O câncer é a doença que mais mata jovens de 15 a 29 anos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). A cada ano a estimativa aumenta. Só em 2016, cerca de 600 mil pessoas se tornaram casos novos de câncer no Brasil. Com isso, a busca por tratamentos e medicamentos mais eficientes é uma constante na área da saúde. O número de pesquisadores brasileiros que estudam o tema chama a atenção. Segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ao todo 655 grupos de pesquisa estudam o câncer e seus desdobramentos em mais de 1.270 linhas de pesquisa diferentes.
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O pesquisador Diêgo Madureira conta que atualmente os medicamentos que são desenvolvidos para o câncer são genéricos, ou seja, devem servir para todo tipo de câncer. Portanto ele explica que a tendência nos estudos agora é outra. “Cada tumor é único. Mesmo que você tenha um tumor que tenha o mesmo nome, a mesma classificação de uma outra pessoa, aquela doença é completamente diferente, a biologia dela é outra e nem sempre tumores do mesmo tipo respondem da mesma forma a um medicamento. Então hoje, se estuda muito a questão da heterogeneidade, como a gente pode desenvolver medicamentos ou formas de tratamento específica para cada doença, com suas particularidades”, conta.
Pílula do câncer
Desde o ano passado o debate sobre a pesquisa em câncer foi fomentado pelo episódio da pílula do câncer, um medicamento desenvolvido pelo professor aposentado, Gilberto Orivaldo Chierice, do Instituto de Química da USP de São Carlos. O caso ganhou destaque dentro e fora do país., ainda mais depois que a ex presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei que permitia a fabricação e distribuição da pílula. A decisão rendeu muita discussão e depois de muitas idas e vindas na decisão do judiciário, o próprio instituto de pesquisa da faculdade suspendeu a inclusão de novos pacientes por conta do insucesso do medicamento.
Para o farmacêutico, haveria outras substâncias que seriam mais importantes e mais eficiente do que a fosfoetanolamina sintética, composto químico presente na ‘pílula do câncer’. “Eu posso listar aqui pelo menos cem outros compostos que já foram publicados na comunidade científica com atividade igual ou superior a da fosfoetanolamina mas que não chegaram ainda nos testes clínicos. O critério que se usou para tentar fazer um teste clínico com a fosfoetanolamina foi a repercussão social, foi uma questão mais política. então não é que não deva ser feito é que na hora de priorizar entre as várias moléculas possíveis, certamente ela não estaria no topo da lista, existem outras mais interessantes.”, afirma.
Por Alice Leite