O retrato da votação para a Câmara pode ser compreendido a partir do perfil dos deputados mais bem votados em cada uma das regiões. Enquanto que no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a votação expressiva do candidato Jair Bolsonaro “carregou” candidatos mais conservadores nos costumes e de ideias mais liberais na economia, no Norte e Nordeste, há uma pluralidade maior, com “representações” de candidatos de esquerda (PSOL, PT e PSB) e do PSDB.
REGIÃO NORTE
Entre os candidatos mais bem votados da região norte está uma das campanhas mais caras por voto do país.
O candidato Haroldo Cathedral, do Partido Social Democrático de Roraima, teve uma das campanhas mais cara do país, na relação entre valor arrecadado e média de votos. A campanha custou uma média de R$73,78 por voto. Do fundo de campanha 81,31% foi investimento pessoal do deputado.
Enquanto que no Acre, uma mulher obteve a maioria de votos e uma das maiores arrecadações de campanha da região. A campanha que teve maior fundo foi a do candidato Tiago Dimas (Solidariedade), do Tocantins.
Mara Rocha do Partido Social Democrático do Brasil (PSDB) arrecadou R$ 1.627.165,55. A maior parte desse valor foi investimento do partido pelo fundo especial de campanha. Valor fornecido pelo Tribunal Superior Eleitoral para os partidos investirem nas campanhas dos seus candidatos. O fundo especial de campanha diferentemente do fundo partidário é fornecido somente em período de eleição.
No Pará, o candidato mais votado foi do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Edmilson Rodrigues foi também o mais votado da região norte inteira, tendo uma das menores arrecadações e uma das campanhas mais baratas na relação por média de votos (R$3,65). Ficando atrás apenas do candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) cuja campanha teve a menor arrecadação da região e o menor valor pela média de votos (R$2,02).
REGIÃO NORDESTE
Os mais bem votados no Nordeste receberam mais de 50% dos recursos dos partidos
Na região Nordeste, entre os mais votados de cada estado, oito dos deputados federais utilizaram recursos de fundos partidários. Com um a média recebida de R$ 830.983,06 entre os eleitos da região. O candidato João Henrique Holanda do Partido Socialista Brasileiro (PSB), de Alagoas, que recebeu 178.642 votos foi o que mais lucrou com os fundos partidários, recebendo R$ 1,3 milhão do fundo especial de campanha.
A candidata Rejane Dias do Partido dos Trabalhadores (PT), do Piauí, recebeu 138.800 votos foi a que recebeu o maior número de doações de pessoas físicas, sendo 182 pessoas. A deputada foi a única mulher mais bem votada da região e sua campanha foi a mais cara em relação a média de votos (R$8,28).
A nostalgia pernambucana leva João Campos do PSB, filho do político de Eduardo Campos morto durante a corrida presidencial de 2014, a ser o mais votado da região Nordeste com 460.387 votos, no estado de Pernambuco. Ele arrecadou um total de R$1.546.864,46 na sua campanha, tendo uma média de R$3,35 por votos. Porém menor custo por voto foi no Ceará com R$ 1,30 do candidato Capitão Wagner do Pros.
REGIÃO SUDESTE
PSL conquista maioria dos votos das cadeiras federais no Sudeste
Na região Sudeste, dos quatro deputados federais mais bem votados três são do Partido Social Liberal (PSL). No Espírito Santo, o candidato Amaro Neto Partido Republicano Brasileiro (PRB) foi o candidato mais bem votado, rompendo com a tendência seguida pelos outros estados. Entre os mais bem votados da região Amaro Neto teve a campanha mais cara, o menor número de votos.
Já em São Paulo, o vencedor foi Eduardo Bolsonaro (PSL), ultrapassando Enéas Carneiro como recordista de votos na história da cidade. Apesar do baixo custo por voto (0,11 centavos), Eduardo Bolsonaro teve a maior parte da sua campanha bancada pelo seu pai candidato a presidência.
O candidato a deputado federal mais bem votado em Minas Gerais, Marcelo Álvaro Antônio (PSL) teve a campanha mais cara em relação a custo por voto entre os candidatos mais bem votados do Partido Social Liberal (PSL), na região sudeste. Enquanto que Helio Fernandes Barbosa Lopes (PSL), foi o candidato com o orçamento mais barato cujo valor integral foi doado pelo candidato à presidência pelo partido.
REGIÃO CENTRO-OESTE
Campanha milionária de Flávia Arruda é exceção entre campeões de voto no Centro-Oeste
Na região Centro-Oeste, os campeões das eleições de 2018 para deputado federal tiveram padrões diferentes financeiros para serem eleitos. ,Enquanto a candidata eleita Flávia Arruda (PR), do Distrito Federal, concluiu a campanha com 121.340 votos (com o custo médio de R$ 20 por voto), o líder entre os eleitos em Goiás, Delegado Waldir (PSL), foi o mais votado da região totalizando um número de 274.406 votos. Comparado com a deputada eleita no DF, o policial gastou bem menos: cerca de R$ 1,65 por voto.
No Mato Grosso, Nelson Barbudo (PSL) foi o mais bem votado. Ele obteve um total de 126.249 votos e, o que significaria uma média de R$ 10,82 por voto. Diferente de Flávia Arruda que recebeu R$ 2,4 milhões (a maior parte de fundo partidário) mil , o que equivale a 0.17% do total recebido para a campanha. Nelson Barbudo recebeu R$ 220 mil de doações, representando 92.92% do valor total da sua campanha.
No Mato Grosso do Sul, a candidata com um maior número de votos foi Rose Modesto (PSDB) com o total 120.901 votos. Foram investidos R$ 538.897,84 em campanha e de todos os candidatos vencedores da região Centro-Oeste com o valor de voto mais barato, equivalente a R$ 0,22.
REGIÃO SUL
Candidato pela segunda vez pelo Estado do Paraná, Sargento Fahur do Partido Social Democrático (PSD), recebeu cerca de 314.963 mil votos e um orçamento de R$ 221.430. Cada voto recebido custou cerca de R$1,40. O Sargento ficou famoso desde 2013 na internet foi o mais bem votado entre os três primeiros deputados federais eleitos na região do Sul e vai reforçar a bancada da bala no Câmara dos Deputados a partir de 2019.
Uma das novidades no pleito eleitoral no estado do Rio Grande do Sul é o então eleito deputado federal Marcel Van Hattem, integrante do Partido Novo, de tendências liberais, elegeu pela primeira vez 8 deputados para a bancada na Câmara. Marcel van Hattem é jornalista e cientista político e foi o mais bem votado, na região, eleito com 349.855 votos. A sua campanha teve um orçamento de R$714.534,83, custando R$ 2,04 por voto.
O deputado federal com a campanha de maior orçamento entre os três mais votados da região Sul, foi o jornalista Hélio Costa do Partido Republicano Brasileiro (PRB). Eleito em Santa Catarina pela primeira vez o número de votos contabilizados foi de com 179.307 votos. A campanha do deputado federal foi orçada em R$798.979,88 e o valor por voto foi de R$ 4,4.
Com reportagem de Thiago Cotrim, Vitor Rosas, Eduardo Pimenta, Diego Veiga, Larissa Calixto, Giovanna Hilário, Marina Nascimento, Veber Arruda, Rodrigo Lima, Larissa Calixto