O jogador Ângelo Gabriel, nascido em 2004 no Distrito Federal, tem atraído a atenção dos clubes e da mídia. Ele é mais uma joia produzida nas categorias de base do Santos e uma das grandes promessas para a Seleção Brasileira em um futuro não tão distante. O primeiro treinador do jogador, Flávio Bastos, diz que ele faz a diferença desde os primeiros campeonatos.
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Bastos trabalha desde 2006 com a escola do Santos e ajudou na formação de diversos atletas ao longo dos anos. O técnico conta que Ângelo chegou aos cuidados da equipe e ganhou uma bolsa por meio de um antigo parceiro do clube que levou garotos de diferentes regiões administrativas para treinar com o time.
Na escola, os treinadores perceberam o talento do menino à medida em que disputava mais campeonatos na cidade e identificaram características similares aos valores buscados pela equipe paulista, fazendo com que ele fosse levado para testes na Vila Belmiro.
A escola, localizada no Centro Social de Lazer da Novacap (CELACAP), tem tradição nos campeonatos de categorias juniores tanto no Distrito Federal quanto fora dele, tendo se sagrado campeã do torneio mundial Go-Cup, realizado em Aparecida de Goiânia em 2018.
Bastos conta que houve uma relação de franquia com o Santos FC até 2019, quando o contrato se encerrou e, por conta de problemas derivados da suspensão dos treinos pela pandemia, não foi renovado. Hoje o time atua como escola independente utilizando o nome Escola de Futebol Santos-DF.
Cobiçado
Com apenas 18 anos, o garoto costuma figurar entre os titulares da equipe santista e traz os olhares de times do futebol europeu. Ângelo ganhou notoriedade em 2021 em partida contra o San Lorenzo em Buenos Aires e se tornar o jogador mais jovem na história a marcar um gol em Libertadores, com apenas 16 anos de idade.
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A trajetória da joia santista começou no Distrito Federal jogando sozinho na casa de sua família em Samambaia. Por meio de uma bolsa, o garoto chegou até a Escola de Futebol Santos-DF, antiga filial do Santos na cidade, que tinha o objetivo de formar jogadores para o clube.
Agora com 18 anos, o ponta direita busca afirmação no time titular do técnico Odair Hellmann e sonha com uma transferência para o futebol europeu no ano que vem. Antigos treinadores do atleta na escolinha do Santos em Brasília dizem que Ângelo não esqueceu suas raízes e já voltou mais de uma vez para visitar o local onde tudo começou.
Apesar de sua trajetória no profissional ainda estar no começo, a história do menino de Samambaia que chegou a Vila Belmiro inspira os jovens que hoje atuam na escola. Em suas visitas à capital, o atacante faz questão de conversar com os meninos que o veem como referência e lembrá-los de que com esforço a realização do sonho de virar um jogador profissional é possível.
Escolinha do Santos
Começo no Profissional
Nascido em Brasília e criado em Samambaia, Ângelo começou a encantar os gramados nos campos da Celacap, clube da Novacap no SIA. O garoto capturou olhares de diversos clubes, mas o peixe chegou primeiro e levou a jóia de Brasília para Santos, em 2013.
Após ingressar nas categorias de base do alvinegro praiano, em 2015, o atacante deslanchou e em cinco anos, aos 15 anos de idade, já estava fazendo aparições pela equipe sub-20 do Santos. Em outubro do mesmo ano, o garoto foi promovido ao primeiro time pelo então técnico Cuca e desde então integra o time profissional do Peixe, tendo estreado em Outubro de 2020 contra o Fluminense no Maracanã aos 15 anos. Com a partida, o jovem superou Pelé ao se tornar o segundo jogador mais jovem a estrear pelo Santos, perdendo apenas para o ídolo Coutinho.
O primeiro grande momento de destaque para o garoto veio em abril de 2021 na Argentina, quando o atacante fez o terceiro gol da vitória do Santos por 3×1 sobre o San Lorenzo e se tornou, com 16 anos e 3 meses, o jogador mais jovem a marcar um gol na história da Copa Libertadores.
Desde então, Ângelo vem sendo introduzido ao time titular pelos diversos treinadores que passaram pelo clube nos últimos dois anos, ainda sem ter seu lugar entre os 11 iniciais garantido.
