Cajuzinho do cerrado pode ser alternativa eficaz no tratamento da mastite bovina, aponta estudo

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O cajuzinho do cerrado pode ter potencial no tratamento da mastite bovina, uma doença inflamatória da mama da vaca que causa grandes prejuízos econômicos na bovinocultura de leite nacional.

Foto: Wikipedia Commons

O tratamento novo foi tema de pesquisa da professora Francislete Melo e das estudantes Ana Paula Sales e Adriana Pajudes, do Departamento de Veterinária do Ceub.

As pesquisadoras avaliam que o tratamento oferece uma alternativa complementar ao uso de cefalexina, o extrato da planta mostra-se eficaz e financeiramente acessível. Isso traria novas perspectivas para animais com essa condição.

Foto: Maurício Mercadante / Direitos reservados

As pesquisadoras descobriram que a mastite bovina é causada por diversos patógenos, dentre eles Staphylococcus aureus, Escherichia coli, entre outros, todas essas bactérias causam infecção humana. Elas podem causar desordens na saúde do consumidor.

Resistência bacteriana

Segundo levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a doença é a que mais impacta na bovinocultura do leite nacional, gerando queda de qualidade e descarte de leite.

A mastite bovina é uma condição que causa inflamação nas glândulas mamárias das vacas, causa  diminuição na produção de leite e consequentemente perdas econômicas, representando um prejuízo de até 1,75 bilhão de litros, de acordo com pesquisa da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP).

No momento presente, o maior desafio enfrentado pelos veterinários responsáveis pelo tratamento de vacas com mastite bovina é a alta resistência bacteriana às atuais formas de tratamento, além de potenciais riscos para a saúde do animal e dos consumidores de laticínios.

O que levou as estudantes do Ceub a pesquisar por alternativas ao tratamento com cefalexina, antibiótico usado atualmente.

Eficácia

De acordo com as alunas, o cajuzinho do cerrado, planta nativa do Bioma Cerrado brasileiro, pode apresentar uma eficácia superior ao antibiótico convencional no combate às bactérias responsáveis por infecções.

Estudos realizados demonstraram seus efeitos benéficos, incluindo propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes, cicatrizantes e bactericidas, trazendo novas perspectivas para o problema da resistência bacteriana.

Além disso, sua utilização como tratamento fitoterápico para a mastite bovina pode ser mais acessível financeiramente e mais eficaz em comparação com o uso de antibióticos convencionais.

De acordo com Ana Paula Sales, essa abordagem oferece uma alternativa viável, considerando os recursos disponíveis no bioma cerrado, e a aluna também destaca a importância de considerar a interação entre medicamento, animal e ambiente para obter resultados eficazes.

Pesquisa e resultados

Diante da alta incidência de mastite relatada por pecuaristas, as pesquisadoras identificaram a necessidade de buscar alternativas ao tratamento convencional para interromper a troca constante de medicamentos e melhorar a eficácia do tratamento da mastite bovina. 

Amostras de leite de vacas com mastite foram coletadas e testadas em laboratório, utilizando a cefalexina e extratos de plantas como unha de gato, calêndula, cajuzinho do cerrado e alecrim.

Na segunda fase do estudo, as plantas foram testadas individualmente e em combinação, comparando seus efeitos com o antibiótico. O Cajuzinho do Cerrado destacou-se, inibindo o crescimento bacteriano de forma superior ao antibiótico. 

Esses resultados indicam a eficácia do fitoterápico e sugerem resistência bacteriana ao antibiótico convencional.

A professora Francislete Melo, orientadora da pesquisa, considera o estudo altamente satisfatório e sugere que é possível combater a resistência bacteriana por meio de tratamentos complementares com extratos encontrados localmente. “Esse passo é fundamental para promover práticas sustentáveis na pecuária e preservar a eficácia dos tratamentos”.

Saúde pública

A mastite bovina é a principal doença que afeta a bovinocultura de leite no Brasil, resultando em perdas econômicas significativas, incluindo redução na produção, queda na qualidade do leite e descarte de produtos contaminados com antimicrobianos.

Além disso, as alunas alertam para o risco para os consumidores que ingerem leite de vacas com mastite, pois as bactérias causadoras podem provocar infecção humana e consequentemente prejudicar a saúde do consumidor, podendo causar  febre, diarreia e vômito.

A resistência bacteriana aos antibióticos agrava o problema, já que essa resistência pode causar limitações na ação dos antibióticos, dificultando a cura da infecção. Logo, reduzir o uso de medicamentos que deixam resíduos no leite é essencial não apenas para a indústria e para os animais, mas também para a saúde pública, evitando o desenvolvimento de resistência bacteriana em humanos.

A pesquisa tem como intuito a diminuição do uso de antibiótico, a partir do uso de fitoterápicos junto com medicamentos alopáticos.

Por Ana Clara Mendonça e Giovanna Torres
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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