Há 5 anos trabalhando como repórter político na rádio CBN, Rodrigo Serpa conhece de perto as tensões da cobertura dos poderes executivo e legislativo. Pós-graduado em Comunicação Política no Legislativo, Rodrigo afirma que, devido ao aumento dos ataques à imprensa nos últimos anos, tem sido cada vez mais difícil continuar levando as informações ao público sem colocar sua integridade física e moral em risco.
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De acordo com um levantamento da ONG Repórteres sem Fronteiras, só no primeiro trimestre de 2020, o presidente Jair Bolsonaro atacou a imprensa ao menos 53 vezes, conduta que se estende aos seus apoiadores. Um dos casos mais emblemáticos aconteceu em 18 de fevereiro, em frente ao Palácio da Alvorada. Bolsonaro fez um comentário de cunho sexual sobre a repórter Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S.Paulo, como relembrou Rodrigo. Mello apresentou à Justiça uma ação com pedido de indenização por danos morais contra o presidente. O caso ainda está em andamento.
Para Serpa, as agressões têm como objetivo invalidar e intimidar o trabalho dos jornalistas: “É uma tentativa de deslegitimação do trabalho da imprensa por meio do profissional de imprensa. A gente vê uma personalização dos ataques, se ataca o veículo, a imprensa e o jornalista na sua individualidade. São ataques covardes à reputação do profissional de imprensa.”.
Entretanto, o jornalista afirma que a imprensa deve manter-se firme, visto que a resistência por parte dos jornalistas é fundamental para a democracia. “A resposta aos ataques ao jornalismo é mais jornalismo. O jornalismo cumpre um papel primordial de trazer a luz o que está oculto e o que é de interesse público”, afirmou.
Gabriela Bernardes
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira