Aos 16 anos, o nadador Gabriel Zafra Lima tomou uma decisão que moldaria sua vida: deixar Anápolis (GO), e se mudar sozinho para Brasília.
A capital não era o destino dos estudos, mas do esporte.
Três anos depois, aos 19, ele treina quase todos os dias no Centro Olímpico da UNB, recebe recursos do Bolsa Atleta e acumula pódios em competições nacionais.
A decisão foi corajosa, mas gerou muito medo e preocupação na família. Com o tempo, contudo, os pais se acostumaram à nova rotina distante do filho, que chegou no DF motivado a buscar o máximo e a evolução no esporte. É essa mesma motivação que hoje sustenta o sonho de representar o Brasil nos Jogos Parapan-Americanos.
O Salto terapêutico
A relação de Gabriel com a piscina começou por uma necessidade clínica. Diagnosticado com mielomeningocele, uma má-formação congênita da coluna vertebral, ele entrou na natação por recomendação médica. O esporte não é apenas carreira, é questão de saúde. A atividade física, explica, ajuda a retardar o avanço da condição “Ela vai degenerando. O esporte meio que dá uma paradinha no processo”.
O que começou como reabilitação logo se tornou vocação. Durante uma competição em Anápolis, seu potencial foi notado pelo técnico atual, Marcus Lima, que o convidou a treinar em Brasília com a equipe Abrasrs/ Marksports/ Nauru. Gabriel aceitou e passou a morar sozinho. Na estreia competitiva, lembra da mistura de emoções “Fiquei com bastante medo, eufórico e tudo”, mas saiu da água com um segundo lugar.
A Escolha radical
A rotina de Gabriel é pautada pela intensidade e pela ausência de improvisos. Ele treina de segunda a sábado, cumprindo cerca de três horas diárias na piscina, complementadas por sessões na academia. O esporte é, inegavelmente, a prioridade máxima.
Essa disciplina fez o nadador adiar outros planos. Embora queira cursar Tecnologia da Informação (TI), a faculdade fica para depois.
“Fazer duas coisas ao mesmo tempo não dá certo. Eu acho que eu ainda tenho muito potencial ainda na natação, muitos anos aí pela frente, então vou focar nisso”, comenta Zafra.
Olhar Fixo no Parapan
O nervosismo das primeiras disputas já ficou para trás. Gabriel transformou as competições nacionais em algo habitual. Ele se prepara agora para o Campeonato Sub-20, que acontece entre 17 e 19 de outubro. O foco é técnico e mental, conta, “Em questão de treino, eu tô focando 100% aqui e na academia também para dar meu máximo lá e pegar medalha”.
O grande sonho do atleta é disputar o Parapan e trazer uma medalha para o Brasil. Porém, mais do que conquistar medalhas, Gabriel quer mudar de vida e levar a família, que segue em Anápolis, com ele.
Até lá, Zafra segue o ritmo constante de quem sabe que a glória não vem de um salto, mas da sequência incansável de braçadas.
Por: Anna Greg
