Pesquisa aponta que uso excessivo de telas por crianças aumenta risco de depressão

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Pesquisa aponta que há uma piora na saúde mental de crianças pelo uso excessivo de telas. O estudo foi realizado pelo Programa de Pós-graduação em Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Entre os 142 artigos analisados pela pesquisadora Renata Maria Silva Santos, 72% apontam um aumento da depressão associado ao uso excessivo de telas.

Fonte: Freepik

O uso de smartphones, tablets, computadores e televisões por crianças se intensificou durante a pandemia da covid-19, extrapolando o limite recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A entidade estabelece que menores de 2 anos não devem ter nenhum contato com telas; dos 2 aos 5 anos de até uma hora por dia; e entre uma e duas horas por dia para os de 6 aos 10 anos.

Segundo outro estudo realizado pela UFMG, em parceria com outras universidades brasileiras, após a pandemia, em 2021, houve um aumento significativo no uso de telas por crianças e adolescentes. E dentre os 6.000 pais entrevistados, 51% deles declararam que o tempo diário de uso dos filhos passou de 4 horas. E 24%, entre duas e três horas de uso.

Fonte: Roberta Leite

A psiquiatra geral do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), Cassia Marques, esclarece as consequências no desenvolvimento cognitivo das crianças pelo uso excessivo de telas, destacando a aceleração do cérebro e, consequentemente, a diminuição da atenção e da capacidade de concentração, devido à rápida velocidade de transmissão das informações.

Fonte: Arquivo pessoal

Há também os problemas de saúde mental, principalmente a ansiedade, desencadeada pela diferença entre a velocidade que a informação é transmitida e recebida pelo cérebro. A médica também destaca: “A preocupação com crianças em relação ao tempo excessivo gasto em frente às telas é maior devido à dificuldade na mudança dos hábitos adquiridos na infância”.

Os pais devem manter-se atentos ao comportamento das crianças para determinar se o uso de dispositivos eletrônicos está prejudicando a saúde mental de seus filhos, como a imitação de atitudes e vocabulários que não são da família. E também o prejuízo na memorização, por exemplo, se a criança lembra apenas do que vê e não do que escuta, além de não memorizar o que vem de outras fontes, como livros, destaca Cassia.

Caso haja o vício nas telas, é necessária a intervenção, sendo a suspensão total dos dispositivos eletrônicos e a estimulação do interesse por outras coisas, como desenhar, brincar e ler, para a criança começar a perceber o mundo por meio de outras fontes.

A pediatra do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSI) de Sobradinho, Roberta Leite, relata que a grande maioria dos pacientes que atende faz o uso inadequado de telas, excedendo o limite estabelecido pela SBP.

Fonte: Arquivo Pessoal

A médica ressalta a importância de um pequeno gesto, como a troca de olhares entre um bebê e a mãe, para o desenvolvimento mental e afetivo da criança. “Essa relação produz um hormônio na mãe que promove sinapses importantes no bebê, e isso não pode ser substituído pela tela.”

Outro fator importante é o desenvolvimento da linguagem, que não está relacionado somente com as habilidades de comunicação, mas também com as habilidades cognitivas e sociais. “É muito frequente bebês e crianças pequenas apresentarem um atraso na linguagem, uma vez que fazem o uso exagerado das telas e não possuem o estímulo correto. A criança é estimulada a partir da conversa com a mãe, do olho no olho, do toque nos objetos, a voz dos pais, e não ficar olhando para uma tela”, diz Roberta.

Angélica Campelo e Luiz Carlos Bezerra são pais do pequeno Miguel Campelo, de 6 anos. O pai conta: “Quando ele usava telas por mais tempo percebemos que demorava a dormir e as falas também estavam relacionadas aos desenhos que assistia”. Com isso, estabeleceram o limite de 1 hora diária, para os dias de semana após realizar todas as tarefas. E 3 horas totais aos finais de semana.

Fonte: Arquivo Pessoal

Com Christina Menhô e Paulo Lacerda, pais de Arthur e Douglas Menhô, de 11 anos, o problema era em relação à postura que tinham devido ao uso de telas. “Notei uma mudança de postura, prejudicando a coluna e cervical”, conta a mãe. Agora as crianças possuem atividades extracurriculares, como natação e futebol. Além de possuírem o limite diário de 1 hora nos dias de semana, após concluírem todas as responsabilidades, e aos finais de semana 5 horas.

Fonte: Arquivo Pessoal

Os pais ressaltam também que sempre supervisionam o que os filhos estão assistindo e que os conteúdos impróprios são bloqueados.

Por Roberta Leite

Supervisão de Katrine Boaventura

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