O ex-senador democrata dos Estados Unidos, o professor Rodger Randle, que está no Brasil para eventos em Brasília, afirmou que a política externa daquele país só lida com os países da América Latina quando é conveniente para interesse norte-americano. Para o ex-parlamentar, a eleição do presidente Donald Trump agrava essa situação e mostra que ele foi eleito devido à “alienação de grande parte” da população. Randle, no início da carreira, fez parte do “Corpo de Paz” norte-americano no Brasil na década de 1970.
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Ele explica que a política externa dos EUA com os países da América Latina acontece dessa forma desde o passado, a exemplo da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial e na Guerra Fria.
“Os políticos são reféns do financeiro”
O professor comenta que os Estados Unidos é um dos países mais corruptos do mundo. Para ele, a política norte-americana é muito ligada ao dinheiro. “[Nos EUA], se compra poder”, critica e afirma que isso é uma ameaça à democracia.
No Brasil
Embora não se sinta “confortável” para falar sobre o momento político no Brasil, o ex-senador explica que o aumento do debate acerca da corrupção do país é um indicativo de mudança. “Os políticos mudam mais devagar que o povo. O que parece deprimente hoje é, na verdade, um sinal de saúde”, argumenta.
Para ele, as elites do país pensam no Brasil como a família real pensava na época colonial, ou seja, a classe política, de forma corrupta, governa de forma irresponsável. “O Brasil nunca saiu da era colonial”, explica e acrescenta, “A corrupção, no Brasil, hoje em dia, pode ser maior do que antes, mas sempre existiu”.
Mesmo com o otimismo para um futuro político melhor para o país, ele lembra que, para ele, a maior parte da mudança tem que vir por parte dos políticos. “Temos que ver se os políticos vão ser competentes para mudar o país e governar pro povo”, disse.
“Ao invés de perguntar por que os outros países estão ignorando a importância do Brasil, vamos perguntar por que o brasil está ignorando a sua própria importância”
Para o político, uma forma de quebrar essa relação de neocolonialismo do Brasil com outros países é demonstrar a relevância do país para o resto do mundo. “O Brasil tem um grande poder de agricultura que, com a mudança do clima, vai ser muito importante para o mundo”, afirma. Ele acredita que os políticos têm que investir na estrutura agrícola para que o Brasil possa se reafirmar enquanto relevante para os outros países.