Apesar do começo abaixo do esperado da atual temporada do NBB, Brasília e Cerrado mantêm expectativas altas e planejam voltar aos playoffs em pouco tempo, levando a cidade de volta às disputas dos mais importantes títulos.
Dois atletas do Cerrado conhecem bem o cenário esportivo local. Os alas Paulo Lourenço e Daniel Von Haydin jogam hoje na equipe cerradense, mas Paulo atuou pelos Lobos entre 2015 e 2017, enquanto Von Haydin esteve na primeira temporada como Brasília Basquete em 2018/19.

Paulo, hoje um dos capitães do time, diz que uma rivalidade saudável no esporte sempre é bem vinda e que isso faz os dois times se esforçarem ao máximo para trazer o basquete de alto nível para Brasília.
Apesar do começo de temporada ruim, Paulo considera que a equipe vem crescendo bastante, não só nas quadras, mas em outros aspectos como estrutura, comunicação, investimentos e em outros níveis como as categorias de base e as equipes femininas.
O experiente ala, presente no Cerrado desde a primeira temporada do clube na liga, considera que o Cerrado se diferencia de seus rivais por ir além do NBB. O atleta destaca os projetos sociais e núcleos de desenvolvimento em diversos lugares do DF e o investimento em todas as áreas das categorias de base e no basquete feminino.
Von Haydin concorda com seu companheiro em relação à rivalidade local, considerando-a necessária para a cultura do basquete na cidade. O jovem ala-armador cerradense acredita que o Brasília, por levar o nome da antiga equipe multicampeã, tem um peso maior no cenário nacional, conseguindo mais parcerias. Apesar disso, ele acredita que o Cerrado, um projeto mais novo, enxerga de uma forma mais ampla o esporte, tendo um interesse maior no desenvolvimento da modalidade.
De olho no futuro
Uma vantagem que o jogador acredita possuir em relação aos rivais é o Ginásio da ASCEB, antiga casa do Brasília Basquete. Apesar de destacar que são dois ginásios icônicos, Von Haydin diz que a ASCEB, por ser menor, acaba gerando mais barulho.

Nascido em Brasília e um dos grandes ídolos do basquete nacional, Arthur Belchor esteve presente nos tempos de glórias dos Lobos e voltou em 2018 com a formação do BRB/Brasília após duas temporadas atuando pelo Vitória. Tendo deixado a cidade quando jovem pela falta de um time para jogar na capital, Arthur ressalta o aumento de oportunidades para os atletas com a presença de dois times no campeonato nacional.
Apesar de ser um time diferente dos Lobos Brasília, o Brasília Basquete herdou para muitos a identificação com o antigo time. Presente nas duas épocas, Arthur diz que a falta de vitórias nas temporadas mais recentes vêm contribuindo para que o público perca o interesse pelo esporte que teve no começo da década passada.
O ala de 40 anos ressalta que, ao contrário da época dourada dos Lobos entre 2009 e 2015, os times brasilienses hoje sofrem com a falta de investimento. As baixas receitas acabam sendo um dos principais fatores para as campanhas ruins da dupla nos últimos anos e uma mudança de cenário se mostra improvável sem apoio financeiro sólido.
As duas equipes buscam agora alcançar o primeiro objetivo que é chegar aos playoffs. Na atual temporada o Brasília se encontra no 12° lugar, último da zona de classificação à próxima fase. Após duas temporadas seguidas em que a equipe terminou na última colocação, o começo é promissor e permite que os torcedores se animem.
Reforços
O Cerrado, por outro lado, se encontra em último com apenas uma vitória em dez jogos. Apesar do começo ruim, a equipe trouxe jogadores estrangeiros como Keyron Sheard, AJ Harris e Rashaun, que vem se destacando na equipe.
Além dos jogadores, a maior mudança no clube seja o novo treinador. O experiente Quentin Hillsman assumiu a equipe nesta temporada após mais de uma década trabalhando no basquete universitário americano por Syracuse.
Apesar de o momento dos rivais brasilienses ainda estar longe do nível que se via na cidade no começo da última década, os dois times vem fazendo o possível para voltar a trazer troféus para a cidade que já foi um dos mais tradicionais pólos do esporte no Brasil.
Por Henrique Sucena
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira