O Jornalista e criador do blog Boatos.org, Edgard Matsuki, considera que a propagação das fake news é um problema grave e é uma ameaça à democracia brasileira. Além da política, ele pontua dois tipos de desinformações mais frequentes e preocupantes: falsa imputação de crimes e desinformação relacionada à saúde. Sobre as eleições de 2022, o profissional ficou surpreso com o crescimento de falsas informações no período pós-eleitoral. Chegou a desmentir até seis boatos por dia.
Segundo ele, o fluxo de fake news aumentou depois do dia 30 de outubro, se comparada à desinformação que chegou durante o primeiro ou segundo turno (quando a média foi de três por dia).
“A partir do momento que uma pessoa gosta de um candidato e ele recebe muitas críticas, sendo elas verdadeiras ou, principalmente, falsas, a rejeição a esse candidato pode aumentar”, diz o jornalista.
No primeiro, a maioria das desinformações eram destinadas à imprensa, enquanto no segundo, relacionadas aos resultados, questões religiosas, econômicas e até à criminalidade.
Atualmente, após os resultados das urnas, as informações falsas são em maior parte sobre fraude nas eleições. Matsuki conta que nesse período existem 141 fake news em potencial no Boatos.org.
Edgard Matsuki no II ciclo de debates contemporâneos no Ceub
Entretanto, mais alarmante que na política, as notícias falsas influenciam na saúde e liberdade da população. Edgard afirma que, apesar de terem diminuído consideravelmente com o passar do tempo, as falsas imputações de crimes a pessoas inocentes ainda são frequentes.
Isto acontece quando o rosto de uma pessoa é colocado nas redes, associado a um crime que não cometeu. “Já falei com pessoas que apontaram que quando a foto dela começou a circular, ela teve que ficar trancada em casa por três meses, teve que mudar cor do cabelo e mudar o estilo de vida para mudar o corpo”, conta.
Perigo de falsidades na pandemia
A onda de informações falsas sobre saúde cresceu também durante a pandemia do coronavírus. Esse é um dos maiores motivos de desinformação, segundo o jornalista. “A gente está ainda no final de uma pandemia e muita gente, infelizmente, perdeu a vida por causa de fake news relacionadas à Covid -19”.
Ele considera que houve informações falsas contra medidas de isolamento no momento em que ainda não havia outra solução; sobre o uso de objetos que ajudariam a se proteger, como as máscaras; e da própria vacinação, o que ainda acontece e tem mantido muitas pessoas desprotegidas.
Como combater as fake news
Para Edgard Matsuki, a solução para as fake news passa por alguns caminhos. O primeiro citado por ele são sites de checagens, como o Boatos.org ou o E-farsas, que dão uma resposta a fim de que esses conteúdos não circulem soberanos pela internet.
“A disseminação desses conteúdos é tão grande que é praticamente impossível conseguir fazer com que uma fake news acabe sem uma ação desmentida”, afirma ele.
Ele defende que deve ser estudada alguma legislação que aplique as novas mídias à desinformação, sendo necessário criar alguns mecanismos para que se saiba como agir no caso de uma falsa notícia lançada por uma autoridade pública de forma dolosa para ganhar benefícios, seja ele em relação a uma eleição ou fora dela. Além disso, o caráter educativo da população é muito importante para esse combate.
“Com esse ‘tripé’ e mais alguns pontos, como a questão tecnológica e acesso à educação em geral, acho que a gente consegue mitigar o problema das fake news, mas não vamos acabar com elas”, reflete Matsuki.
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Por Milena Dias
Foto: Pedro José
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Entretanto, mais alarmante que na política, as notícias falsas influenciam na saúde e liberdade da população. Edgard afirma que, apesar de terem diminuído consideravelmente com o passar do tempo, as falsas imputações de crimes a pessoas inocentes ainda são frequentes. Isto acontece quando o rosto de uma pessoa é colocado nas redes, associado a um crime que não cometeu. “Já falei com pessoas que apontaram que quando a foto dela começou a circular, ela teve que ficar trancada em casa por três meses, teve que mudar cor do cabelo e mudar o estilo de vida para mudar o corpo”, conta.
Fake news na pandemia
A onda de fake news sobre saúde cresceu durante a pandemia do Coronavírus. Esse é um dos maiores motivos de desinformação, segundo o jornalista. “A gente está ainda no final de uma pandemia e muita gente, infelizmente, perdeu a vida por causa de fake news relacionadas à Covid -19”.
Ele considera que houve informações falsas contra medidas de isolamento no momento em que ainda não havia outra solução; sobre o uso de objetos que ajudariam a se proteger, como as máscaras; e da própria vacinação, o que ainda acontece e tem mantido muitas pessoas desprotegidas.
Como combater as fake news
Para Edgard Matsuki, a solução para as fake news passa por alguns caminhos. O primeiro citado por ele são sites, como o Boatos.org, que dão uma resposta a fim de que esses conteúdos não circulem soberanos pela internet. “A disseminação desses conteúdos é tão grande que é praticamente impossível conseguir fazer com que uma fake news acabe sem uma ação desmentida”, afirma ele.
Diz ainda que acredita que deve ser estudada alguma legislação que aplique as novas mídias à desinformação, sendo necessário criar alguns mecanismos para que se saiba como agir no caso de uma falsa notícia lançada por uma autoridade pública de forma dolosa para ganhar benefícios, seja ele em relação a uma eleição ou fora dela. Além disso, o caráter educativo da população é muito importante para esse combate.
“Então com esse “tripé” e mais alguns pontos, como a questão tecnológica e acesso à educação em geral, acho que a gente consegue mitigar o problema das fake news, mas não vamos acabar com elas”, reflete Matsuki.
Por Milena Dias
Foto: Pedro José
