Casa de Parto no DF: mães explicam o que significou o procedimento “humanizado”

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Elas dividem sonhos. Mães que se preparam para um encontro que muda a vida em questão de segundos. O anseio por um parto memorável e da forma mais humanizada possível é o desejo de toda mulher. Nesse caminho que traçam, todas desejam que o nascimento de seus filhos seja uma experiência de respeito e celebração da força do corpo feminino.

A enfermeira Jéssica Peixoto, que é obstetra e emergencista explica que o parto humanizado é o atendimento que se baseia no acolhimento, escuta e protagonismo da mulher durante todo o processo do parto. Segundo ela, é comum que muitas pessoas entendam que o parto humanizado é um tipo de parto, e muitos associam a mãe ter o bebê dentro da banheira. No entanto, a enfermeira afirma que não se trata disso e que é preciso desconstruir esses pensamentos. 

Jéssica explica que embora seja importante respeitar a escolha da mãe, é fundamental que as gestantes busquem se informar sobre o tipo de parto que desejam fazer. “Para ela saber se a cesárea é realmente a melhor escolha, ela teria que ter uma noção sobre os reais casos necessários em que a cesárea é cabível”, afirma. 

Ela salienta que a informação deve ser introduzida desde a primeira consulta sobre o planejamento familiar. “Se nós, como profissionais, fizermos um pré-natal humanizado e respeitoso, oferecendo informações pertinentes sobre a saúde dessa mulher, com toda certeza ela saberá quando o médico estará ou não impondo uma cesárea a ela”, esclarece a especialista.

Enfermeira e supervisora da Casa de Parto, Luciana Moreira explica também que a mulher tem liberdade de caminhar, de se alimentar conforme o que for mais saudável, e pode contar com a presença do acompanhante de escolha. Durante o parto, a mãe tem o poder de decisão. “Na hora do parto, ela tem essa liberdade de escolher a posição do parto dela, então ela pode ter o parto na água, ela pode ter o parto sentada, mais verticalizada”, afirma Luciana.

O parto humanizado é uma forma de respeitar a decisão da mulher. Foto: shutterstock

Segundo a Secretária de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) todos os hospitais da rede pública do DF prestam assistência humanizada independentemente do tipo de parto. A Secretária reforçou que todas as redes públicas prezam atender de forma humanizada, e existem medidas que devem ser tomadas na prestação de atendimento às pacientes como: 

  • Garantir o direito a entrada do acompanhante durante o parto e puerpério;
  • Curso de atualização em Boas Práticas Obstétricas e Neonatais.

Além disso, os profissionais de saúde que atuam nos centros obstétricos devem seguir os protocolos do Ministério da Saúde, que incentiva o parto humanizado livre da violência obstétrica.

Casa de Parto de São Sebastião

O nascimento é o ponto de início da vida. Ao longo dos anos foram desenvolvidos métodos e intervenções de forma excessiva. Hoje em dia, mães como: Rafaela, Jaciara, Danielly e Vani buscaram os métodos mais naturais e sem intervenções desnecessárias para dar à luz, em um local que oferece amparo para as mães durante o pré-natal, parto e pós-parto. É aqui que nossas histórias começam.

Leia reportagem especial da Casa de Parto

É em São Sebastião, no Distrito Federal, que está localizado o único local público onde são realizados partos normais. A Casa foi fundada em 2001, mas foi a partir de 2009, por decisão da SES-DF, que os médicos e enfermeiros que trabalhavam no local foram distribuídos para outras redes de saúde. 

Desde então, apenas enfermeiros obstetras e técnicos de enfermagem são responsáveis pelos partos. A equipe oferece atendimento às mulheres que desejam ter o parto normal, focando no respeito e na escolha das mães.

Luciana explica que o local foca em atender mães com gravidez de baixo risco. “Nós temos um protocolo e é por ele que vamos definir quais são as pacientes que vão ter o bebê, se a mãe atender os critérios do protocolo, ela pode ter o bebê aqui”, afirma. Porém, caso a mãe esteja em trabalho de parto, e não esteja dentro dos critérios de protocolo ou esteja correndo riscos, os enfermeiros da Casa de Parto transferem as pacientes para o Hospital do Paranoá, que é a rede hospitalar mais próxima. 

De acordo com ela, a Casa é um Centro de Parto Normal (CPN) e funciona como se fosse um “pedacinho” do Hospital do Paranoá. São feitos em média 40 partos por mês. A Casa de Parto é uma unidade da SES-DF e a Rede Cegonha é um programa que faz parte da secretaria que garante o atendimento de qualidade, seguro e humanizado para todas as mulheres.

A estrutura

Ao entrar, me deparei com uma mulher, era segurança da Casa de Parto, me apresentei e fui informada que a supervisora do local já iria me atender para começarmos a entrevista. Durante a espera, observei que atrás da mulher havia um corredor com 4 salas que é onde as mães são acolhidas para realizarem os partos. Luciana me mostra as salas. Todas são iguais. Elas possuem camas, banquetas, bolas e em um dos quartos possui uma banheira onde são feitos os partos na água.

Atendimento

Em um mural que fica em frente ao balcão de atendimento da Casa, estão coladas fotos de mães sorridentes com seus filhos no colo, e acompanhadas pelos parceiros. São lembranças que tomam lugar nas paredes da Casa. 

Além disso, existe um espaço feito pelas próprias enfermeiras da Casa onde as mães podem caminhar e amamentar seus bebês logo após o parto. Nas paredes estão escritas mensagens de agradecimento das mães e de carinho à equipe de enfermeiros e técnicos pelo cuidado que receberam durante o atendimento. O espaço composto por plantas, pinturas e escritas nas paredes é de paz e acolhimento.

A supervisora explica que para ter o bebê na unidade, a paciente precisa seguir com os protocolos oferecidos pela Casa. Então a mãe precisa ter consultas de pré-natal, as taxas dos exames precisam estar normalizadas, a mãe não pode ter diabetes e o bebê precisa estar na posição certa para nascer.

Luciana afirma também que a mãe precisa estar em fase ativa de trabalho de parto – é quando as contrações ocorrem em intervalos curtos e de forma intensa. “Ela vai se acompanhada de tempos em tempos para ver como é que tá a evolução daquele trabalho de parto e ver se está tudo bem. E aí vai evoluindo até o nascimento do bebê”, explica Luciana.

Logo após o nascimento do bebê, a Casa de Parto permite que a mãe seja a primeira a ter o contato pele a pele com o bebê durante 1 hora porque é ali que será criado o primeiro vínculo e além disso, estimula a amamentação. O acompanhante também tem direito de cortar o cordão umbilical. Após este vínculo ser estabelecido, os médicos realizam os primeiros cuidados.

A enfermeira explica que no pós-parto, mãe e bebê recebem a atenção necessária até a saída da Casa. A observação dura em média 26 horas, mas caso haja alguma complicação, a atenção é prolongada até a alta dos pacientes. De acordo com Luciana, durante este período os médicos fazem testes do pézinho e do coraçãozinho do recém-nascido, além de avaliarem a mãe e garantir que ela consiga cuidar e amamentar o seu bebê em casa.

Ela ressalta que após a paciente receber alta, elas são recomendadas a levar o bebê à Unidade Básica de Saúde (UBS) para que seja feita uma avaliação completa do recém-nascido. Além disso, a unidade conta com um posto de coleta de leite humano, o espaço oferece apoio às mães que tiveram seus bebês na Casa de Parto e para aquelas que não tiveram. “A gente faz todo esse acompanhamento de bebês com dificuldade ou ganho de peso ou até gestante quiser vir para orientação”, diz.

Houve uma época em que as mães de todas as regiões do DF eram atendidas. Luciana diz que por decisão da Secretaria de Saúde, a Casa passou a atender apenas as mulheres da região leste, abrangendo locais como: São Sebastião, Jardim Botânico, Paranoá, Jardins Mangueiral e Itapoã. “Tinha uma época em que a mulher ficava peregrinando, ela chegava no hospital não tinha vaga lá, ia para outra. Então eles fizeram isso para que a mulher tivesse garantia que na região dela ela tivesse o nascimento do bebê”, afirma.

“Agradecemos de coração à todos da equipe Casa de Parto”. Mensagem de um pai marcada nas paredes do local. Foto: Giulia Rodrigues.

“Eu gostaria de parir lá”

Rafaela com seus filhos, Thor e Maitê. Foto: arquivo pessoal

Começou em 2014. Rafaela Rodrigues mal sabia que a Casa de Parto de São Sebastião faria parte da história de sua vida. Rômulo Fiuza, marido de Rafaela, na época estava fazendo curso técnico de enfermagem e foi fazer estágio na Casa de Parto. Ao chegar em casa, comentou com a esposa sobre o local. 