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Seleções de Base
Ainda sem convocação para a Seleção principal, Ângelo já representou o país nas categorias sub-15, sub-17 e sub-20. O atleta estava na lista do técnico Ramon Menezes para o Campeonato Sul-Americano sub-20 que ocorreu na Colômbia no início do ano, mas o Santos não aceitou ceder o jogador para o torneio, que acabou com o Brasil campeão e classificado à Copa do Mundo da categoria.
Apesar de não ter disputado a competição, Ângelo ainda tem oportunidade de jogar o mundial na Indonésia entre os meses de Maio e Junho deste ano, mas depende novamente de liberação da diretoria santista.
Momento Ruim
O momento na Vila Belmiro é longe do ideal. Pelo terceiro ano seguido o clube ficou de fora da fase final do Campeonato Paulista, com o rebaixamento no estadual tendo sido um perigo constante desde 2021. Com o mau desempenho no torneio, o Santos não tem vaga garantida para a próxima Copa do Brasil e depende agora de uma classificação por meio do Brasileirão ou então pela conquista da Copa Paulista para disputá-la em 2024.
Apesar das classificações contra Ceilândia-DF e Iguatu-CE na Copa do Brasil deste ano, a equipe de Odair Hellmann vem sendo muito criticada pela torcida e jovens como Ângelo, que ainda não balançou as redes na temporada, não se isentam das reclamações. Para o resto do ano o Santos não terá a oportunidade de disputar a Copa Libertadores, tendo terminado fora da zona de classificação no último Brasileirão, e terá que disputar a Copa Sul-Americana, onde foi eliminado no ano passado pelo Deportivo Táchira, da Venezuela.
A situação para o surgimento do jovem atacante é bem diferente da de outros na posição que surgiram dos Meninos da Vila. Atletas como Neymar, Robinho e Rodrygo surgiram no Peixe neste século em épocas onde o clube brigava por títulos e proporcionava aos jovens momentos para brilhar. Com o momento turbulento, o início de carreira do menino de Samambaia apresenta grandes desafios para serem superados.
Sobre a instabilidade atual no clube, Flávio Bastos ressalta que o Santos é o único clube que diz em seu estatuto que tem que ser utilizado 10% da base no profissional e que por isso muitos meninos são atraídos para lá e o clube utiliza essa filosofia para gerar talentos para o time e eventualmente como uma fonte de renda com as vendas dos atletas.
Bastos acredita que agora com a chegada das SAFs, que transformam os clubes em clube-empresa, ao futebol brasileiro, vai ser difícil para times como o Santos sobreviverem e se manterem no nível de outros sem aderir ao modelo de gestão.
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Interesse de Fora
Com a má fase do Peixe em 2023 e a pressão da torcida aumentando para cima do jovem, o interesse de outros clubes na jóia santista começou a aparecer. Recentemente o Flamengo acenou com uma proposta de 12 milhões de Euros, cerca de R$ 66 milhões, e agradou a diretoria paulista, mas o atleta recusou e preferiu ficar no clube que o revelou.
Sobre uma possível ida para o Flamengo, o treinador Flávio Bastos acredita que seria do interesse do jovem uma mudança de ares para que a pressão diminua e ele possa apresentar seu melhor futebol. O ex-técnico do atacante em Brasília diz que Ângelo ama o Santos, mas que com os problemas do time para contratar jogadores a dependência e, consequentemente, a pressão sobre os jovens aumenta e faz com que a transição da base para o profissional seja prejudicada. Assim, Bastos acredita que uma ida para um clube mais estruturado como o Flamengo poderia trazer calma para o desenvolvimento como jogador.
Berço Futebolístico
Flávio Bastos diz ver o Distrito Federal como um berço para o futebol nacional. O treinador destaca que apesar da imagem ruim que o futebol brasiliense apresenta, o trabalho de base no DF é muito forte e ressalta a conquista da escola Santos-DF de um torneio mundial em 2018.
“Aqui tem um trabalho muito bom, muitos jogadores saem daqui. As equipes infantis de Brasília que vão disputar campeonatos fora sempre estão chegando entre os finalistas.”
“Aqui nós temos muita matéria prima que os caras estão pegando muito cedo para poder botar dentro da filosofia de trabalho de cada equipe, então talento nós temos. A gente está no caminho certo na base, mas obviamente os atletas aqui estão nas mãos das escolas porque os clubes não apoiam.”
Por Henrique Sucena e Ana Beatriz Martins
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira