Psicóloga alerta que desinformação pode afetar saúde mental

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Diante do cenário eleitoral de 2022, a desinformação comum no Whatsapp, no Instagram e no Twitter virou algo considerado corriqueiro. 

A escalada das notícias falsas, especialmente na reta final da campanha eleitoral, levou o TSE a editar, no dia 20 de outubro, a Resolução 23.714, dispondo sobre o enfrentamento à desinformação que atinja a integridade do processo eleitoral.

Entre as medidas contempladas na referida resolução, foi estabelecido que, nas hipóteses de: divulgação ou compartilhamento de fatos sabidamente inverídicos ou gravemente descontextualizados que atinjam a integridade do processo eleitoral, o TSE pode determinar a exclusão de conteúdo das plataformas digitais, sob pena de multa de R$ 100.000,00 a R$ 150.000,00 por hora de descumprimento, (art. 2º, caput e §1º).

Para combater as fakes news nas eleições deste ano, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) firmou compromisso com as principais plataformas (Facebook/Instagram/WhatsApp, Twitter, Youtube e Telegram) para que elas tenham um monitoramento eficaz para identificar uma notícia falsa e retirar o post da plataforma imediatamente. Além disso, o TSE promete rapidez para apreciar as denúncias dos partidos e determinar a imediata retirada do conteúdo falso.

FAKE NEWS

As fake news são informações noticiosas que não representam a realidade, mas que são compartilhadas na internet como se fossem verídicas, principalmente através das redes sociais. Essas informações normalmente tem o objetivo de criar uma polêmica em torno de uma situação ou pessoa, contribuindo para o denegrimento da sua imagem.

Por ter um teor extremamente dramático, apelativo e polêmico, as fake news costumam atrair muita atenção das massas, principalmente quando estas estão desprovidas de senso crítico.

O período das eleições tem levantado o debate sobre o perigo das fake news. Ultimamente criou-se uma espécie de guerra entre os envolvidos no processo eleitoral para derrubar os candidatos adversários com a divulgação de notícias falsas na internet. E como identificá-las? Como saber se uma informação é verdadeira ou não? Será que estou compartilhando uma informação falsa? Esses são questionamentos diante de um turbilhão de informações que são jogadas na internet. 

Nos dias atuais já é possível identificar as fake news através de aplicativos e sites que tem o intuito de verificar a veracidade das informações. Essas plataformas também são conhecidas como fact-checking, elas analisam as notícias mais compartilhadas e verificam se os dados condizem com a realidade. Como exemplo dessas plataformas, temos: 

  • Agência Lupa: Em maio de 2019, a Lupa passou a integrar o The Trust Project, sendo a primeira plataforma especializada em fact-checking a fazer parte do consórcio mundial. A agência foi reconhecida como uma das organizações brasileiras que seguem os preceitos de transparência jornalística e de acessibilidade ao conteúdo pregados pela coalizão mundial, que conta com mais de 200 iniciativas de mídia.
  • E-farsas: Com a intenção de usar a própria internet para desmistificar as histórias que nela circulam, o E-Farsas nasceu no dia 1 de abril de 2002. O site tem em média 40 mil visitas únicas diariamente. Seu público é formado por 60% de homens e 40% mulheres e recebem cerca de 150 pedidos de pesquisas por dia.
  • Aos Fatos: É uma plataforma jornalística de investigação de campanhas de desinformação e de checagem de fatos. Sua produção se baseia em uma rigorosa metodologia de apuração e verificação reconhecida internacionalmente por meio de parcerias transnacionais, premiações e instituições de Estado.
  • Boatos.org: Criado em junho de 2013, o Boatos.org é atualizado diariamente graças a uma equipe de jornalistas ávidos em descobrir a verdade, o site foi criado justamente para compilar algumas destas mentiras que são contadas online. A intenção é justamente prestar um serviço para o usuário da internet. 
  • UOL Confere: É a divisão do UOL para checagem e esclarecimento de fatos.Tendo como norte os Princípios Editoriais presentes no Manual de Redação da Folha e o Código de Princípios da IFCN (International Fact-Checking Network, rede que reúne veículos especializados em checagem ao redor do mundo). 
  • Truco: O site verifica falas, correntes e informações em circulação na internet ou em redes sociais para saber se são verdadeiras ou não. O objetivo é aprimorar o discurso público e a democracia, tornando políticos e personalidades públicas mais responsáveis por suas declarações. A preocupação permanente do Truco é analisar diferentes discursos e pontos de vista, sem qualquer distinção partidária ou ideológica.

PERIGOS DA FAKE NEWS

Em meio há milhares de informações falsas, as fake news podem trazer efeitos negativos para a vida das pessoas. Ansiedade e até mesmo insônia, são problemas que se tornaram frequentes para muitas pessoas neste ano de eleição. Márcia Araújo, 54, diz que enfrentou noites sem dormir com medo do resultado das eleições diante das notícias falsas que consumiu nas redes sociais. “Ficava ansiosa e não sabia em quem acreditar” expõe Araújo. 

