Alimentação pode provocar alterações hormonais, alerta nutróloga

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Desreguladores ou disruptores endócrinos são substâncias químicas que não se apresentam de forma natural no organismo e que podem ser encontrados em alimentos. Eles podem interferir na ação dos hormônios e até causar alterações no sistema endócrino, conforme apontam pesquisas no assunto. Os efeitos causados por esses desreguladores podem demorar para aparecer ou até mesmo surgir em uma próxima geração,  explica a médica nutróloga Camila D´Avila. São compostos que provocam variados danos à saúde humana, podendo causar, por exemplo, precocidades no ciclo hormonal feminino.

Confira abaixo exemplos de desreguladores e onde são encontrados

Bisfenol A: é encontrado em alguns tipos de plástico e no revestimento de algumas embalagens. Seu uso na composição dos bicos de mamadeiras infantis foi banido no Brasil em 2011, mas ele ainda está presente em outros recipientes. Pesquisas acusam que esse composto atua nos receptores do hormônio feminino estrógeno e simular suas funções, produzindo um estímulo excessivo de estrogênio e provocando a puberdade precoce por exemplo. Em gestantes, eles podem afetar não apenas a mulher como também o feto, que pode ter má formação após o contato com esses compostos como foi comprovado em um estudo feito em 2004/2005.

Até mesmo a água pode conter esses disruptores devido à grande quantidade de microplásticos que são decompostos nela e apenas a sua filtragem não é o suficiente para eliminar tudo.

Químicos Perfluorados (os PFAS): presentes em panelas antiaderentes, são produtos que são acumulados em nosso corpo e incapazes de se decompor na natureza, fazendo com que esses químicos se mantenham e sejam passados para todos os níveis da cadeia alimentar. Eles são associados a danos no sistema reprodutivo. Um estudo do C8 Science Panel avaliou todas as prováveis relações dos PFAS e os danos à saúde.

Dioxinas: encontradas em pesticidas, como o DDT, e são subprodutos de técnicas de branqueamento de papel e da produção do cloro. Produtos que passam por branqueamento como o filtro de papel do café, absorventes internos e o papel toalha podem liberar dioxinas. Em pesquisa feita pelo Department of Ecology do estado de Washington nos Estados Unidos, foi mostrado que pessoas que consomem grande quantidade de carnes e laticínios também tendem a estar mais vulneráveis à esse químico pois, em animais, as dioxinas tendem a acumular-se mais em tecidos adiposos. No organismo feminino, a dioxina pode provocar má formação do feto, mutações genéticas e alterações nos receptores de estrogênios, induzindo ou bloqueando a produção desses hormônios.

Agrotóxicos: boa parte dos agrotóxicos são lipossolúveis, ou seja, são solúveis em meio à gordura corporal. As mulheres são as mais prejudicadas por esses compostos por possuírem naturalmente maior quantidade de tecido adiposo do que os homens. Esses tóxicos podem desregular o sistema endócrino e já são associados à puberdade precoce pois vários deles possuem hormônios que podem simular os efeitos do estrogênio. “A mulher naturalmente tem menos músculo e quanto menos músculo menor é o metabolismo. Mulheres nascem com menos testosterona, o que influencia na questão do emagrecimento e no nível de ganho de massa muscular”, explica a médica nutróloga Camila d’Avila.

Camila alerta que o flúor também pode ser considerado um vilão à saúde, quando usado em excesso. Presente na pasta de dente, ele também está na água e é um composto que compete com o iodo dentro do corpo humano. O iodo é necessário para que ocorra a síntese e liberação dos hormônios T3 e T4 produzidos na glândula tireoide, hormônios que controlam o metabolismo. O flúor é ingerido em doses pequenas, porém é ingerido todos os dias. Ele é absorvido pelas mesmas vias que o iodo, havendo assim uma competição entre eles. Se um indivíduo passa a absorver mais flúor e menos iodo, a tendência a ter complicações na tireoide aumentam.

Soja: utilizada como uma forma alternativa de proteína por intolerantes à lactose e em dietas vegetarianas, a soja pode trazer diversos malefícios à saúde. O grão possui fitoestrógenos que simulam hormônios responsáveis pelos caracteres sexuais físicos femininos. Em crianças, o consumo em excesso desta leguminosa pode ocasionar menarca e puberdade precoce em meninas e desenvolvimento incorreto dos caracteres sexuais em meninos.

Há uma preocupação ainda maior com crianças pequenas e até mesmo fetos em contato com essas substâncias por estarem em período de mudanças em seus órgãos e  sistemas. Além disso, a produção e o desenvolvimento dos hormônios em suas fases iniciais podem acarretar em disfunções mais graves e permanentes no desenvolvimento do indivíduo no futuro.

Por Camila Demienzuck

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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