A insatisfação com o atual governo levou brasilienses e pessoas de diversos estados a acamparem dentro do Parque da Cidade, na região central de Brasília, para acompanhar juntos a votação do impeachment neste domingo (17). “Por uma indignação com o nível de corrupção do governo, então estou aqui para contribuir para tirar o Partido dos Trabalhadores (PT) do governo, tirar a Dilma”, afirmou o mineiro de 51 anos, Pablo Freitas.
Pablo disse ainda que “tirar a Dilma do governo” é de grande urgência. E apesar de não apoiar a possível linha sucessória do poder (Michel Temer e Eduardo Cunha), ele acredita que é o impeachment é uma medida válida para a queda do PT. Ivone Sanches, 49 anos, está há três dias acampada no Parque. Quando questionada sobre os possíveis sucessores de Dilma, ela disse que se trata de “um mal necessário” no momento. “Estamos precisando disso, gente que enfrente”.
Os manifestantes ressaltam a disposição em vir representar seus posicionamentos diante do Congresso. Nelson Ferreira, de Grande Vitória (ES), explica que “é por meio de um cartaz que mostra a ilegalidade do governo Dilma”. Lucas Barbosa, residente na capital federal, também ressalta a importância de se expressar. “Quero mostrar para os deputados que a gente elegeu que a gente está vendo o que eles estão fazendo”.
Entre os manifestantes um fator sobre o qual não há consenso é o “muro” montado na Esplanada. Para Ivone, a estrutura é desnecessária, pois, segundo ela, coloca as pessoas umas contra as outras. “Nós não viemos aqui por um partido, mas por um país melhor”. Pablo explicou que, para ele, o muro é a concretização de uma separação que já existe em nossa sociedade. Já Nelson Ferreira vê a infraestrutura como uma medida necessária de segurança. “O muro foi uma medida muito correta, pois poderia haver um confronto”.
No acampamento, muitas são as ideias para transformar a política brasileira. Entre os entrevistados, foi ressaltada a necessidade de uma manifestação pacífica em prol de necessidades, de dar oportunidade a todos de terem uma boa educação, além de pensar, segundo Pablo, em uma mudança interior nas práticas diárias do cidadão. “A mudança tem que vir de dentro de cada brasileiro, a corrupção está dentro de nossa sociedade, não está só dentro dos três poderes da república, mas em toda a sociedade. Uma sociedade não muda de fora para dentro, ela muda de dentro para fora”.
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Também marcou presença no acampamento o deputado federal Alfredo Kaefer (PSDB-PR). Entre aplausos e questionamentos, ele demonstrou confiança na saída da presidente Dilma do poder. Confira a entrevista:
Por Arthur Menescal e Lucas Valença
Fotos: Arthur Menescal
