O estudo religioso pode ter sido útil para quem fez a redação do último Exame Nacional do Ensino Médio (o tema foi a tolerância em relação a esse tema, na prova do último dia 6). Mas, segundo especialistas, é fundamental mesmo para construções éticas no ambiente escolar. No Brasil, o ensino religioso é facultativo de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases.

Pedagoga e diretora do Sindicato dos Professores do Distrito Federal, Rosilene Corrêa afirma que o ensino religioso estimula debates nos alunos e deve ser separado da religiosidade das escolas. “Ensino Religioso é conhecer quais são as origens, povos e história das religiões. (…) Com discussões, os alunos se posicionarão a respeitar a religião e a opinião do outro, independente se seja candomblé ou extremo da igreja evangélica”.
A estudante Vitoria Oliveira dos Santos, 16, não se sentiu prejudicada na prova por não possuir aulas de ensino religioso. De acordo com ela, em oficinas preparatórias de produção de texto, os professores já tinham discutido o tema em sala de aula. “Achei interessante, não só pelo o que está acontecendo no Brasil, mas como no Oriente Médio também”.
O professor de redação Marlus Alvarenga acertou o tema da redação do ENEM. Segundo ele, são escolhidos os assuntos mais comentados durante o ano para serem discutidos em sala. Entre os tremas, estava intolerância religiosa, crise hídrica e conceito de família. Apesar disso, Marlus afirma que suas aulas são abertas a todo tipo de discussão, “seja gênero, religião, etnia, sociedade ou qualquer outra coisa”. O professor explica que prefere focar em debates do que nas técnicas de produção de texto. “Os alunos de ensino médio tem o mínimo de sintaxe. Agora conhecimento de mundo, a gramatica não passa pra ele”.
A ex-professora de ensino religioso Josiane Costa, 49, e a coordenadora de uma escola evangélica Vivian Cristina da Silva Moura, 34, coincidem ao argumentar que as aulas de ensino religioso são necessárias para os alunos. Isso porque, de acordo com elas, a matéria desenvolve o sentimento de amar e respeitar o próximo. “Pode-se levar uma turma para um templo, e sair com eles de lá com consciência de que nem todo muçulmano é terrorista, por exemplo”, afirma Josiane.
Por Beatriz Castilho e Bruno Santa Rita