No meio da torcida: ouça os gritos, a vibração e flagrantes de quem estava disfarçado na final

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“Olha a pipoca, olha a pipoca! Ó o dindin!”, gritavam os ambulantes, esperançosos, trançando de um lado para o outro antes que a final tivesse o seu início decretado.

Além dos limites das gastas arquibancadas azuis e amarelas do estádio Defelê, na Vila Planalto, o campeão, Real Brasília, e o vice, Brasiliense, protagonizaram o último capítulo de 90 minutos da final do Campeonato Candango de Futebol de 2023.

Torcedores se acomodam nas arquibancadas do estádio Defelê para a final;
Foto: Marcello Hendricks

À medida em que o espaço se enchia com a chegada de torcedores, mais barulhento e agitado se tornava o cenário extra-campo.

Filas de apoiadores encantados com o cheiro de comida vindo das barraquinhas, crianças correndo e gritando com animação, risadas gritadas de famílias jogadas ao vento e muitos copos de cerveja espalhados pelas mãos de homens e mulheres: afinal, era dia de decisão. 

Apesar do forte calor ofertado pela capital federal na tarde de sábado, a torcida dos leões havia comparecido com tudo o que tinha para a final. Enquanto o time entrava em campo, cantavam, juntos, no ritmo da bateria, operada por um dos aficionados: “Real! Real! Real!”. 

Torcida do Real Brasília apoia a equipe.

Mesmo com a ordem de presença exclusiva da torcida única mandante ao estádio na Vila Planalto, os apoiadores do Brasiliense também não deixaram de comparecer.

Descaracterizados, e sem quaisquer peças de roupa referentes ao Jacaré, gritavam para os jogadores e se esbravejavam com as decisões tomadas pelo árbitro.  O jogo tinha que ser de torcida única.

O jogo, no entanto, não acontecia como a expectativa ordenava. Favorito no confronto e dono da vantagem no agregado, o Brasiliense não conseguia matar o jogo e causava impaciência crescente aos seus torcedores, nervosos com o time, quando as coisas não saíam como o esperado para a final.

“Desgraça, bate direto!”, dizia um torcedor do Brasiliense, de meia idade, descaracterizado, insatisfeito com a performance de um dos jogadores. 

Os fãs dos Leões, por sua vez, apesar de já não apoiarem tanto quanto no princípio da partida, mantinham a esperança. Para o casal de advogados Daniel e Adriana Neves,  torcedores do Real Brasília e pela primeira vez com seus dois filhos no estádio, a expectativa era de vitória. 

“Estamos dando a eles a oportunidade de conhecer o calor da torcida, estarem próximos ao povo. Nós vamos garantir a vitória hoje”, disse o pai, enquanto era admirado pelo filho pequeno, sorridente, com um copo de refrigerante na mão. 

O clima, porém, parecia se apagar de pouco em pouco. Enquanto a noite chegava sorrateiramente, o jogo esfriava, as torcidas se atimidavam e o destino apontava cada vez mais para a manutenção do placar nulo. 

No entanto, quando Matheus Jesus, jogador do time da casa, aproveitou o erro da defesa adversária para abrir o placar, o Defelê reacendeu: gritos vindos das duas torcidas, batidas fortes na bateria e muita euforia por conta do placar, que agora, estava empatado. “Êêêê, Nensêêê! Nensêêê!”, gritavam os torcedores do Jacaré, mais entusiasmados do que nunca antes na partida. 

Torcedores do Brasiliense cantam para o time após o gol sofrido.

A atmosfera no estádio, agora completamente diferente com a partida cada vez mais próxima da disputa por pênaltis, era de euforia: os torcedores se juntavam junto às grades, as crianças subiam as muretas e os muros para poder enxergar melhor e até mesmo os ambulantes pararam para poder assistir ao nervoso clímax da decisão. 

Garotos asistem à final de cima do muro de casa;
Foto: Gabriel Botelho

Se a aura do embate entre os clubes objetificava, antes, sinônimos de frieza, terminou entregando muita emoção. A cada defesa de pênalti realizada por ambos os goleiros, e a cada tentativa mal sucedida, mais forte vibravam e lamentavam as torcidas.

Os 180 minutos, encerrados com um campeão inédito, haviam chegado ao seu fim. Os seus principais coadjuvantes, os torcedores, agora, esperarão pelo próximo capítulo. 

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Por Pedro José Santana

Com a supervisão de Luiz Cláudio Ferreira

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