Mariana, mãe da minha avó materna, tinha Hanseníase. Por volta do ano de 1944, policiais a retiraram de sua cidade natal e a levaram à força para o Hospital Colônia de Barbacena. Já a filha de Mariana, Maria de Lourdes, é esquizofrênica e, durante muito tempo, se recusou a tomar a medicação prescrita – passaram a medicá-la sem que ela soubesse. Essas e outras histórias me motivam a pesquisar sobre o tema e fazem com que eu me interesse pelo PRISME. Mariana, Lourdes e diversas outras pessoas evidenciam a importância da discussão sobre as formas de tratamento em saúde mental.
Como Daniela Arbex retrata em seu livro, “Holocausto brasileiro”, o Hospital Colônia de Barbacena era um lugar extremamente desumano, tendo sido responsável pela morte de 60 mil pessoas. Hospitais como este tinham como principal função excluir essas pessoas da sociedade, não oferecer um tratamento adequado. Dessa forma, no Colônia era comum a utilização de tratamentos invasivos, tais como eletroconvulsoterapia (o antigo eletrochoque), terapia por choque insulínico e psicocirurgias… Atualmente, a Lei n. 10.216/2001, conhecida como Lei da Reforma Psiquiátrica, garante a todas as pessoas com transtorno mental o direito a ser tratado no ambiente terapêutico menos restritivo possível, com o tratamento menos restritivo ou invasivo, apropriado às suas necessidades de saúde.
Fico feliz em ver progressos como esse, mas acredito que ainda temos muito a discutir sobre o assunto – por isso a importância do Movimento Antimanicomial. Por fim, vale ressaltar que o respeito e a convivência familiar e social são terapêuticos – e os melhores tratamentos que podemos oferecer!
Por Milene Araujo Fernandes