Você está preocupado com o dia da votação das eleições gerais no Brasil? Na expectativa pelos resultados da apuração? Pode ser um sentimento normal, mas também trazer à tona um sentimento que tem nome: ansiedade pré-eleitoral, e que pode ser diagnosticada.
Segundo a psicóloga Marina Pacheco, pesquisadora em desenvolvimento humano e teorias psicanalíticas e história do Brasil, é possível reconhecer esse problema e compreender as consequências.

Grupos suscetíveis
De acordo com a psicóloga, não há uma faixa etária específica para ter o problema. A ansiedade perpassa diversos grupos, por conta das tensões geradas. “Ter ansiedade diante de uma eleição é algo normal, já que o futuro do nosso país está sendo decidido, ou seja, é desejável que haja uma certa e diante disso, pois não é algo banal.”
A especialista acrescenta que nessa reta final a ansiedade piora ainda mais, pela ansiedade da expectativa. “A ansiedade da expectativa vem pelo desejo da realização e pelo medo da frustração”.
Ela acrescenta que algumas pessoas, investidas emocionalmente com o cenário político, devem estar experimentando uma alta na ansiedade nesses dias finais que antecedem a votação. Mas mesmo aqueles não tão envolvidos devem experimentar uma maior tensão agora.
Consequência
Marina Pacheco diz que o que prejudica o psicológico da população não é a eleição. “Poder votar é direito conquistado com muita dificuldade. Então ser participante de um processo eleitoral, ir às urnas, na verdade contribui com nossa saúde mental.”. Mas sim, a angústia de ser excluído. “ É polarização que nos divide e nos enfraquece, é o caminho da violência que o processo eleitoral está seguindo. Isso amedronta e adoece”.
Para as pessoas que possuem ansiedade e são mais preocupadas com esse assunto e/ou estão inseridas no ambiente político, há um afeto maior diante das eleições. “Uma mobilização maior das emoções, e, consequentemente, uma maior ansiedade diante do cenário eleitoral”, explicou a psicóloga.
Como evitar
A psicóloga alerta que a ansiedade em si não é ruim, principalmente diante desses eventos importantes. “O problema é quando a ansiedade está crônica e com o foco constante no medo”. Nesses casos, é importante investigar e refletir sobre as propostas, entender o que cada candidato representa.
“Reconhecer a parte que nos cabe sem nos perdermos em rivalidades e agressões pode ser o caminho para uma eleição respeitosa e menos ansiosa”, expressou a especialista.
Por Maria Clara Britto
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira