Eleitores criticam a poluição eleitoral

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Panfletos, sujeira, bagunça. As ruas no Distrito Federal foram ocupadas pelos restos de campanha de candidatos nesse domingo (5). Contudo, os eleitores não estão satisfeitos com esse tipo de publicidade eleitoral. O Serviço de Limpeza Urbano (SLU) informou que recolheu 30% a mais de lixo após o dia de votação.

A catadora de lixo Ariana Érica Silva, de 33 anos, reclamou que a propaganda eleitoral jogada no chão prejudica muito o trabalho dos garis. Segundo a trabalhadora, atitudes como esta mostram a falta de valorização e de reconhecimento do serviço prestado pelos garis nas ruas. “Eu acho que as pessoas deveriam ter mais educação, não sujar mais a rua, não jogar lixo, dar mais valor ao nosso trabalho”.

A estudante de pedagogia e moradora de São Sebastião Danúbia de Alcântara, de 19 anos, disse que o método de campanha se relaciona no modo pelo qual o candidato exercerá o mandato. Para ela, ao escolher um nome do lixo, o eleitor não reflete sobre as consequências de por essa pessoa no poder.  “A cidade fica horrível, fica tudo sujo. Então isso aqui é só um começo do governo deles, pela campanha deles […] Então olha quem você tá colocando no poder. Uma pessoa que você encontrou no lixo”.
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A vendedora Beatriz Andrade, de 26 anos, acredita que o santinho nas ruas desincentiva os eleitores a votar no candidato. Para a eleitora, o lixo da campanha é desnecessário. “É muita sujeira que deixa, não precisaria disso pra jogar lixo. Mas são todos, na verdade”.

Na internet

A sujeira repercutiu em redes sociais durante as eleições. No Twitter, a poluição eleitoral virou alvo de manifestações de internautas. @Bruno_Spies publicou “ridículo a sujeira que fica a cidade em época de eleição!”; @poxadavidanick disse “a eleição já começa sendo uma sujeira pelo fato dos políticos fazerem esses panfletos e a galera jogar no chão dps p gari recolher”. @goesgabs “nossa, me irrita muito época de eleição. É horrível o tanto de sujeira, papel, panfleto que fica jogado no meio da rua!”.

O jornalista mineiro @eloioliveira escreveu “mudei um dos meus votos na última hora por causa da sujeira deixada por um tal candidato. Se ele faz isso no dia da eleição,  imagina depois”. @flaviodomenico postou “um indício que pouca coisa mudará numa eleição é a permissão desta sujeira nas ruas e do gasto de papel absurdo e desnecessário”.

Além de comentários, usuários das redes sociais publicaram fotos das ruas de todo o país no domingo de eleição. O internauta @massao registrou imagens da bagunça nas ruas.

DSC_0306Boca de urna funciona?
O motorista de ônibus Maic Araújo, de 35 anos, discorda dessa estratégia de campanha. Para o condutor, os panfletos jogados no chão não influenciam no voto dos eleitores. “Fica uma nojeira. Fica um negócio muito complicado. Eu acho que eles, que os políticos deveriam ser multados”.O eleitor Valmir José considera a campanha com planfetos desatualizada. Segundo ele, esse tipo de propaganda não influencia mais o eleitor, além de poluir as ruas e o meio ambiente. “Lixo. Para mim não vale nada, eu nem olhei para o chão eu já tinha meus candidatos. Cheguei e votei com tranquilidade. Só influenciou a propaganda na web, cavaletes é coisa das antigas isso não pertence mais”.O morador de Taguatinga Douglas Léo, de 43 anos, afirmou que é ruim para a cidade esse tipo de campanha. Ele disse que a poluição na rua causa desânimo ao ir votar e que, para o eleitor, os candidatos deveriam ter vergonha ao incentivarem essa publicidade.Entretanto, Douglas Léo acredita que esse método influencia o voto dos indecisos. “Influencia porque a pessoa chega aqui indecisa pergunta o número, olha aqui e vai pegar. Isso aqui é justamente estratégia para influenciar o voto da pessoa”.O professor de publicidade Mauro Castro explica que os santinhos têm sim o poder de influenciar o eleitor no último momento de campanha, para reforçar o nome do candidato na hora do voto. Segundo o professor, os panfletos são ainda mais importantes como estratégia de campanha nas áreas de baixa renda, onde os eleitores têm menos esclarecimento político e, assim, são mais influenciáveis no momento da campanha. “Então a comunicação de última hora no momento do voto é fundamental dentro desse público de baixa renda, com baixo grau de instrução”.

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