Discussões políticas sempre mexem com as emoções das pessoas antes e até depois de cada período eleitoral. Porém, as eleições deste ano de 2018 foram diferentes. Muita polarização por parte dos dois lados. Também houve muitas discussões acaloradas nas redes sociais e até mesmo dentro das famílias, havendo brigas sérias e separações por motivos políticos. E, dentro desse cenário, quem pode sair prejudicado são as crianças.
Entenda como funciona a política para crianças (publicação da EBC)
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“Elas veem e ouvem os pais discutindo e muitas vezes brigando por causa de política e acabam absorvendo questões que não deveriam ter absorvidas naquele momento e acabam levando isso como certo e formam suas opiniões e seus valores éticos a partir disso”, afirma a psicóloga Ana Maria Silva, especializada em atendimentos do público infantil
Ana Silva afirma que “as crianças recebem o modelo dos pais na questão das atitudes e ações e que é muito importante que elas recebam os valores e crenças para a formação da estrutura da personalidade”. A psicóloga explica que “assuntos políticos ligados à assuntos adultos não são adequadas para que as crianças ouçam”. Ela acrescenta que “assuntos ligados à ética,responsabilidade e comunicação devem ser discutidas de acordo com a idade da criança, obedecendo a linguagem adequada para aquela idade”.
Votação na escola
Como tratar de eleições para crianças a partir de seis anos de idade. A pedagoga Nilza Alvim, que trabalha na direção da Escola Classe 206 Sul, localizada na região central de Brasília, explica que a política na escola foi inserida na ideia de que as crianças votassem em qual combinação de lanche gostariam que fosse servida no momento do intervalo.
A educadora conta que todos os alunos da escola participaram da votação, inclusive os ainda não alfabetizados, onde escolheram através de desenhos, a combinação desejada. Para ela, a estratégia adotada pela escola ocorreu de forma leve e acessível, uma vez que as crianças de 6 anos e as com necessidades especiais também puderam participar. Ela defende também a importância desse tipo de atividade nas escolas em uma forma de ensinar que o voto além de importante, é a única maneira democrática de manifestarmos nossa vontade, mas que em uma situação adversa é necessário aceitar a vontade do outro também. Ouça aqui
Para a pedagoga Meire Leite, é necessário entender que a criança já possui uma orientação política por ser um ser social. Essa “preferência” é elaborada a partir do convívio com familiares e por influência dos meios midiáticos. Ela acredita também que as escolas podem sim abordarem temas sobre política, visando no entanto a construção de uma cidadania e a valorização do respeito e da cooperação. É correto afirmar, segundo a pedagoga, que a infância é um dos períodos de maior aprendizado e que neste período a personalidade de cada indivíduo começa a ganhar cada vez mais evidência, dessa maneira a pedagoga afirma que os valores éticos podem ser construídos positivamente a partir de diálogos propostos pela escola e pelos familiares.
Por Diego Veiga e Eduardo Pimenta