dores e encontrar onde as emoções ficam guardadas. É um momento de introspecção. Um momento de olhar para si.

“Quando eu sinto, como é que meu corpo fica? Quando eu sinto raiva, como funciono? Onde pega? Meu abdômen se contrai? A energia sobe para a bochecha? Minhas mãos se cerram?”, perguntava a professora, enquanto dava voltas ao redor da turma. 

Circo na bagagem

O Intervenções de Circo Social nasceu fora do Brasil, durante um “mochilão” em que Juliana Batista fazia ao lado do parceiro, em 2013. Mas a história começa um pouco antes, ainda em Brasília, quando a mulher tinha apenas 27 anos e o circo era apenas um hobbie. 

Além de professora de circo e coordenadora do projeto circense, Juliana Batista também trabalha como superintendente executiva da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). 

Entretanto, a realidade era outra em 2010, quando a administradora de turismo por formação se viu insatisfeita com a carreira que vinha construindo no setor privado. Apesar do bom retorno financeiro, ela resolveu tomar iniciativas para mudar a própria realidade. Ela precisava fazer algo.

Até então dona de escolas de curso profissionalizante, Juliana vendeu os empreendimentos e, com as economias que tinha, se mudou para o Rio de Janeiro (RJ) ao lado de Leandro, com quem já havia iniciado uma relação. 

O objetivo era migrar de carreira para o Terceiro Setor, ou seja, trabalhar em instituições privadas e sem fins lucrativos. Não demorou muito para o circo, que já era um hobby, entrar no plano. 

Assim que chegou na cidade carioca, Juliana passou a ser voluntária no projeto Circo Crescer e Viver — era o primeiro contato dela com o Circo Social — e, em poucos meses, ela foi chamada para assumir o cargo de coordenadora pedagógica do programa. 

Ela me contou que permaneceu no trabalho por cerca de dois anos, mas, mesmo tendo alcançado a meta de integrar o Terceiro Setor, a sua ambição não quietou. Era hora de uma nova aventura. 

Em 2012, ela e o parceiro resolveram viajar o mundo — com o Circo Social de bagagem. Equipados com mochilões e passaportes em dia, os dois iniciaram o que seria um ano de viagem. O casal levou oficinas circenses para 12 países, da África e Ásia, e alcançou cerca de 6 mil educandos pelos continentes. 

“Vivemos um ano com uma mochila de 80 litros cada, e metade da mochila era circo. Tinha tecido, slackline, malabares… O resto eram algumas roupas. E assim a gente foi. Primeiro passamos no Marrocos, depois África do Sul, e íamos experimentando, implantando o projeto nesses lugares de uma forma bem livre e autônoma, sem patrocínio”, relembra Juliana, com uma voz animada.

Sem internet acessível, o casal pesquisava em livros os próximos destinos e informações de cada lugar. Depois de descobrir as principais estadias, Juliana mandava e-mails apresentando o projeto, pedindo hospedagem e, se possível, apoio com a alimentação. “Normalmente trabalhávamos nas comunidades durante a semana e, à noite, fazíamos apresentações nas pousadas, com os hóspedes.”

Além disso, ela e Leandro também ofereciam oficinas sem custos em escolas e, quando aceitos, os dois montavam os aparelhos de forma improvisada em árvores e passavam os aprendizados circenses para os alunos. 

Depois de um ano na estrada, o casal teve de retornar ao Brasil — Juliana estava grávida do filho Luan. Entretanto, o corpo da mulher já não poderia viver sem o circo e ela de forma alguma deixaria o projeto morrer fora do próprio país. 

Antes mesmo de voltar, ela já planejava o que seria o Circo Social no Distrito Federal. Com a ajuda de mais duas amigas circenses, Julia e Adriana, o Intervenções de Circo Social começou a dar os primeiros suspiros.

“Quando eu ainda estava na Ásia nós já começamos a escrever o primeiro projeto para o Ministério da Cultura. As meninas mandavam informações por e-mail, eu escrevia uma parte, elas escreviam outra. Quando cheguei em Brasília, em 2013, já estávamos com o projeto aprovado.”

A primeira intervenção aconteceu em Planaltina, durante três anos. Depois, mais uma aprovação concedeu os recursos necessários para levar as oficinas até o Paranoá. Em 2017, quando Adriana já dava aulas de química no IFB, o Intervenções de Circo Social chegou até o Gama pelo Instituto, onde mantém o único polo fixo da iniciativa. Além disso, o programa desenvolve oficinas pontuais em outros lugares, qualquer um em que o espaço for concedido.

A magia do circo

Os educandos do Intervenções de Circo Social são escolhidos de acordo com certos critérios: há prioridade para pessoas negras, indígenas, baixa renda, PCDs, LGBTQIA + ou portadoras de algum CID.

 “Geralmente, é um público que tem muitas questões para serem trabalhadas. E há exemplos que mostram que o coletivo vai ajudando. Temos vários casos de educandos que tiveram questões de superação, questões mentais, questões de autoconhecimento. Esse é o nosso propósito: é ser um espaço de acolhimento”, relata Juliana, que logo em seguida me dá um grande exemplo: Jhon Welves.

O jovem é aluno do projeto desde 2017, época em que ainda estava no ensino médio. Agora, aos 26 anos, ele continua a frequentar as aulas e até tornou do circo sua profissão — mesmo com uma formação em técnico de enfermagem, ele optou por dar aulas de acrobacias aéreas e de solo depois de ter o primeiro contato com a arte circense dentro do Intervenções. 

Aos 17 anos, idade em que entrou no projeto, Jhon travava batalhas contra a ansiedade e depressão, e o circo logo virou um tipo de remédio para a mente turbulenta do jovem. 

“Quanto mais eu treinava, mais ajudava. Não é como se a depressão desaparecesse, mas ela deixava de estar presente na minha vida”, me revelou durante uma conversa feita por ligação. 

Satisfeito com a forma que o esporte impactava a química do próprio cérebro, o jovem logo começou a se desenvolver na área. Jhon passou a participar de workshops, treinar com professores e, consequentemente, melhorar a saúde mental. 

“A ideia do projeto não é só ensinar circo, né? É ensinar circo de uma forma social. E isso, pra mim, fez toda a diferença. Se eu tivesse começado em uma academia ou aulas de circo convencional, talvez eu não teria chegado onde cheguei, né?”, emociona-se. 

“O circo me salvou em um momento em que mais ninguém sabia o que estava acontecendo. Ele me deu uma carreira e uma outra visão de mundo. Ele me ensinou a me aceitar mais como eu sou. Desde o primeiro dia de aula eu sabia que queria o circo para a minha vida. Meu olhos brilharam.”

Jhon não foi o único que encontrou uma vocação dentro do mundo de acrobacias que lhe foi apresentado por meio do projeto. A assistente social Natália Ferreira, 30 anos, relatou uma experiência parecida. Inclusive, ela foi a 4ª e última mulher a integrar o grupo de professoras que rege o intervenções de Circo Social.

O programa também foi o primeiro contato com circo que Natália teve, em 2017, e, quase imediatamente, ela se identificou com a metodologia e proposta das aulas. Um ano depois, a mulher já atuava como monitora dentro do projeto. 

“Foi um engajamento muito natural. Nunca tive muitas pretensões relacionadas [a virar professora de circo] antes de naturalmente acontecer. Mas foi um grande presente e segue sendo.”

Natália se autointitula testemunha, devota e discípula do Circo Social. Durante nossa conversa, ela revelou ver o esporte de uma forma que chega até a ser romântica. “É uma afetação pessoal. O circo transforma a vida das pessoas em dimensões menores ou maiores, mas depende de como cada um se permite afetar.”

A assistente social explicou que há muitos relatos de alunos que se sentiram completamente transformados. Para ela, a magia do circo acontece de uma forma muito prática e visceral. É possível enxergar a transformação enquanto acontece. É uma transformação muito palpável.

“Tem muito a ver com o trazer e acolher o que a pessoa é, e usar tudo como potência. Usufruir do ser em sua completude. É muito difícil a gente ter um lugar, um espaço, uma política pública onde conseguimos acolher a pessoa em tudo que ela é, no sentido de exercer a identidade, para que ela possa se descobrir. Então, eu considero como o maior valor das intervenções o estimular cada um a se descobrir, se autoconhecer. Porque eu acho que quando você transforma uma pessoa, você transforma uma comunidade, você transforma o mundo.”

Um corpo que sabe do seu lugar, sabe do seu tamanho, sabe do lugar que ocupa, é um corpo capaz de transformar muitas coisas. E o circo traz esse trabalho físico, material, e corporal. 

Reencantamento

Mudanças no porte físico, no grau de timidez ou até na postura foram constantemente relatadas durante minha conversa com as quatro mulheres que ficam à frente do projeto. Além disso, um mesmo nome foi trazido por todas elas como exemplo.

“Tem esse aluno nosso, que gosto de usar como referência. Ele está com a gente há uns quatro anos e, no início, era uma pessoa muito resistente. Ele negava as atividades, não se abria. Era muito difícil de acessar esse aluno”, revela Natália.

Ela falava de Paulo Arthur, 21 anos, que já completa três anos como aluno do projeto. O jovem me contou que, na verdade, se inscreveu no projeto apenas porque precisava de horas complementares nos estudos — ele cursa logística no IFB do Gama e soube do Intervenções ao ver um pôster em um dos murais do campus.

“Eu tinha minha própria fase que era: ‘não faz sentido’. O início foi muito pegado, eu não era muito forte e não conseguia fazer parte das atividades pela falta de preparo. Até eu conseguir desenvolver, por exemplo, força abdominal para conseguir puxar o tecido acrobático foi uma luta”, contou o estudante.

O plano era frequentar o protejo só até conseguir o certificado de horas complementares, mas, de repente, Paulo se viu apaixonado pelo circo. Ele permaneceu no projeto e, na verdade, nunca foi atrás do tal certificado.

“Ele falava ‘isso não faz sentido, não vou conseguir isso’, e hoje ele é um aluno super virtuoso, super habilidoso, que faz muitas coisas. Ele chegou com um corpo extremamente tímido,e hoje é uma pessoa que pula muito alto e faz várias coisas incríveis. Inclusive, ele adora se apresentar, gosta de mostrar pras pessoas as coisas que ele faz. Ele gosta de falar sobre isso”, conta Natália. 

“Essa magia do circo  você consegue ver nas pessoas, no corpo, no sorriso, na atitude, na fala, na recepção das coisas…”

O entusiasmo de Paulo relatado por Natália também apareceu na conversa que tive com o estudante. Quando o questionei sobre as melhores experiências vividas dentro do Intervenções de Circo Social, ele rapidamente me contou sobre o espetáculo de 2024, quando fez uma apresentação em trio de 12 minutos — tamanha duração que exige muito preparo para se manter nos aparelhos aéreos.

“Era uma apresentação muito complexa e, na verdade, não conseguimos fazer 100% da apresentação até o último ensaio. Mas na hora [do espetáculo], deu tudo certo. E a sensação foi muito boa, de ‘nossa, a gente conseguiu!’”, explicou.

vídeo da apresentação

Paulo se apresentou com outras duas colegas e, em dado momento, os três fizeram acrobacias no mesmo tecido acrobático — outro feito que exige grande preparo físico. Essa conquista é um exemplo do que me foi falado diversas vezes enquanto conversava com Adriana, Juliana, Julia e Natália. É a transformação de se entender artista.

“É algo que eu gostaria que todo mundo pudesse experienciar: estar num palco. Você treina muito para desenvolver algo que possa estar ali, sendo exposto para os outros. E quando você chega nesse ponto, de ter essa coragem de vestir um figurino e estar no palco, é uma transformação”, afirma Julia.