O marido descrevia a Casa e ela imaginava como seria o local. “Imaginava uma casa dentro de um lugar cheio de plantas e árvores. Afastada da agitação da cidade”. Durante a conversa explicou que naquela época nem passava pela cabeça em ser mãe, mas pensou que quando tivesse filho, com certeza seria lá.

Passaram-se dois anos. Rafaela descobriu que estava grávida do seu primeiro filho, o Thor, que hoje tem 7 anos. Finalmente havia chegado o tão esperado momento de ter o seu bebê onde sempre imaginou. 

Desde que engravidou, Rafaela, mesmo sendo acompanhada pelo seu plano de saúde particular, sempre informou ao seu médico obstetra que queria ter seu filho na Casa de Parto. Rafaela conta rindo que na época sua mãe não gostou da ideia da filha fazer o parto na rede pública de saúde.

Nascimento dos filhos

Foi em uma noite de sábado que tudo aconteceu, Rafaela estava em casa quando começou a sentir as contrações, ligou para doula que a acompanhou até a Casa de Parto. Chegou com 8 cm de dilatação (o que é insuficiente). Ela foi atendida por um enfermeiro, que fez todo o acompanhamento e a encaminhou para o quarto onde explicou as opções disponíveis para realizar o parto. Rafaela diz que sempre quis fazer o seu parto na banheira, mas naquele momento optou por escolher outro formato de parto para assim ter a companhia do marido.

O ambiente era de aconchego, e ao relembrar do acolhimento Rafaela sorri. Ela afirma que se tivesse feito seu parto em um hospital particular o atendimento seria diferente. “Eles – o hospital –  já tinham me enfiado numa cesárea, porque eu gritava. Eu não estava sabendo parir, e eu já tinha feito fisioterapia pélvica para aprender a fazer isso. Só que na hora tudo é diferente”, diz. 

Para ela, ter um parto normal e da forma mais respeitosa se tornou memorável. A mãe se emociona ao descrever o momento do nascimento do filho. “Foi do jeitinho que eu planejei, do jeitinho que eu pedi a Deus. E o que eu mais queria era que não tocassem em mim e nem no meu filho. Falei: deixa eu e meu filho se preparar para isso”, compartilha.

O parto de Maitê, filha mais nova de Rafaela não foi tão diferente, ela descreve o momento como se estivesse vivendo o primeiro parto. Deu entrada na Casa e foi acolhida desde que chegou. Ela conta que quase cometeu o mesmo erro que aconteceu no parto de Thor: segurar a dor – não fazia o expulsivo e ficava mais tensa na hora da dor. No entanto, a orientação da enfermeira fez toda a diferença. 

– Faz um expulsivo longo. – o expulsivo longo é um termo utilizado para fazer uma força intensa sem parar.

A instrução de enfermeira foi crucial. “A minha filha saiu, e foram duas contrações. Foi só esse detalhe dessa palavra que ela falou, que a minha filha saiu rapidinho. Então assim, no meu primeiro parto eu tive algumas instruções, principalmente na posição, e no meu segundo parto eu tive a palavra correta que fez a total diferença”, afirma Rafaela.

Economia e experiência

Segundo a Associação Médica Brasileira (AMB), o valor de um parto em um hospital particular custa em média R$ 15 mil. A mãe conta que a decisão de ter o bebê na Casa de Parto impactou significativamente na economia dela e do marido. “Como eu economizei, falei pro meu marido que economizamos muito. A gente gasta com plano de saúde, mas na hora sai mais caro”, comenta impressionada.

O obstetra e amigo do casal tentou convencer Rafaela de realizar o parto no hospital particular, mas sua decisão não mudaria de forma alguma. “Eu pari em menos de uma hora, a gente ia pagar R$ 9 mil para o médico e mais R$ 15 mil pro hospital”, conta.

Rafaela conta que teve seu parto acolhido e respeitado, e descreveu a humanização do parto como uma experiência incrível. “O clima na casa de parto não é pesado. Acho que isso também influencia muito na hora que você entra, não é aquele clima pesado de hospital. É um clima colorido e leve”, afirma. 

“O neném nascendo e recebendo aquele acolhimento, é algo novo que transforma”

Jaciara com o marido e seus filhos Vitor, Laura e Lívia. Foto: arquivo pessoal

Em 2020, Jaciara Soares realizou o sonho de ter sua filha Laura, hoje com 3 anos, na Casa de Parto. Uma surpresa maior surgiria no ano seguinte. Lívia, de 2 anos, também foi recebida ao mundo na Casa. O desejo de ter os filhos no local surgiu por conta dos relatos e experiências das primas e madrinha de Jaciara. No entanto, o parto de seu primeiro filho, Vitor, que hoje tem 10 anos, não ocorreu no local e nem da forma que sonhava.

Ela conta que o parto do Vitor foi completamente diferente do parto de Laura e Lívia. “Foi o sonho ganhar neném lá, só que aí do primeiro, infelizmente teve toda essa questão do parto ter um pouco de complicação. E aí não consegui ganhar lá”, afirma.

Para ela, a jornada do primeiro parto foi de acolhimento, mas a atenção que recebeu não se comparou com o atendimento recebido na Casa de Parto. O sofrimento do parto ficou na memória. “Eu ganhei o Vitor, ele não recebeu o primeiro contato comigo, só me mostraram e falaram assim: mãezinha nasceu”, contou.

Jaciara lamentou que após o nascimento do filho, não conseguiu ouvir o choro do bebê para saber se estava tudo bem. As enfermeiras do hospital apenas afirmavam que o bebê mostrava sinais de cansaço. 

“Só nasceu cansado, mas ninguém nunca chegou e deu uma posição. Então eu tinha que subir para enfermaria, depois da enfermaria nada dele chegar lá e aí eu recém-parida fui ver realmente o que estava acontecendo. Aí eu cheguei e vi a criança com um balão de oxigênio no nariz e o menino respirando com muita dificuldade”, indigna-se.

A vontade de chorar e o desespero tomaram conta ao ver o filho naquela situação. Hoje, após muitos anos do ocorrido, Jaciara pensa em como a experiência foi traumática e que ficará marcada para sempre.

Jaciara com sua filha Laura após o parto. Foto: arquivo pessoal

No entanto, o parto de suas filhas foram marcantes positivamente. Jaciara enfatizou que sempre indica a Casa de Parto para as outras mães e lembra da Casa com muito carinho. “Elas – as enfermeiras – foram muito cuidadosas, tanto com paciente quanto com a família, com quem tá acompanhando. Nossa, foi incrível” sorri. 

Jaciara diz que é muito importante a questão do apoio com a mãe e que esse comportamento dos enfermeiros faz toda a diferença. “Eu acho que é muito importante para uma mulher que tá ali naquela dor, o neném nascendo e recebendo aquele momento de acolhimento, é algo novo que transforma”.

“Acho foi um parto sonhado por qualquer mulher”

Danielly com Mélanie nos braços. Foto: arquivo pessoal

Essa é a fala de Danielly Nunes, de 24 anos, o primeiro e único parto trouxe lembranças inesquecíveis. Ela sonhava em ter um parto que não fosse tão agressivo. Perguntei a ela como foi o processo do nascimento de Mélanie, que hoje tem 2 anos, na Casa de Parto.

O cheiro de canela vindo da essência colocada pelos enfermeiros, luzes e músicas com toques calmos estavam presentes no momento. “Ali tinha começado a melhor experiência da minha vida, porque eles apagaram as luzes e eu pensei que ia ficar sozinha só com uma pessoa, mas tinha uma equipe de sete enfermeiros e o enfermeiro chefe começou a me dar as orientações do parto. eles apagaram as luzes colocaram uma luz quente fraquinha. O Felipe – marido – colocou a nossa playlist de música dos anos 70 e 80 e os enfermeiros adorando”, demonstrava felicidade na voz ao compartilhar a experiência. 

Sentir o calor da filha em seus braços mudou sua vida. A experiência de Danielly foi marcante positivamente comparada às histórias do parto de outras colegas e amigas. “Eu acho que foi um parto sonhado por qualquer mulher, eu não tive nenhuma complicação. Foi incrível, também estava no lugar certo e com as pessoas certas. Eu sou muito muito feliz”, diz.

Enfermeiras da Casa de Parto fizeram uma moldura com a placenta de Danielly. Foto: arquivo pessoal

Danielly é a filha do meio de seis irmãos. Foi a única que nasceu em uma casa de parto. A mãe queria que ela nascesse em Sobradinho, mas ficou surpresa ao saber que não teria tempo suficiente para chegar ao hospital. A enfermeira que acompanhou a mãe de Danielly afirmou que ela nasceria dentro de 30 minutos. O nascimento dela aconteceu também em uma Casa de Parto, localizada em Brasilinha, em Planaltina de Goiás.

