No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima 66.280 novos casos de câncer de mama entre os anos de 2020 e 2022, sendo considerado o câncer mais letal dentre os outros.
A servidora pública Maisa Toledo, 46 anos, em novembro de 2019, quando foi realizar uma cirurgia plástica de redução das mamas, foi diagnosticada com câncer. Devido a identificação precoce da doença, evitou que a situação fosse mais crítica. “Não fosse eu querer fazer a cirurgia plástica, não teria descoberto”, relembra Maisa.
A oncologista Elisa Cettro diz que é importante realizar o diagnóstico rápido. “Quando o câncer de mama é detectado em seus estágios iniciais, as chances de sucesso no tratamento giram em torno de 95%. Fazer exames de rastreamento regularmente é a maneira mais confiável de detectar o câncer de mama precocemente”, afirma Elisa.
O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células anormais, formando um tumor com potencial de invadir outros órgãos do corpo. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, para os anos de 2020 até 2022, possuam 66.280 novos casos da doença. O câncer de mama feminino é o mais frequente em todo o Brasil.
Ela também afirma que há diversas formas de tratamento. Dentre elas, cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia, imunoterapia e drogas-alvo. Ela acrescenta que depende das particularidades do paciente para saber qual a melhor forma de tratar.
Maisa conta que, por conta da descoberta do câncer, foi necessário retirar as duas mamas, onde passou por cirurgia plástica, e reconstruir os dois seios. Ambas cirurgias, tanto a de retirada e a de reconstrução, foram feitas juntas. No término do procedimento, seus mamilos começaram a escurecer, entrando em processo de necrose, já que o risco de perda deles por necrose é muito alto. Após 20 sessões, a situação foi controlada.
Mais luta
Surpresa com o resultado, a funcionária pública ficou triste por saber que teria de enfrentar mais operações, além de desfazer a cirurgia plástica que havia realizado. Porém, o pior para ela foi a incerteza sobre a vida, que após a saída do exame, uma “nuvem” fica em cima de sua cabeça para sempre, sendo uma doença angustiante para quem foi diagnosticada.
Não foi somente o físico que foi afetado, mas também o psicológico. Mesmo sem precisar de quimioterapia, todo o processo foi sofrido por conta das diversas cirurgias. “O impacto é imenso em todas as áreas. Primeiro como mulher, pois fui submetida a uma mutilação do meu corpo, fiquei deformada por meses, passei por várias cirurgias de reconstrução até atingir um formato de seio mais parecido com o normal. Isso afeta as mulheres de forma muito profunda, afeta a segurança, afeta a feminilidade, afeta a sexualidade…”, conta a funcionária pública sobre o quanto foi difícil para o psicológico.
“Não queria que pensassem que a mãe ia morrer”
Mesmo com todo o impacto que o câncer lhe trouxe, Maisa teve que se mostrar forte para seus filhos. “Os filhos eu procurei preservar o máximo possível, não queria que eles pensassem que a mãe deles poderia morrer. Então, além de tudo que eu estava passando internamente, ainda tinha que arrumar forças para parecer forte e tranquila para eles. Acho que consegui”, diz Maisa, orgulhosa de si mesma.
Para as demais mulheres com câncer de mama, Elisa Cettro diz que é normal o sentimento de insegurança, incerteza e medo sobre o diagnóstico, já que ele traz pesos de carga física, emocional e social. Porém, com o avanço da ciência, o tratamento é muito mais eficaz, possibilitando que as mulheres tenham vidas longas e saudáveis após esse período de tensão.
“Fatores de risco para o câncer de mama têm relação com estilo de vida”, diz oncologista
A oncologista Elisa Cettro explicou que nos estágios iniciais do câncer de mama, a doença pode não causar nenhum sintoma, mesmo que muito pequeno para ser sentido, ele ainda pode ser visto na mamografia. Abaixo, a especialista explica todos os detalhes sobre os sintomas e a doença.
Confira aqui trechos da entrevista:
Quais sintomas as pessoas devem se atentar? Desde os mais aos menos aparentes.
Em seus estágios iniciais, o câncer de mama pode não causar nenhum sintoma. Em muitos casos, um tumor pode ser muito pequeno para ser sentido, mas uma anormalidade ainda pode ser vista em uma mamografia.
Se um tumor pode ser sentido, o primeiro sinal é geralmente a palpação de um novo nódulo que não existia antes na mama ou na axila. Outros sintomas podem incluir inchaço e vermelhidão na mama, alteração da textura da pele, inversão ou eliminação de secreção ou sangue pelo mamilo.
Quais são as principais causas do câncer de mama?
A origem do câncer de mama é multifatorial, ou seja, existem vários fatores de risco implicados em seu surgimento. Um fator de risco é qualquer coisa que aumente as chances de desenvolver a doença. Existem os fatores de risco modificáveis, que são aqueles que podemos intervir, diminuindo a chance do surgimento do câncer, como evitar o sobrepeso e obesidade, o sedentarismo, o consumo de álcool e tabaco; e há também os fatores de risco não modificáveis, que são aqueles sobre os quais não somos capazes de atuar, como herdar uma mutação genética, que consiste em um defeito no DNA, herdado no momento da concepção, o fato de nascer no sexo feminino e o envelhecimento.
O que pode aumentar os riscos da pessoa contrair o câncer?
Grande parte dos fatores de risco para o câncer de mama está ligada ao estilo de vida. Alguns desses fatores podem ser controlados ou até eliminados por meio da adoção de hábitos e atitudes saudáveis.
Crescem as evidências de que o sedentarismo, obesidade, dieta rica em gordura saturada, consumo de bebida alcoólica e o tabagismo estão entre alguns dos fatores que aumentam o risco de câncer de mama. Fatores hormonais também estão implicados no desenvolvimento da doença, tais como ocorrência da primeira menstruação em idade muito jovem (menor de 12 anos), menopausa tardia (maior de 55 anos), não gestar, não amamentar, uso prolongado de anticoncepcional e terapia de reposição hormonal.
Por Torgan Magalhães
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira