Escolas públicas na Ceilândia tornam-se referências para alunos especiais

COMPARTILHE ESSA MATÉRIA

Duas escolas públicas da Ceilândia tornaram-se referências para atender alunos especiais tanto da própria cidade como de outras regiões do Distrito Federal. O motivo disso é simples: as salas de aula exclusivas para esse público. Os centros de ensino fundamental (CEF) 04 e 07 oferecem vagas a alunos com necessidades especiais há mais de 10 anos. As salas de aula têm, em média, 10 alunos entre 15 até 50 anos.

foto-1

No caso do CEF 04, as turmas possuem, atualmente, 38 alunos com idades, reunidas em sala de aula para lição do bimestre: as primeiras letras. Mas o que difere  esses alunos dos demais estudantes do colégio, é que eles são pessoas especiais com diferentes limitações. A psicóloga Francisca Amorim,41, especializada em atendimentos a pessoas com deficiência especial fala sobre a importância da escola para esses alunos. ‘’O ensino para esses alunos é importante na formação deles como cidadãos, aqui na escola eles podem interagir com outras pessoas, e assim possibilita o desenvolvimento pessoal e social da pessoa com deficiência, garantindo o exercício da cidadania’’, explica.

 

No período em que ficam em casa gostam de assistir à TV, acessar as redes sociais, e ajudar os pais nas tarefas domesticas. Sandra Pessoa Leão, 41, é uma aluna e filha dedicada: acorda todos os dias cedo para fazer o café da manhã e para ajudar a mãe a arrumar a casa, e quando termina os seus afazeres, vai correndo para a TV, pois adora assistir a novelas, mas, não se atrasa para ir para a escola, já que esse é o momento preferido do dia de Sandra.

Ela chega todos os dias à escola com 20 minutos de antecedência para não correr o risco de chegar atrasada. Na sala de aula, se esforça para aprender as atividades. É uma aluna exemplar e amiga de todos. ‘’Gosto muito de vir para a escola, aqui encontro meus amigos, professores, e ainda tem a quadra de esportes que toda sexta feira vamos para lá brincar”, diz a Aluna bastante sorridente.  “Sandra é uma aluna esforçada, chega sempre cedo, senta na primeira fileira, ajuda os colegas e conversa um pouquinho a mais’’ diz a professora Eulene Dias.

 

Na sala de Sandra há oito alunos, todos tem DI (Deficiência Intelectual), mas cada um tem um quadro distinto. A professora Eunice fala a importância dos pais irem às reuniões, e de sempre levarem o Laudo Médico de seus filhos. ‘’Aqui eu já vi aluno sendo levado pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência porque os pais não tem atenção por eles, não dão o remédio no horário, e aqui temos que dar um ‘jeito’ de amenizar a situação’ ’, explica.

Segundo a Associação Americana sobre Deficiência Intelectual do Desenvolvimento AAIDD, a Deficiência Intelectual se caracteriza por um funcionamento intelectual inferior à média (QI), associado a limitações adaptativas em pelo menos duas áreas de habilidades como: comunicação, autocuidado, vida no lar, adaptação social, saúde, segurança, uso de recursos da comunidade, determinação, funções acadêmicas, lazer e trabalho, que ocorrem antes dos 18 anos. Isso significa que a pessoa com Deficiência Intelectual tem dificuldade para aprender, entender e realizar atividades comuns para as outras pessoas. Muitas vezes, essa pessoa se comporta como se tivesse menos idade do que realmente tem.

 

Maria Pessoas Passos, 74, mãe de Sandra conta que nem sempre a sua vida e nem a de Sandra era tranquila, já que sempre dependeu da Rede Publica para consultar e pegar remédios para a filha. “Passei muita dificuldade até os 27 anos de Sandra, o Governo não disponibilizava remédio que ela precisava, e com essa falta de medicamento, Sandra dava muitos ataques, pois era muito nervosa, e não conseguia controlar o estresse, e com isso sempre a tirava do colégio, porque não tinha condições de ficar com outras pessoas’’, conclui.

 

Hoje com um quadro diferente de 27 anos atrás, Maria diz sobre a importância da escola como inclusão para alunos especiais e sobre os benefícios que trouxe para a filha ‘’Me sinto feliz em poder ver minha filha animada em ir para o colégio, e em saber que ali ela se sente como parte da sociedade, que ela pode sim ter uma condição melhor aprendendo com alunos e professores’’, diz a mãe.

Sistema educacional

Em todo o Distrito Federal, há 14 mil pessoas que precisariam de atendimento especial, mas só existem 13 unidades de ensino especializado, além de classes especiais em escolas públicas regulares que permitem até dois alunos com transtorno de desenvolvimento e também turmas de integração inversa, que são 15 alunos no total, sendo dois ou três com alguma deficiência.

Por Jaqueline Amanda

Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional.

Você tem o direito de:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato para qualquer fim, mesmo que comercial.

Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.

SemDerivações — Se você remixar, transformar ou criar a partir do material, você não pode distribuir o material modificado.

A Agência de Notícias é um projeto de extensão do curso de Jornalismo com atuação diária de estudantes no desenvolvimento de textos, fotografias, áudio e vídeos com a supervisão de professores dos cursos de comunicação

plugins premium WordPress