“Você vai morrer”. Foi com susto que a professora Kátia Assis recebeu uma ameaça já neste mês de abril. Ela é professora há 28 anos em uma escola municipal no bairro Céu Azul, na cidade de Valparaíso de Goiás (GO). A Polícia Civil abriu investigação.
A professora não detalha, mas diz que já sofreu agressões de alunos. Mesmo assim, nunca pensou em desistir da profissão. “É um pouco estressante. Muitas vezes, as famílias desestruturadas contribuem muito para essas agressões dos alunos; alunos sem limites, que não respeitam os pais”.
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Na última pesquisa com professores da rede pública do Distrito Federal, realizada pelo sindicato da categoria em 2018, 97,5% dos professores disseram que já haviam presenciado algum tipo de violência na escola. E a maioria (57,98%) dos docentes já havia sofrido algum tipo de violência. Essas agressões eram atribuídas principalmente a estudantes (43%) e pais de alunos (29%).

Para o psicólogo Wanderley Codo, o aumento dessas agressões dentro das escolas tem relação também com o ambiente sociopolítico e com o avanço da extrema direita ao poder no Brasil.
“Houve incentivo do discurso de ódio durante 4 anos. É claro que em um jovem é muito mais fácil incorporar esse discurso do que em uma pessoa mais velha. Toda a propaganda fascista foi feita no sentido de deixar a pessoa à vontade para matar; você não será punido se matar, você vai virar herói. Isso deixa principalmente o jovem muito à vontade”
De acordo com o profissional, os educadores possuem uma importante função no combate à violência. “Os professores precisam ter um papel forte na propaganda antifascista. Combate à ideologia fascista e defesa da democracia dentro das escolas 24 horas por dia. Muitas pessoas acham que ter opiniões fascistas é liberdade de expressão. A extrema-direita perdeu as eleições, mas o fascismo ainda não acabou.”
Professora por amor
Para a professora Ana Cristina Batista, 55 anos, trabalhou como professora por 30 anos no Gama. Ela considera que a escola tem se mostrado um ambiente muito violento. “Na escola em que trabalhei já ocorreram enfrentamentos de gangues. Nunca pensei em desistir. É o amor pela profissão’
Ela explica que a rotina é muito estressante. “Mas o amor pela profissão é maior. É preciso ter um jogo de cintura muito grande”.
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Por Fernanda Ghazali
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira