Mesatenistas do Distrito Federal estão entre os favoritos para as próximas Paralimpíadas do Rio de Janeiro, evento que será realizado em setembro. Aloísio Alves (no primeiro lugar na foto ao lado), Bruno Braga e Iranildo Espíndola são campeões que tornaram a capital do país uma das principais referências no esporte para cadeirantes. O Centro de Treinamento fica localizado no clube da AABB na capital, que conta, inclusive, com uma clínica de fisioterapia onde os atletas fazem um trabalho de fortalecimento muscular.
Os treinos da equipe nacional são realizados de segunda a sexta, três horas pela manha e um trabalho de preparação física no período da tarde. Duas vezes por semana, os atletas fazem um trabalho de reabilitação em uma clínica especializada.
Leia mais sobre Atletas de Ouro

Iranildo Espíndola, de 48 anos, começou a carreira em 1997. Ele foi um dos precursores no país do tênis de mesa em cadeira de rodas. ”Eu, particularmente, me orgulho, porque praticamente começou comigo aqui o tênis de mesa paralímpico de cadeiras de rodas”. Ele ficou paraplégico por causa de uma lesão na vértebra após um mergulho.
Ele contou que o cenário do esporte melhorou. Antes, não tinham muito apoio, mas nos últimos cinco anos isso mudou com mais incentivos do governo, como o Bolsa Atleta. Iranildo também acredita que ainda existe preconceito com deficientes, mas seria uma questão cultural. Para ele, os esportes olímpicos ainda recebem mais dinheiro e atenção.
“A gente está mostrando que podemos ser atletas profissionais e dar um retorno para alguma empresa que queira investir, que queira patrocinar, que queira incentivar o esporte paraolímpico no Brasil”, disse. Iranildo ainda defende o uso de deficientes na propaganda. “Isso a gente está mostrando a cada dia e, a cada ano a gente está trazendo resultado e mostrando que não é nenhuma vergonha, nenhum problema vincular o nome de uma pessoa com deficiência em uma empresa, em uma instituição ou em qualquer outro órgão público”, completou.
Encontros de gerações

Bruno Braga tem 25 anos de idade e já carrega títulos importantes, como uma medalha de bronze no para pan-americano de Toronto, no ano passado, e uma medalha de bronze no último mundial. Ele conquistou uma vaga na seleção principal com apenas cinco meses praticando a modalidade.
Bruno foi uma criança que fazia de tudo. Corria, subia em árvores, jogava bola com os amigos e praticava o tênis de quadra. Após um acidente de carro, ficou tetraplégico. Ele afirma que foi mais tranquila a adaptação para o tênis de mesa, pois percebeu que havia muitas similaridades entre o esporte de quadra e o de mesa. Atualmente é o 18º do ranking mundial e ainda não tem sua vaga garantida para as paraolimpíadas do Rio de Janeiro neste ano, mas está esperançoso, pois está bem classificado no ranking. ”Lá no Parapan, só classifica direto quem ganha a medalha de ouro, quem é campeão. Como eu ganhei a medalha de bronze, eu ainda não estou classificado. Mas o meu ranking está bom, eu posso ir pelo ranking mundial”.
Aloísio Alves é atleta paraolímpico há 15 anos. Hoje, com 42, faz parte da seleção brasileira e explica que o tênis de mesa tem crescido como esporte. O atleta, em 2003, com 29 anos, sofreu um acidente praticando rapel e fraturou uma vértebra do pescoço que o deixou paralítico. Em 2004, quando iniciou um trabalho de reabilitação no CETEFE, centro de treinamento de educação física especial, conheceu o tênis de mesa. No princípio, era apenas uma reabilitação e o esporte não era a primeira opção na vida de Aloísio, mas como a modalidade trazia uma desenvoltura e aprimorava sua melhora física, transformou-se em uma rotina de treinos que o levou para torneios. Juntou-se à seleção brasileira por se destacar nas disputas. Ele conta que o esporte foi fundamental também na sua recuperação psicológica. “O esporte foi importante na minha reabilitação, me abriu muitas portas, principalmente sair de casa e ter uma vida normal em um momento tão difícil”. Começou na natação, mas com o tempo, percebeu que não evoluía e então foi para no tênis de mesa.
O tênis de mesa é dividido em categorias que são classificadas pela mobilidade física dos atletas. Os classificadores funcionais avaliam e fazem um agrupamento. São cinco classes para atletas em cadeira de rodas, sendo que a primeira é a mais limitada e a quinta a menos. Além dessas, existem cinco categorias que envolvem os atletas com comprometimento físico. Por fim, há também as classes 11 e 12, nas quais se enquadram esportistas com algum tipo de deficiência intelectual.
Por Gabriel Lima e Henrique Kotnick
Imagem: Divulgação