Foram expulsos, impedidos e interditados. Em casa, ouviram gritos. Nas ruas, xingamentos. Na sala de aula, piadas. Muitas piadas (audíveis ou aquelas feitas às escondidas). Tudo sempre carregado de olhares de reprovação. Às vezes dos colegas. Tantas vezes de professores, acredite. Aliás, é no lugar sacro ou pecaminoso do estudo que entendiam: deveria ser um lugar de proteção e de crescimento. Fariam novos amigos, uma nova vida, de “gente fina, elegante e sincera.” Povo “cabeça”. Ahhh a juventude, de tantos sonhos. Mas não foi assim. Por vezes, o presente-pesadelo. Precisaram implorar e choraram sem ter muitos ombros para isso. Cada uma dessas pessoas busca apenas o próprio caminho, uma saída.
Entrevistamos nove jovens que estavam preocupados com a educação, acesso à sala de aula, mercado de trabalho… No Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), por exemplo, uma conquista foi poder se inscrever com o novo nome e não o de batismo. São pessoas de diferentes partes do país que têm na memória do passado-presente-futuro as dores, os preconceitos, os ecos do machismo e tantas formas de conservadorismo. De onde vem a força ou a esperança de encarar uma sala de aula? Alguns descobriram em cursos exclusivos para trans. Outros acham que não é o melhor caminho. Afastamento por questões de gênero continua incompreensível no século 21. Mas eles decidiram: não vão fugir.
Eles querem estudar.
Quer saber mais? Leia nossa reportagem abaixo:
Por: João Victor Bachilli, Bruna Maury
Produção: Isabella Cavalcante e Beatriz Castilho
Artes: Bruna Maury, Camila Campos, Marcelo Lima