Brasiliense praticante de breaking busca patrocínio para as Olimpíadas de Paris

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Pela primeira vez na história, o break dance fará parte da grade de modalidades das Olimpíadas de Paris, marcada para acontecer em 2024.

A entrada do break dance nas Olimpíadas foi fundamental para o brasiliense Ricardo Henrique da Silva, mais conhecido como “Toddy CR7”. O ‘b-boy’ de 29 anos afirmou que sua paixão pelo break dance e pela Cultura Hip-Hop surgiu aos 12 anos, quando via seus amigos dançando na escola.

Introduzido incialmente em 2018 nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Buenos Aires, o  ‘breaking’, — como é chamado por muitos, é mais uma categoria estreante na competição cercada por expectativas positivas, após o grande sucesso do surfe e do skate, nas Olimpíadas de Tóquio em 2020. A ideia partiu do Comitê Olímpico Internacional (COI), com o objetivo de trazer mais jovens para a competição. 

Começou na escola

“Eu via o meu amigo Daniel e os integrantes do grupo dele na escola, quando era novo, mas eu sempre tive essa paixão pelo Hip-Hop, e ao ver eles dançando, na mesma hora eu tive vontade de aprender”.

Ricardo explica que com isso foi atrás de um amigo, apelidado por ele de Galeguinho, para saber se o companheiro poderia ensiná-lo um pouco do que sabia. “Perguntei se a gente podia se encontrar, para eu aprender uns passos, e ele disse que sim. Ele também já sabia alguns passos, e nisso ele pegava tudo o que ele aprendia e passava pra mim”, afirmou. 

Além disso, Toddy ainda afirma que também se motivou a entrar no universo do ‘street dance’ pela capacidade de chamar a atenção das garotas de sua comunidade com seus movimentos. “Quem dançava Hip-Hop pegava muito menina, tá ligado? Então eu tinha esse pensamento, que precisava estar nesse meio”, ri. 

Apesar de falar abertamente sobre essa ter sido, inicialmente, sua principal motivação para começar a dançar, o brasiliense explica que sempre foi um grande admirador da cultura de rua, e que, em diversos aspectos, até na maneira como se vestia, foi influenciado a permitir que essa paixão florescesse.

“O Hip-Hop me trouxe essa parada, essa vontade de me vestir com roupas mais largas, de ser diferente, sabe?”. E então foi aí que, segundo ele, começou a treinar e a se envolver cada vez mais com o breaking.

Com isso, como em todo esporte que passa a ser levado com mais seriedade por seu praticante, vieram as competições. No início, Toddy explica que competia apenas em sua comunidade, em festas durante a noite e em boates, mas que, ao ser motivado por um colega, decidiu que participaria de campeonatos de fato. 

“A primeira vez que eu fui, fomos eu e o Jeremias, meu parceiro, para uma competição em Sobradinho, que era para iniciantes. E a gente ganhou”, relata.

Satisfeito com seu primeiro título, passou a utilizar a conquista como motivação, pois entendeu que poderia se tornar um dançarino visado se projetasse um futuro para si no break dance. 

Pensou em desistir

EToddy passou a treinar diariamente, onde, apesar da tamanha dificuldade que enfrentou – e ainda enfrenta –  para alcançar seus objetivos, perseverou. “Eu pensei em arranjar outro emprego, em fazer outra coisa”, explicou o dançarino. Por não possuir dinheiro o suficiente para competir em locais fora de Brasília e entorno, Toddy precisou se virar para expandir a visibilidade de sua arte. “É complicado, porque nem habilitação eu tenho. Então precisei dar um jeito para chegar onde eu queria”. 

Ricardo relata que arranjou uma solução na função de engraxate, e que somente com esse dinheiro, foi capaz de chegar à cidade de São Paulo, local onde ganhou sua primeira competição fora de Brasília, em 2010. “Muitas pessoas pararam de dançar por causa dessas coisas, mas eu não. Quando Deus bota a mão, já era”, explica, orgulhoso. 

Quando perguntado sobre os retornos que o break dance proporciona a ele, Toddy explicita que, por mais que esteja subindo degrau atrás de degrau, não são todos que conseguem seguir seus passos. “O break não é pra qualquer um, tiveram muitas pessoas de Planaltina que dançavam com qualidade, mas que com a falta de apoio ao esporte tiveram que desistir do sonho”, esclarece.

Apoiadores de um sonho

A página “RapMais” que noticia os acontecimentos mais marcantes do “universo street” também foi devidamente lembrada e agradecida por Toddy por terem sido os primeiros a darem visibilidade à sua história. O ‘b-boy’ continuou salientando sobre a importância do patrocínio para o crescimento das competições. 

“Quem tiver patrocínio estará bem na pontuação. Além de ter uma boa alimentação, como qualquer atleta comum, é de extrema importância que também exista um apoio financeiro”, argumenta. O mesmo explica que, para conseguir viagens para competir fora do estado, e assim melhorar o ranqueamento, essa “mãozinha” é algo extremamente proveitoso. “Ajuda nas despesas de casa e ainda deixa o atleta bem mentalmente, a excelência nos movimentos é muito maior quando você está despreocupado”.

Ricardo Henrique afirma que quer deixar um legado na cena do Hip-Hop brasileira, e diz que tem como objetivo inspirar jovens que vieram do mesmo lugar que ele, além de conquistar cada vez mais pessoas para esse universo. Até o momento, o artista conta com apoio de duas marcas apenas, e está em busca de mais visibilidade para alcançar o sonho de competir nas olimpíadas.

“Hoje conto com o apoio da “Badboy BSB”, minha fornecedora de roupas, e a academia evolve, que disponibiliza o ambiente de treinamento”. Além disso, Toddy salienta que possui uma rotina de treino na academia, para o fortalecimento dos músculos, onde, além disso, treina seus movimentos na área de dança. Sua rotina completa de treinamento é de mais ou menos 8 horas por dia.

Veja a entrevista na íntegra e saiba mais sobre o promissor atleta brasiliense acessando o link abaixo:

Por Torgan Magalhães

Vídeo: Caio Figueiredo e Gabriel Botelho
Foto: Arquivo pessoal
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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