Apesar das recomendações e dos benefícios da atividade física, com exercícios regulares, para a saúde corporal, o sedentarismo permanece como um problema no Brasil.
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Os últimos dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas indicam que 84% dos jovens brasileiros (entre 15 e 29 anos) são sedentários.
A falta de motivação e a rotina pesada são as principais razões para a falta de exercícios físicos no cotidiano.
Thiago Ferreira, de 24 anos, estudante de direito em Brasília, atualmente no segundo semestre, concilia os estudos com um trabalho em uma empresa de consultoria fundiária, das 9h30 às 18h30.
Ele vai para a faculdade às 19h e só volta para casa entre 22h e 23h. Antes de dormir, ele janta e faz uma pequena faxina para finalmente dormir e reiniciar o ciclo às 7h30 da manhã.
Seu corpo não passa ileso pela rotina exigente. Ele se queixa de constantes dores na região lombar. Na opinião do estudante, isso se deve ao fato de ele passar a maior parte do tempo sentado.
Movimentos repetitivos
De acordo com o fisioterapeuta Vitor Carioca, formado em athletic training pela West Virginia University , as principais lesões relatadas por estudantes universitários têm relação com movimentos repetitivos em uma rotina de pouca atividade física e muito tempo de digitação no computador.
“Geralmente essas dores têm relação com movimentos repetitivos (LER), tanto de rotina quanto do uso excessivo de redes sociais. A gente recebe muita queixa de dor no trapézio, pescoço, lombar”. Outras lesões relatadas são hérnias de disco, lesões da patela do joelho e o próprio sobrepeso.
“O corpo é muito inteligente. Ele não se coloca em posições que irão gerar lesões, de forma mais confortável. Porém ao travar ele também causa dor, e ainda dificulta a circulação de nutrientes e do sangue “, diz o fisioterapeuta.
Em um relatório de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou suas diretrizes a respeito dos exercícios físicos.
A entidade indica 150 a 300 minutos de atividade física moderada, e entre 75 e 150 minutos de atividade física aeróbia intensa. É recomendado também que em ao menos dois dias na semana os adultos façam exercícios de fortalecimento muscular.
O professional diz que, dentro de uma rotina universitária de pouco tempo livre, é importante encontrar um espaço na agenda para praticar exercício, mesmo que de baixa intensidade. Primeiro como forma de “quebrar” a própria rotina, deixando-a menos “maçante”.
Estilo de vida
Já o educador físico e nutricionista André Seroto argumenta que esses espaços precisam ser necessariamente fixos, pois só assim eles podem efetivamente se manter no “estilo de vida” universitário.
Além disso, Seroto indica outros benefícios, que incluem a promoção da circulação sanguínea, a prevenção de doenças, fortalecimento do sistema imunológico, e outras questões relacionadas com a vida social, como a melhora do humor e maior disposição no dia-a-dia.
A importância dos exercícios físicos na rotina se dá justamente pelo movimento que evita as dores e lesões causadas pela falta de movimento. Diversas doenças também podem ser evitadas no longo prazo, como a osteoporose e problemas relacionados ao acúmulo de gordura nas artérias.
Exercícios além do corpo
O aspecto psicológico também é fundamental para construir uma rotina mais saudável. A definição de metas e objetivos é necessária para que os exercícios se tornem perenes no dia a dia não só como obrigação, mas como algo prazeroso.
Alimentar-se adequadamente é um outro aspecto que precisa estar alinhado com o cotidiano de exercícios físicos.
Seroto informa que projetar uma alimentação saudável com ajuda de nutricionistas é fundamental não somente para conseguir resultados na aparência física, mas também para evitar transtornos alimentares e outras doenças, como diabetes e alimentação.
Thiago Ferreira entende isso, e sente que deveria praticar exercício no futuro. Entretanto, ele mesmo aponta três fatores para adiar esse novo elemento em sua rotina: a falta de tempo, dinheiro para encontrar alguma academia ou esporte adequado, e a própria vontade de dar o primeiro passo.
Rotina
Seroto reconhece as dificuldades de aplicar essas mudanças de rotina.
Ele diz que é mais provável que pessoas com mais tempo livre consigam incluir a atividade física na rotina, e que isso pode ter relações com a renda dos alunos: aqueles que estagiam ou trabalham como forma de ajudar no sustento da família têm menos tempo para a prática dos exercícios.
Motivação para exercícios
Em um estudo realizado pela Universidade Norte do Paraná (UENP) com estudantes universitários, foi identificado que a razão pela qual os estudantes praticam exercícios têm fatores relacionados à dimensão externa da motivação.
Os principais são a prevenção de doenças, a própria condição física, o controle de peso corporal, a aparência física e o controle de estresse.
Para o fisioterapeuta Vitor Carioca, o sedentarismo não necessariamente tem um perfil. Tem mais relação com problemas de respiração e pressão alta, e com a não adesão do estilo de vida saudável.
Quando perguntado se em sua faculdade existe algum incentivo ou modalidade que ele possa participar, Thiago diz não ter conhecimento de nenhuma iniciativa.
Por Vinícius Pinelli
Edição de Luiz Claudio Ferreira