Professora há mais de 20 anos, Katia Cilene Santos Pereira passou pela maior mudança de vida quando começou a sofrer com a perda de audição, em meados de 2007. Docente da Escola Classe Ipê, colégio público no Park Way, ela foi diagnosticada com a Síndrome de Meniere, que acarreta problemas no ouvido, zumbidos e vertigens.
Quando percebeu que não era mais possível continuar em sala de aula, começou o processo de readaptação e o planejamento de um novo projeto profissional. Ela criou um espaço especial que foi batizado como “A sala do conhecimento” voltada para atender crianças com dificuldade de aprendizado. “Me sinto abraçada, acolhida no meu grupo de trabalho, desde que iniciou”, comenta.
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O projeto “A Sala do Conhecimento” foi aprovado em 2015 na escola, quando acabou o processo de readaptação e oralização da professora. Na sequência, ela começou os trabalhos com os alunos. Para ter êxito, o projeto faz restrições, como a quantidade de alunos no espaço. O público prioritário é o de crianças com dificuldade de aprendizado, principalmente durante a fase de alfabetização.

A história da professora
A professora destaca que sente muito orgulho de sua trajetória e acredita que pode servir de inspiração para outras experiências com docentes. Segundo ela, pessoas com deficiência acabam desestimuladas por causa das limitações e não conseguem seguir com os trabalhos.
“(A experiência) Pode servir para que as pessoas vejam o potencial que têm e para quando se é desafiado diante de uma barreira” explica a professora.
No caso de Katia, a barreira foi a perda da audição. No entanto, ela indica que essa parte da história de vida não representa tristeza, mas, sim, superação. Além disso, a professora diz que em nenhum momento se desesperou ou se entristeceu. Ela acrescenta que nunca se sentiu incapaz de continuar os trabalhos na escola.
O apoio dos colegas de trabalho também foi muito importante para que a professora não se desanimasse.

Dificuldade além da sala de aula
Esse período de isolamento social tem sido um desafio para a professora, que depende de vídeos durante todo o dia, seja na parte do trabalho ou em cursos. “Não tem legenda, e isso é desafiador pra mim”, desabafa.
Por causa do isolamento social, Katia não tem conseguido ministrar as aulas pelo computador. A atividade dela, neste momento, consiste em disponibilizar atividades de apoio para que os colegas de trabalho usem com os alunos “É muito bom continuar se sentindo parte do grupo”, diz.
Para se motivar, ela tem buscado diversos recursos que a auxiliam. Quando os vídeos não estão adaptados, por exemplo, ela entra em contato com algum responsável e solicita a disponibilização dos vídeos legendados.
Katia não vê a hora de voltar para a escola. Entre as lembranças que ela guarda com mais carinho, é o reconhecimento de ex-alunos que a visitam. Eles são gratos porque ela ajudou a mostrar um mundo novo.
Por Rayssa Loreen
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira