Domingo, nós fomos lá no Morumbi. Vimos a Independente invadir. Levaram foguetes e bandeiras. Afinal, não era brincadeira. O São Paulo foi campeão! Um feito inédito que coloca o Soberano no ilustre hall dos Campeões de Tudo. Para o tricolor paulista, agora não falta mais nada.
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A festa da antecipação
A chegada de São Paulo e Flamengo ao Estádio Cícero Pompeu de Toledo foi marcada pela imensidão da fumaça que percorria as ruas paulistanas. Os são-paulinos esperavam há mais de uma década pela volta às glórias e ela poderia vir justo no torneio que o clube não havia conquistado ainda.
A multidão nos arredores do estádio coloria a capital paulista de vermelho, branco e preto aos gritos de “Tem que ser hoje! Vamos São Paulo!”. Enquanto sinalizadores eram acessos e bandeiras tremuladas pelo bairro do Morumbi.
“O São Paulo é puro sentimento” - disse um dos torcedores presentes na caminhada.
Se sentia no ar a importância do dia e quem via de longe o calor da torcida, que as vezes se misturava com o forte calor do sol do início de tarde, sabia que se dependesse das 63.077 que entoavam das arquibancadas o tricolor não sairia derrotado mais uma vez.
Momentos de tensão
Em desvantagem no placar agregado, graças ao gol do argentino Jonathan Calleri que decretou vitória paulista no Rio, o Flamengo precisava ir para cima. Um empate não bastava e a equipe de Jorge Sampaoli tinha noção da urgência por um gol.
A torcida são-paulina via das arquibancadas Pedro e Gerson levarem perigo ao gol de Rafael mas pouco podiam fazer além de cantar cada vez mais alto. O São Paulo de Dorival também não iria aceitar a pressão rezando pelo apito final e um 0x0 que garantisse o triunfo. O tricolor não teve medo de ir para cima e assustou Rossi em chutes de Wellington Rato, de fora da área, e Lucas Moura, de bicicleta.
Para o choque do Morumbi, o primeiro golpe certeiro veio dos pés de Bruno Henrique, quase sem querer. O chileno Pulgar recebeu pela ponta direita e bateu forte cruzado. Rafael até alcançou a bola e a tirou de cima da linha, fazendo com que ela carimbasse a trave direita, mas quando o perigo parecia se afastar o joelho do camisa 27 flamenguista apareceu para inaugurar o marcador.
O torcedor são-paulino já havia visto o mesmo filme antes, mas quando o clima deveria se abafar no Morumbi ele cresceu. As arquibancadas sentiam que o dia do título havia chegado.
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De Cotia para a história
Quis o destino que o histórico gol da primeira Copa do Brasil da história do São Paulo Futebol Clube viesse de um garoto de Cotia. Atleta do clube desde 2014, ano em que completou 14 anos, Rodrigo Nestor escreveu seu nome na história do Soberano com uma pintura aos 49 minutos.
Mal haviam se passado 5 minutos desde a comemoração rubro-negra quando a festa voltou ao Morumbi. Wellington Rato teve falta para cobrar pela ponta direita e levantou na área. Rossi saiu bem para tirar de soco o cruzamento mas o destino quis que a bola sobrasse nos pés de Nestor. O meio-campista de 23 anos soltou uma bomba de primeira e a bola morreu no fundo das redes do goleiro argentino.
O gol de empate explodiu a festa da torcida organizada do clube em evento realizado na Casa da Independente, sede do grupo. Mesmo sem conseguir estar presente dentro do Morumbi, os apaixonados pelo time mandavam sua energia aos atletas de longe e a energia no local se via à flor da pele durante um segundo tempo que pareceu durar horas.
O apito do alívio
Por volta das 18h10, no final de tarde já escuro, o tempo de jogo se acabava quando Braulio da Silva Machado apitou, não para decretar o término da decisão, como o atacante Lucas Moura esperava ao seu lado, mas sim para aplicar o segundo cartão amarelo e expulsar o uruguaio Gabriel Neves.
O torcedor são-paulino, porém, não seria culpado se não lembrasse do cartão vermelho. O clima no Morumbi já era de êxtase total, até para o próprio volante enquanto era punido pela arbitragem. Braulio encerrou a partida poucos segundos depois e a festa estourou de vez com o inédito título sendo concretizado.
Agora sim a torcida podia dizer que para o São Paulo Futebol Clube, não falta mais nada. Enquanto os apaixonados são-paulinos choravam nas arquibancadas encarnadas do Morumbi e pelas ruas da cidade de São Paulo, os jogadores repetiam o gesto de dentro do gramado.
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Os heróis falam
Poucos jogadores são mais merecedores do título de herói do que o volante Rodrigo Nestor. O autor do gol do título desabou aos prantos com o apito final e foi saudar a torcida que gritava seu nome. a
“Só minha família sabe o que eu passei. Agora tem um monte de gente pra me apoiar, mas quem tava lá eu me recordo. Quem tava na final contra o Palmeiras (Paulistão 2023) sabe tudo que eu passei. Estou muito feliz, eu amo essa torcida. Obrigado!”, disse Nestor enquanto chorava de alegria em campo.
Ídolo do clube, o atacante Lucas Moura era o único atleta campeão da Copa Sul-Americana em 2012 que novamente esteve presente no título agora em 2023. Depois que deixou o Brasil rumo ao Paris Saint-Germain em 2013, Lucas viu de longe seu clube do coração em uma seca de 11 anos sem títulos de expressão. Neste ano o atacante voltou para casa e, assim como em 2012, foi decisivo para a conquista são-paulina, fazendo o gol da classificação nas semis sobre o rival Corinthians.
“O principal motivo de eu poder ajudar hoje é essa torcida maravilhosa. Passei pela europa, joguei Champions League, fiz três gols nas semis lá (Tottenham 3×2 Ajax em 2019), mas o que eu vivi aqui hoje não tem nada que se compare.”, declarou um emocionado Lucas durante a comemoração.
Já campeão da competição no ano passado, na época sob o comando do time que hoje tinha como adversário, Dorival Júnior elogiou seu elenco e as diversidades que superaram para chegar à taça em coletiva após o jogo e exaltou as vitórias sobre Palmeiras, Corinthians e Flamengo pelo caminho.
“Eu estou muito satisfeito com o que eu estou vendo. É um grupo que até outro dia ainda não contava com o Lucas (Moura) e o James (Rodríguez). Foi o mesmo grupo que foi questionado, que foi humilhado após o Campeonato Paulista. Meses depois eles conseguem dar uma resposta tirando dois dos maiores adversários do São Paulo e o atual campeão da América e da última Copa do Brasil. Isso para mim não tem preço”, disse o treinador campeão.
Direto do Morumbi
A Agência de Notícias do UniCEUB esteve presente dentro e fora do Morumbi para trazer a melhor experiência sobre como foi o título da Copa do Brasil de 2023 e você confere tudo no vídeo abaixo:
Texto: Henrique Sucena
Repórteres: Marcello Hendriks e Pedro Santana
Edição: Cleiton Mota e Dener Leon
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira