
Todos os anos milhares de estudantes fazem provas que decidirão o futuro profissional. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016, por exemplo, registrou um total de 9.276.328 inscritos. Para a prova deste ano já são 6,7 milhões de inscritos até junho, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). E houve mudanças com relação aos processos dos anos anteriores.
Agora a avaliação será realizada em dois domingos consecutivos: 5 e 12 de novembro. A redação será no primeiro dia e as provas virão com o nome do candidato. Também haverá possibilidade de o participante solicitar tempo adicional no ato da inscrição. Pessoas com deficiência visual poderão, ainda, realizar vídeo prova em libras.
No entanto, nem todos que participam do Enem têm condições de pagar um cursinho ou ter as orientações necessárias na escola onde estudam. Com isso, um grupo de professores se uniu e, juntos, começarão a dar aulas focadas no conteúdo da prova para aqueles que não possuem condições de pagar um curso pré-vestibular. O projeto, batizado de Maratona Enem, contará com professores de cursinho do Distrito Federal. Um deles é o docente de biologia Leonardo Cavalli que foi convidado para compor o grupo.
Ele e alguns colegas de profissão atuaram durante dois anos em um outro projeto voluntário, mas sentiram vontade de terem o próprio e o vão começar a colocá-lo em prática ainda este ano. O programa vai oferecer aulões gratuitos com orientações e revisões relacionadas ao exame oferecidas de modo dinâmico com o objetivo de captar ao máximo a atenção dos alunos.
Além disso, também será trabalhado o lado emocional dos estudantes. “Nesse projeto daremos toda preparação sobre o modelo da prova e como funciona a teoria de resposta ao item, método utilizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) nas provas do Enem”, comenta Leonardo que possui experiência na área de avaliação com foco nas provas externas e métodos de aprendizagem.
O grupo está nos preparativos finais antes de começar a divulgação oficial e, até agora, o que se sabe é que as aulas acontecerão a partir de agosto e vão até a véspera da prova, sempre aos sábados, de 13h às 18h. As inscrições serão feitas por um site que será divulgado juntamente com mais detalhes do projeto no final de julho.
Vestibular cidadão
Outra iniciativa voluntária partiu de alunos da Universidade de Brasília (UnB) que oferecem um cursinho para vestibulares também gratuito em escolas da rede pública. É o caso de Aurélio Venturelli, 26 anos. Formado em química pela UnB ele entrou no projeto como aluno, mas atualmente é professor voluntário.
O projeto se chama Vestibular Cidadão e existe há aproximadamente 15 anos. Desde então aprovou mais de 300 alunos na UnB pelo vestibular e pelo Enem. O curso é voltado para alunos ou ex-alunos de escolas públicas ou bolsistas integrais em escolas privadas. Para selecionar os participantes é feito um processo seletivo divulgado na página do Facebook do Vestibular Cidadão.
No primeiro semestre do ano, o pré-vestibular é focado na prova da UnB. Já no segundo semestre é voltado para o Enem. Algumas semanas depois do exame os professores visam o Programa de Avaliação Seriada (PAS) da UnB.
O Vestibular Cidadão também procura integrar os alunos por meio de feiras de ciências, profissões e confraternizações. “Nos diferenciamos dos outros cursinhos por termos um olhar mais humano para os alunos. Não os vemos somente como números”, comenta Aurélio.
Preparação
O desafio, no entanto, vai além do conteúdo da avaliação. Envolvem apoio familiar para aliviar a pressão, inovação nos métodos de estudo, foco e alguns momentos de lazer para descontrair. A maioria dos vestibulandos procura ingressar em uma universidade pública, como é o caso de Bárbara Fortunato, 19 anos. Com a intenção de cursar odontologia, ela está, atualmente, em um cursinho preparatório.
A primeira prova que Bárbara fez foi o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no 2º ano do ensino médio. Na época, ela participou da avaliação para treinar, conhecer a realidade da prova e se acostumar com o estilo. No fim do 3º ano do ensino médio a jovem estava indecisa em relação ao que fazer na faculdade, mas sempre quis um curso na área de saúde: ficou em dúvida entre medicina e odontologia. Para definir o curso, buscou opiniões e acompanhou um pouco da rotina de um dentista, pai de uma amiga.
Para ela, o emocional influencia no rendimento das provas. “O estresse e o emocional sempre foram as partes mais complicada para mim. No início da minha vida escolar tinha uma certa dificuldade e medo na hora das provas. Tive ajuda de um psicólogo e, com o tempo, me acostumei e enfrentei o medo.”
A mãe de Bárbara, Maria Vitória Fortunato, 42 anos, é fisioterapeuta e procura dar suporte emocional e distrair a filha da pressão dos vestibulares. Ela procura incentivar passeios e momentos de lazer e não cobrar demasiadamente sucesso no vestibular. “O apoio e a compreensão dos pais e familiares são fundamentais para o êxito nas provas de vestibular”, afirma a fisioterapeuta.
Já Pedro Vitor Gomes tem 17 anos, está no 3º ano do ensino médio e, assim como Bárbara, acredita que é mais importante ter um psicológico bem preparado do que propriamente o conhecimento. “Existe muita pressão vindo dos pais e da escola, mas é uma coisa que eu sei lidar. Sou acompanhado por um psicólogo e acho muito importante ter alguém para trabalhar a nossa parte emocional”, afirma o estudante.
Pedro prestará vestibular para medicina. Ele conta que o interesse pela área surgiu desde pequeno. O jovem pretende entrar para universidades públicas por meio do Enem e, para isso, tem se preparado com um plano de estudos revisando as matérias dos anos anteriores e intensificando o conteúdo deste ano. “Este é um ano de muita pressão, mas se controlar o emocional e as coisas ocorrerem como planejado tudo vai dar certo”, espera.
Por Maria Carolina de Morais
Sob supervisão da professora Isa Stacciarini