 “Começamos a nos sentir mais capazes. Se eu passei por isso, nossa, aquela entrevista de emprego vai ser muito mais fácil, o dia a dia vai ser muito mais leve. Olha o que eu fiz, eu me desafiei de uma forma muito surreal e ainda de uma forma prazerosa. Eu me desafiei fazendo uma coisa que eu gosto, que eu amo, que me faz bem, que me dá prazer. Então, a transformação do ser antes e depois do palco é, pra mim, uma das melhores.”

Educandos e professoras ficam cerca de três meses em preparação para o espetáculo — que fecha o período de aulas anualmente. Todos se dedicam intensivamente para providenciar cenário, roupas e números de apresentação. É um processo que chega até a ser tenso, mas é compensado pelo êxtase sentido na hora do show. 

“No final, você chega no espetáculo e a sua comunidade está ali, as famílias vão assistir. Todos te aplaudem. O que a gente percebe nos alunos, nos educandos, é fantástico. Eles saem explodindo de energia, de alegria, de ‘nossa, eu sou artista!’ Então, é uma ferramenta muito poderosa para se trabalhar as coisas”, explica Juliana.

Criação coletiva

Assim como no exterior, o Intervenções de Circo Social oferece oficinas totalmente gratuitas no território do DF. O financiamento vem de editais públicos para iniciativas culturais do governo e, em 2025, o grupo recebeu recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC-DF). Entretanto, essa nem sempre é a realidade. 

No ano passado, o Intervenções não conseguiu patrocínio. Mesmo sem recursos, as quatro mulheres mantiveram o projeto, de forma voluntária, e tiraram do próprio bolso para levar as aulas adiante. “Como a gente sempre escreve projetos para a Secretaria de Cultura, às vezes somos contemplados, às vezes não, né?”, explica Juliana.

“Quando não é financiado, é uma iniciativa nossa de manter, já que temos uma estrutura no IFB. Mas tiramos do nosso bolso a gasolina, por exemplo. Temos que pagar um profissional de segurança, que vai fazer toda a segurança dos equipamentos todos os anos. Então, tem todas essas questões que acontecem, né?”, continua.

Mesmo quando o Intervenções é contemplado, o financeiro ainda se torna um dos grandes desafios, já que as aulas são gratuitas e não há faturamento.

 “A gente consegue pagar os professores, reformar e trocar os aparelhos, contratar alguém para verificar a ancoragem, e nisso vai uma boa grana. A gente não consegue ter dinheiro para outras coisas,como lanche, mais equipamentos, mais espaços fixos de atuação…. Se não tiver dinheiro, a gente trabalha mesmo assim”, conta Julia.

Quando conversei com o grupo, o edital do FAC-DF já estava aberto para o ano de 2026, e elas explicaram já estarem preparando a inscrição do Intervenções. “Vai ser contemplado? Não sei. Se for, a gente vai ter recurso. Se não for, a gente não tem recurso”, explica Juliana.

O que motiva a gente a seguir adiante é esse impacto que [o circo] causa na vida de todo mundo. Na nossa vida e na vida das pessoas que estão ali, confiando na gente. Cada coisa ali que a gente planeja e que acontece, a gente se entrega. A gente muda um pouquinho, melhora um pouquinho, a gente se liberta um pouquinho”, conta Adriana.

 “É um projeto muito lindo, porque ele age diretamente na vida de cada um. É lindo isso. E você sentir que você estava fazendo parte disso, né? Poxa, isso é muito legal.”

Adriana, Julia, Juliana e Natália acreditam que o trabalho feito no projeto é uma construção coletiva. Para elas, há uma troca durante as aulas onde elas aprendem também, mesmo exercendo papel de professoras. E criar coletivamente parece ser a essência de tudo, e é por isso que elas insistem, até sem dinheiro, em continuar nesta criação coletiva.

Por Rebeca Kemilly

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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