A psicóloga Bárbara Chagas, 27, explica que o excesso de informação e fake news podem prejudicar o indivíduo pois o retira da realidade, sendo necessário entender o porquê e o que acreditar diante de informações, procurar qual é o entendimento subjetivo do momento político atual e a vida do indivíduo. Bárbara acredita que a crença nas fake news explicam os desejos, as vontades de que aquilo seja verdade, principalmente por terem base em convicções pessoais. “O problema está quando isso gera uma quebra de realidade, e assim passam a entender aquilo com convicção, mesmo quando provado que era uma fake news” explica a psicóloga. 

Uma vez que as fake news têm como objetivo final manipular a opinião pública, provocam uma resposta emocional no leitor e, por isso, podem suscitar sentimentos de raiva, desconfiança, ansiedade e mesmo sintomas depressivos, distorcendo a percepção da realidade. O nosso cérebro guarda informações vitais para nossa sobrevivência. Portanto, devemos estar atentos a quais informações devem fazer parte disso. 

Diante das fake news, um trabalho com cerca de 25 mil estudantes chineses, publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health, constatou que os jovens mais suscetíveis a cair em fake news também se sentiam mais ansiosos e relataram piora no bem estar mental. Há um consenso entre especialistas de Medicina de que a saúde mental depende do bom funcionamento dos processos de aprendizagem, o que inclui a cognição, a memória e a modulação dos sentimentos, de maneira que as emoções não se apresentem excessivamente intensas como em um tsunami de sentidos e sensações. De acordo com o estudo, os danos se dão, principalmente, em pacientes que já têm algum diagnóstico de síndrome ansiosa ou depressiva. 

Sendo assim, conforme Chagas, o período de eleições é um período mais suscetível a desenvolver ansiedade por conta da incerteza do que acontecerá. A psicóloga alerta que, se for algo que está prejudicando o sujeito, é preciso intervir. Para Márcia, o período de eleições trouxe muitas fake news, principalmente no whatsapp, a administradora relata que diariamente recebia vídeos que eram perceptíveis alterações na voz dos candidatos. Márcia acredita que assim como ela, muitas pessoas passaram por momentos de incertezas e ansiedade diante das informações que eram disseminadas nas redes sociais. 

Nesse cenário, temos aparentemente uma organização semiprofissional na disseminação de fake news. Há uma cadeia de produção onde se fabricam as fake news que são distribuídas inicialmente para determinadas bolhas, que por sua vez são encarregadas de pulverizar as notícias para todas as mídias sociais. Esse processo acontece muito rapidamente, entre a criação de uma fake news e sua viralização não são necessárias mais do que algumas horas.

Um dos problemas notáveis neste período de eleição, foi o aumento de pessoas ansiosas. A psicóloga explica que a crise de ansiedade vem como a forma mais intensa de ansiedade já existente, conhecida como ansiedade generalizada. Muitas vezes vem em períodos de maior dificuldade, como um trauma ou estresse maior. Geralmente vem acompanhada de sintomas físicos, como: palpitações, sudorese excessiva, falta de ar e náuseas, “quando muito intensa, pode existir sensação de despersonalização, e um medo muito intenso, seja de perder o controle ou de morrer”, conclui Bárbara.

COMO COMBATER AS FAKE NEWS?

De acordo com o site Significados.com alguns passos podem ser seguidos para combater uma fake news

  1. VERIFICAR A ORIGEM

Notícias falsas são pobres de fontes. Quando uma informação não contém elementos jornalísticos básicos, como a referência daquilo que está sendo dito, por exemplo, a veracidade do texto passa a ser questionável.

2. LER TODO O CONTEÚDO

Um dos tipos mais comuns de fake news é quando o título da notícia é apresentado de modo desconexo com o restante da informação. Infelizmente, muitas pessoas compartilham conteúdos nas redes sociais, por exemplo, sem ler todo o texto e, assim, estão a disseminar ideias totalmente deturpadas sobre o que de fato ocorreu.

3. PESQUISAR OUTRAS FONTES

Quando recebemos alguma informação, não devemos confiar exclusivamente na primeira fonte de notícias. O ideal é pesquisar por outros veículos de comunicação credíveis e verificar se o conteúdo também foi publicado e quais as informações contidas nos diferentes textos.

4. CONFIRA A DATA DA PUBLICAÇÃO

Pode ser que a informação seja verdadeira, mas esta está a ser usada fora do seu contexto original. Por isso, antes de compartilhar uma notícia, por exemplo, é importante verificar a data em que ela foi publicada.

5. CONFIRA OS AUTORES

Outra dica é conferir a identidade dos autores do texto e procurar um histórico de trabalhos que já foram feitos por essas pessoas. Em muitos casos os autores de uma fake news podem ser falsos, por isso caso não haja nenhum indício de quem escreveu a informação, a probabilidade de se tratar de uma notícia falsa é alta.

6. SENSO CRÍTICO EM ALERTA

O mais importante é ter a capacidade de questionar as “verdades”, não aceitando tudo como se fosse absolutamente real apenas porque “leu na internet”.

Quer saber sobre como reconhecer uma fake news relacionada às eleições? Confira a página do Tribunal Superior Eleitoral que desmente informações falsas sobre o processo eleitoral. 

Por Marina Tuchal

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