Para o jornalista José Maurício Oliveira, o esporte não deve estar à margem da sociedade. Assuntos sociais, que envolvem diversidade, devem estar no centro das discussões. “Os atletas não são máquinas de competir e os times não são máquinas de gerar resultado, ali têm pessoas que usam a voz para questões importantes”.
O profissional comentou, ainda, que a diversidade deve pautar as discussões. “É preciso promover representatividade. Se deixar a roda girar sozinha, ela vai girar como sempre girou”.
Esportes na capital
O jornalista informou que o Globo Esporte DF, onde ele trabalha como editor-chefe, deve realizar uma série contando a história do basquete na capital. “Por muito tempo o basquete reinou como esporte absoluto no DF, mas com o tempo vem perdendo espaço”, disse. O primeiro episódio está disponível na internet a partir deste semana.
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Mesmo na defesa do tom social das reportagens, o profissional entende que há também um compromisso com gostos do público. “A população de Brasília tem como maioria torcida por clubes de fora do DF. Nós temos pautas muito factuais”.
Pela pesquisa realizada em 2013 pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), foi apontado que a maioria dos moradores da capital tem preferência por times de outras regiões brasileiras, e somente 9% dos moradores da capital torcem para times locais de futebol.
A cobertura
“É importante estarmos preparados para navegar em várias areas”, disse Oliveira, que começou na Globo pelo programa Globo Rural. Em 2013, ele recebeu o convite para migrar para a área do esporte. Ele destacou que é importante saber desempenhar várias funções, principalmente com as novas plataformas que vem surgindo.
O jornalista também diz que o jornalista deve estar pronto para falar sobre o desconhecido e não esquecer dos preceitos da profissão: responsabilidade com a escrita, com a apuração e com o conteúdo. No esportivo, o apresentador explica que o esporte ‘flerta’ com o entretenimento, e é através dele que se tem a possibilidade de tornar algo interessante. “A matéria que você faz oferecer tem que ter um olhar, algo diferente”.
Na pandemia
Com a pandemia, os esportes tiveram uma pausa, assim como alguns programas esportivos, mas o Globo Esporte continuou. José Maurício destacou que não foi fácil continuar com o programa. “A gente continuou nos jornais locais, trazendo informações sobre os atletas, sobre possível volta de campeonatos .A gente teve que se reinventar”.
Mesmo com a volta dos esportes, entrevistas e coberturas ainda estão sendo feitas a distância. “A gente perde muito em entrevistas a distância, o contato é muito importante. É um tom de voz, que você vai perceber e entender que tem uma história por trás. É uma sensibilidade que essa distância tira da gente”.
Por Rayssa Loreen e Vitoria Von Bentzeen