Policial acusado de matar torcedor em 2008 se aposenta com salário de R$ 9,2 mil

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Em dezembro de 2008, a morte do torcedor do São Paulo Nilton Cesar de Jesus, no dia do jogo do time paulistano contra o Goiás, manchou a imagem da última rodada do Campeonato Brasileiro daquele ano.  O jogo aconteceu no Bezerrão, estádio do Gama. Em um conflito entre torcedores próximo ao local da partida, o 3º sargento da Polícia Militar José Luiz Carvalho Barreto deu uma coronhada no jovem de 26 anos.  Imagens de emissoras de TV à época flagraram o episódio. Apurou-se depois que a arma do sargento da PM estava destravada e um disparo atingiu a cabeça do torcedor, que morreu quatro dias depois. Em 2017, quando o crime completa 9 anos, o policial, que nunca foi preso, aposentou-se com um salário de R$ 9,2 mil depois de 30 anos de serviços.   

Além do soldo, ao se retirar do serviço, ele recebeu uma verba indenizatória de R$ 74.289,34, que são referentes ao período em que o policial deixou de tirar férias por necessidade do serviço, acumulou licenças previstas em lei. Esse valor foi pago em em uma única parcela.

Segundo a própria Polícia Militar, a exclusão da corporação chegou a ser considerada. Porém, na esfera comum, o homicídio foi considerado culposo, quando não há a intenção de matar. Essa decisão foi passada para a Justiça Militar do TJDFT. Por esse motivo, respaldado pela Lei 6477/1977, art 2, III, que define que só há exclusão do policial em caso de condenação por crime doloso, quando há intenção de matar.

Como tudo aconteceu

Era uma tarde do dia 7 de dezembro de 2008. Os holofotes estavam voltados para o estádio do Bezerrão, localizado no Gama. Ali, acontecia a última rodada do campeonato brasileiro daquele ano. A partida era entre São Paulo e Goiás. O tricolor paulista precisava apenas de um empate para se sagrar hexacampeão. Inúmeros torcedores vieram da grande São Paulo. Naquela tarde, minutos antes da partida, houve confusão entre as duas torcidas. Pedras, pedaços de madeira e muitas ameaças cruzavam-se no ar.O policial militar para a sua moto, desce e sai correndo atrás de um torcedor. O alvo era um membro da torcida organizada do São Paulo.

O PM se aproxima e lhe acerta uma coronhada. Junto com o golpe ouve-se o barulho de tiro. Ele cai. O desespera toma conta das pessoas em volta, principalmente de seus amigos. O sangue se espalha. O tiro, que teria sido dado acidentalmente, segundo o que foi avaliado, pegou de raspão em Cesar, como era conhecido. Observando a gravidade do acontecimento, o próprio policial pediu ajuda.  

Com a morte do torcedor, que não demonstrava resistência, houve manifestação atrás de justiça. Nilton, que tinha 26 anos, havia saído da capital paulista a fim de acompanhar o sexto título da história do tricolor paulista. Mas ele nem assistiu à partida. 

Por Gabriel Lima

*Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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