O espaço presente na Casa trouxe a sensação de como se estivesse em seu próprio lar, o local a atendeu da melhor forma e de todas as maneiras possíveis. A experiência se tornou única. Hoje ela vive em Portugal e afirma que se engravidar futuramente gostaria que fosse na própria Casa de Parto ou em um local com o atendimento similar ao da Casa.

Danielly deixando a Casa de Parto junto com a filha e o marido. Foto: arquivo pessoal

“Eu me sinto uma mulher muito forte no sentido de já ter tido cinco partos normais”

Vani com sua família. Foto: arquivo pessoal.

O parto humanizado representa o poder de escolha, e a busca pelo conhecimento se torna essencial para entender o parto. Com confiança, as mães podem enfrentar qualquer obstáculo que possam encontrar na jornada do seu parto. 

Foi na pandemia de 2020 que nasceu o quarto filho de Vani Soares, o Théo. A maior preocupação do momento era sobre a questão de encontrar um lugar seguro para o parto. Conheceu a Casa de Parto por meio de uma amiga, que também teve o seu bebê no local. “Quando eu conheci o parto humanizado, eu inclusive dei depoimento para várias pessoas que tinham esse pensamento de: ‘eu não vou sofrer, eu vou atrás de uma cesariana’. E aí eu acabei convencendo delas conhecerem pelo menos o espaço porque cada mulher tem uma experiência diferente”.

Vani compartilha em nossa conversa que após a primeira experiência de ter o filho na Casa de Parto, fez com que algumas mães a procurassem para pedir informações sobre o local. Além disso, algumas enfermeiras observaram que ela era a pessoa ideal para divulgar sobre o parto humanizado e a convidaram para explicar sobre o tema. Ela explicou que muitas mães possuem receio do parto normal por medo de sofrer com as dores e acabam optando por realizar a cesariana.

Ela relembra o dia que deu à luz de Théo. A equipe composta por profissionais experientes na Casa de Parto fez com que Vani não tivesse sentido seu corpo invadido. Por compreender o assunto e sempre ir atrás de informações sobre a sua gravidez, fez com que suas experiências nos partos fossem positivas. Além disso, enfatizou a importância de conhecer o próprio corpo. “Quando a mãe não conhece o seu próprio organismo ou o seu próprio corpo ela acaba fazendo com que a médica ou quem tá ali orientando na hora do parto induza o parto”, diz.

Manter a calma e respeitar sempre o ritmo do corpo durante a gravidez e principalmente na hora do parto, foram foco das gestações de Kauan, Pietro, Yasmin, Théo e Noah, os 5 filhos de Vani. “É nesse momento que você tem que acalmar e esperar o processo, às vezes na hora do desespero da dor você fica tão fora de si que você acaba fazendo com que o profissional passe alguma coisa para te ajudar e às vezes isso não te traz benefícios”.

Para ela, a experiência dos 5 partos fez ela se sentir uma mulher forte. “Só de ser um parto normal para mim já era uma conquista. Porque tem mulheres que não conseguem por conta de alguma complicação, às vezes não tem passagem. Isso para mim foi uma das coisas que mais me impactou no sentido de força como mulher”, sorri. 

Vani diz que é importante buscar informações, mas também explicou que é sempre bom manter o equilíbrio para evitar preocupações que possam provocar ansiedades desnecessárias em relação ao parto. “Eu leio tudo sobre antes, sabe? É claro que eu não fico com aquelas neuras, de ficar procurando coisas que não existem. Aí você vai ficar louco, porque cada um tem um depoimento diferente, e você sente uma coisa achando que é outra”, afirma.

Na maioria das vezes, quando se fala sobre parto, a primeira coisa que aparece em mente é a questão da dor e o receio dela. Os médicos da Casa de Parto afirmaram para Vani que a chave é ter foco na posição em que o bebê vai nascer. “As pessoas costumam ficar dando muito foco na dor e no desconforto. A dor é forte e desconfortável, mas você precisa ter uma uma técnica para você ajudar o seu bebê nascer”, afirma Vani.

Ela afirma que em todos os nascimentos dos filhos, que ocorreram em diferentes hospitais, ela recebeu tratamento humanizado e suas decisões foram respeitadas.

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Por Giulia Rodrigues

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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