A jornalista especializada em política Eliane Catanhêde, e a professora mestra em Ciências Políticas, Raquel Marinucci, participaram de uma entrevista coletiva, em que responderam questões sobre as eleições de 2014.
De acordo com Eliane, a eleição deste ano está sendo muito peculiar, devido a uma série de eventos surpreendentes. Um exemplo foi a morte do candidato Eduardo Campos no meio da campanha, que representou um grande choque para todos os eleitores.
Para Eliane, as pessoas que vão votar no segundo turno e precisarão escolher entre PT e PSDB, não devem pensar em partidos de esquerda e de direita. De acordo com ela, esses partidos têm visões e propostas políticas que os caracterizam como partidos centralizados politicamente. “Eu sou muito otimista em relação à política brasileira”, explicou Eliane. “A sociedade, agora, precisa decidir em qual o candidato votar, para trazer mais avanços.”
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Eliane acrescentou, ainda, que nunca se deve pensar em política com certezas. “O que move a eleições são as dúvidas que a cercam”, explicou. “Muitas vezes a população perde o interesse pela política e fica descrente com o poder legislativo. Por isso, acaba votando em candidatos como Tiririca”. Eliane explicou que isso acontece porque essas pessoas não confiam mais na justiça, por pura descrença no sistema eleitoral.
A professora Raquel Marinucci contou, no entanto, que nem todos os votos em pessoas públicas acontecem por pura descrença da sociedade. Para a professora, ainda existe uma grande parte da população que tem opiniões contrastantes em relação a questões como direitos humanos. Isso se reflete dentro do Congresso, quando candidatos com ideias muito conservadoras são eleitos. Para Raquel, isso é um retrocesso para a sociedade, já que algumas minorias acabam tendo seus direitos ignorados.
“As redes sociais podem ser uma porta de entrada para trazer à tona importância da comunicação”, disse Raquel. Ela explicou a importância das discussões durante as eleições. “Eu acho que ditadura é o que se tem quando ninguém discute.”
Por fim, Eliane explicou que quem move o mundo são os jovens. Para ela, é essencial que exista uma conexão entre os jovens e a política. “Quando eu vi que grande parte dos jovens se recusou a tirar o título (de eleitor) fiquei triste, pois eles são mais críticos, mais intuitivos. Um país que não tem uma juventude crítica e provocativa, é um país que envelhece”, comentou. “O jovem e a política tem tudo a ver. A gente tem que resgatar a vinculação entre esses dois motes de novo mundo que queremos criar.”
Por Bruna Goularte