Apenas 20 anos depois da publicação de normas, diretrizes e recomendações da Organização Mundial de Saúde que desencorajam o uso da cesárea e apoiam o atendimento humanizado ao parto, o Brasil conseguiu estabilizar o número de cesarianas que crescia desde 2010. De acordo com informações do Ministério da Saúde, a taxa de cesáreas caiu 1,5 pontos percentuais em 2015. Em 2016, a tendência de estabilização se manteve com o mesmo índice de 55,5%. Em comemoração ao marco, o país anunciou novas diretrizes de assistência ao parto normal, que definem o parto seguro e concedem à mulher a opção de definir o plano de parto.
As práticas de humanização já fazem parte da atenção ao parto normal desde 1996, quando foram publicadas pela OMS e já integraram materiais no próprio Ministério. Contudo, os resultados colhidos até aqui não foram animadores. O país figura entre os que mais realizam cesáreas no mundo. No Distrito federal o índice da cirurgia excede 45%, de acordo com dados da CODEPLAN de 2015.
Investigação
Diante desse quadro, o documentário de rádio “CAMINHOS DA HUMANIZAÇÃO DO PARTO NO BRASIL E DISTRITO FEDERAL”, de Aline Rocha do Valle, busca apresentar por que mesmo depois de quase 20 anos da implementação de políticas e práticas que buscam a humanização do atendimento obstétrico, o país continua entre os líderes mundiais em cesáreas – fator contrário ao parto humanizado, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Além disso, discute quais motivos levam aos altos índices da cirurgia em Brasília. Na capital federal, esse número é especialmente alto entre mulheres com maior nível de escolaridade que preferem a cesárea ao parto normal, de acordo com dados da CODEPLAN.
O radiodocumentário também explora como as normas e diretrizes que regem a humanização do parto no Brasil foram implementadas no Distrito Federal por meio de depoimentos de profissionais de saúde (médicos e enfermeiras obstétricas), antropólogos, além de mulheres que passaram pela experiência do parto nos últimos 20 anos.
As informações e depoimentos foram coletados durante o primeiro semestre de 2017, durante a execução do Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo da autora, e serão divulgadas em forma de documentário de 26 minutos de duração que aborda os seguintes tópicos: a) trajetória do parto normal no Brasil b) o parto humanizado no Brasil e no Distrito Federal; c) a cesárea (indicações, cultura); d) a Casa de Parto do Distrito Federal e a humanização; e) diretrizes do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde.
Por Aline Rocha do Valle
Orientação e supervisão de Katrine Boaventura